segunda-feira, 6 de abril de 2015

PUC-Campinas apura denúncia de racismo em curso de Direito

Cecília Polycarpo | cecília.cebalho@rac.com.br

No dia 27 de março, os estudantes postaram no grupo Direito PUC-Campinas, do Facebook, 'memes' com conteúdo racista
Foto: Reprodução/ Facebook
No dia 27 de março, os estudantes postaram no grupo Direito PUC-Campinas, do Facebook, 'memes' com conteúdo racista
 
A PUC-Campinas investiga denúncia de racismo feita contra alunos do curso de Direito. No dia 27 de março, os estudantes postaram no grupo Direito PUC-Campinas, do Facebook, memes com conteúdo preconceituoso e alusão ao grupo de extermínio de negros Ku Klux Klan, segundo a denúncia. As fotos foram postadas após uma aluna questionar a divisão por gêneros da aula de futebol e ser defendida por um estudante negro.

As fotos originais foram apagadas seis dias após a publicação, mas jovens indignados com as postagens imprimiram a página e divulgaram o conteúdo. Um dos memes tem um professor negro e um aluno branco sentado, com a mão levantada. O texto na foto fala: “Professor, poderia ser mais claro?”. Outra, com a imagem de um membro da Ku Klux Klan tem a frase “A tocha da Ku Klux Klan chega a tremer". Um terceiro meme tem uma mulher negra abraçada com membros da organização racista e diz “Nego perdeu a noção do perigo”. 
Foto: Reprodução/ Facebook
No dia 27 de março, os estudantes postaram no grupo Direito PUC-Campinas, do Facebook, 'memes' com conteúdo racista
No dia 27 de março, os estudantes postaram no grupo Direito PUC-Campinas, do Facebook, 'memes' com conteúdo racista
  
Na manhã desta segunda-feira (6/4), alunos ainda debatiam no grupo sobre a repercussão da denúncia. Enquanto parte considera a denúncia “exagerada”, outros apoiam as apurações. A postagem original das fotos recebeu cerca de 600 comentários. Um dos usuários disse: “(...)conheço vários e vários negros que não se ofenderam nenhum pouco com os memes e inclusive acharam graça de vários deles, existiram sim memes apelativos e sem humor algum, sim existiu, agora olha o ponto que chegou”. Já outra estudante respondeu no mesmo posto: “Ridículo, vergonhoso e desnecessário é esse racismo perpetuado pelos futuros aplicadores do Direito! Dessa maneira, à quem servirá a Justiça?” (SIC).

Uma das meninas que compartilhou o memê, A.P., de 22 anos, se defendeu dizendo que apenas reproduziu a foto porque “achou engraçada”. “Não acho que fiz errado, acho apenas que foi uma atitude infeliz. Vou pedir desculpa ao menino”. A. falou ainda que não fez nenhum comentário racista. “Metade da PUC fez comentários racistas. Eu não disse nada”. Ela se reunirá com a direção do curso para discutir o assunto. Segundo ela, a iniciativa de procurar a PUC para esclarecer o caso foi dela.

O Correio entrou em contanto com o estudante que fez a denúncia, mas ele não retornou até o fechamento desta edição. Em nota enviada ao Centro Acadêmico de Direito da universidade, ele afirmou que as piadas foram como “uma porta que se abria para uma imensidão de ódio, hipocrisia, racismo e covardia”. Ele disse ainda que se sentiu mal e com sensação de “impotência, de solidão e vergonha” depois de ver as piadas. “A história da minha etnia não é humor. As consequências sociais da nossa história não é um passatempo. Minha melanina não é motivo para hipersexualização. Não há graça nem humor em toda essa história e sim uma juventude problemática, hipócrita e cronicamente racista”, disse, ao final do texto.

Em nota, a universidade afirmou que “desencadeou processo para averiguação do ocorrido”. Informou ainda que o grupo não é gerenciado pela PUC-Campinas, que responsável apenas pelo endereço www.facebook.com/puccampinas.
Foto: Reprodução/ Facebook
No dia 27 de março, os estudantes postaram no grupo Direito PUC-Campinas, do Facebook, 'memes' com conteúdo racista
No dia 27 de março, os estudantes postaram no grupo Direito PUC-Campinas, do Facebook, 'memes' com conteúdo racista
 
Já o Centro Acadêmico do curso de Direito, publicou a seguinte nota oficial em sua página no Facebook: “MACHISTAS, RACISTAS, HOMOFÓBICOS, NÃO PASSARÃO!! O discurso de ódio disfarçado de “piada” e “brincadeira” naturalizou, deu aval e legitimou muitas atrocidades na história da humanidade. Assim, após diversas manifestações de racismo e discurso de ódio propagados em mensagens e “Memes” no grupo “Direito PUC-Campinas”, o estudante Fernando Morais resolveu não se calar e lançar uma nota, com apoio do Centro Acadêmico XVI de Abril – Núcleo de Combate às Opressões e coletivos autoorganizados da região de Campinas.
 
 
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