Polícia vê aumento de ocorrências de consumo de drogas em festas de sertanejo
Desde 2014, foram registrados casos de tráfico de LSD e ecstasy em eventos de Goiás, Santa Catarina e Mato Grosso
Aos
53 anos, Carlos Eduardo Miranda foi dono do selo Banguela, responsável
por mostrar ao Brasil os Raimundos nos anos 1990. Dirigiu o site Trama
Virtual, plataforma de lançamento de bandas independentes. E produziu
discos de nomes como O Rappa, Cansei de Ser Sexy e Móveis Coloniais de
Acaju. Com esse currículo, Miranda mostra-se desanimado com a baixa
popularidade do rock nacional:
"O público quer ir onde a
diversão está. E hoje a diversão está na balada sertaneja. Antigamente a
gente falava em sexo, drogas e rock and roll. Hoje é sexo, drogas e
sertanejo."
Divulgação/Polícia Civil
Drogas apreendidas em Caldas Novas
Sexo, drogas e sertanejo. Miranda não está errado
ao parafrasear o título da música lançada por Ian Dury em 1976 - a
diversão está nas festas de sertanejo, e as drogas sintéticas, também.
Nos
últimos dois anos, as polícias de diversos Estados do País montaram
operações para tentar barrar o tráfico e o consumo de substâncias como
LSD e ecstasy em eventos do gênero.
Em novembro de 2014, cinco
pessoas foram presas com 2,8 mil selos de 25I-NBOMe, uma droga
alucinógena que gera efeitos semelhantes aos do LSD. Os presos
confessaram à polícia de Goiás que a droga seria vendida no Caldas
Country, um festival de música sertaneja em Caldas Novas.
"Estamos vendo um aumento no consumo e no tráfico de drogas como ecstasy e LSD nos eventos sertanejos", disse ao iG Alécio Moreira, delegado titular do Denarc de Goiás.
Segundo
Alécio, a última apreensão de porte no Estado foi a de Caldas Novas no
final do ano passado, e atualmente o departamento "tem investigações em
andamento".
Em Cuiabá e em outras cidades do Mato Grosso, há casos
semelhantes - em agosto de 2014, foram apreendidos 52 comprimidos de
ecstasy que seriam vendidos no clube Wood's, na capital do Estado. A
delegada responsável, Alana Cardoso, disse na ocasião que "como o
sertanejo está na moda, elas (as drogas) começam a aparecer nesse meio
também".
Em
Camboriú (Santa Catarina), 55 menores foram detidos em janeiro deste
ano com drogas como ecstasy, cocaína e lança-perfume em uma festa de
sertanejo.
Os principais casos registrados recentemente ocorreram em Goiás e no Mato Grosso, e isso acendeu o alerta na polícia paulista
O delegado Tiago Fernando Corrêa, do setor de Inteligência do Denarc de São Paulo, disse ao iG
que o departamento "está monitorando o que acontece nas festas de
música sertaneja em outros Estados". Segundo o policial, "há casos de
tráfico e de consumo de drogas nesse tipo de evento em São Paulo, mas
ainda não como ocorre em Goiás".
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