A Petrobrás incluiu em seu
balanço um capítulo à parte para explicar a abordagem adotada no ajuste
de ativos afetados pelo que a empresa classificou de “gastos
adicionais”. Reconhecendo que esses gastos foram decorrentes de “uma
atividade ilícita”, a empresa situou entre 2004 e abril de 2014 os
pagamentos indevidos revelados pela Operação Lava Jato, investigada pela
Polícia Federal. E admitiu que ainda não há como estimar se e quanto
poderá recuperar dos recursos desviados.
O presidente da
companhia, Aldemir Bendine, comparou a situação a um “desastre de avião”
e disse que, diante do cenário adverso, é possível tirar lições e
avançar. “Vamos dizer que passamos por um desastre em algumas tomadas de
decisão. Isso também vai servir para a gente”, afirmou.
Bendine aproveitou para pedir desculpas à população pelo
esquema de corrupção revelado pela Lava Jato. “Faço pedido de desculpa
em nome dos empregados da Petrobrás, porque hoje sou um deles”, disse.
“A
companhia ainda não recuperou nenhum valor referente aos pagamentos
indevidos feitos por fornecedores e não pode estimar de forma confiável
qualquer valor recuperável nesse momento. Qualquer valor recuperável
será reconhecido como resultado quando recebido (ou quando sua
realização se tornar praticamente certa)”, revelou, a Petrobrás, em seu
balanço.
Cálculo
A empresa tentou detalhar a metodologia que usou para chegar à perda de R$ 6,194 bilhões apenas com as comissões irregulares
que figuraram em diversos contratos com um cartel de empreiteiras. Foi
considerada a aplicação de um porcentual fixo sobre o valor total de
contratos: os mesmos 3%, indicados nos depoimentos do ex-diretor de
Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, que, depois de preso pela
Polícia Federal, revelou o esquema em delação premiada.
“O
porcentual de 3,0% foi utilizado para estimar os gastos adicionais
impostos sobre o montante total dos contratos identificados”, diz o
texto do balanço. A diretoria da estatal argumentou que as informações
disponíveis para a companhia são, de maneira geral, “consistentes com
relação à existência do esquema de pagamentos indevidos, às empresas
envolvidas, aos ex-empregados da Petrobrás envolvidos, ao período
durante o qual o esquema operou, além dos valores máximos envolvidos no
esquema de pagamentos indevidos em relação ao valor total dos contratos
impactados pelo esquema”.
Apuração
No
trabalho de cruzamento de dados, a empresa identificou contratos, listou
todas as companhias citadas como membros do cartel nos depoimentos
tornados públicos e, com base nessa informação, foram levantadas as
empresas envolvidas e as entidades a elas relacionadas.Foram
identificados todos os contratos assinados, incluindo os termos
aditivos.
“No caso específico de valores cobrados adicionalmente
por empresas fora do escopo do cartel, a companhia considerou como parte
da baixa de gastos adicionais capitalizados indevidamente os valores
específicos de pagamentos indevidos ou o porcentual sobre o contrato
citados nos depoimentos, pois também foram utilizados por essas empresas
para financiar pagamentos indevidos”, explica a nota da Petrobrás.
Além
das baixas no ativo, os impactos no resultado do período incluem também
a baixa de créditos fiscais existentes e uma provisão para os créditos
já utilizados com relação aos ativos em questão, além da reversão de
parte da depreciação dos ativos, a partir de suas respectivas datas de
entrada em operação.
“Os depoimentos não fornecem informações
suficientes para permitir que a companhia determine o período específico
no qual cada valor gasto adicionalmente foi incorrido. Dessa forma, a
baixa de gastos adicionais capitalizados indevidamente foi reconhecida
no resultado do terceiro trimestre de 2014, em função da
impraticabilidade de se determinar os efeitos específicos em cada
período no passado.” / ANTONIO PITA, FERNANDA NUNES, IRANY TEREZA, MARIANA DURÃO E MARIANA SALLOVICZ
http://www.msn.com/pt-br/dinheiro/economiaenegocios/presidente-da-petrobr%C3%A1s-pede-desculpas-%C3%A0-popula%C3%A7%C3%A3o/ar-AAbwMWg
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