Nos primeiros anos da década de 1970, Jayme
Adissi, que hoje tem 67 anos, era proprietário de um restaurante em
Ipanema, no Rio de Janeiro. Foi em 1973, quando ele tinha 26 anos, que a
sua vida mudou. Adissi abandonou a boemia carioca e se mudou para São
Paulo apostando em um novo empreendimento: um cemitério em Guarulhos.
"A
vida de dono de restaurante era dura. Trabalhávamos até de madrugada e
abríamos o estabelecimento cedo para preparar o dia seguinte. Minha tia
já trabalhava em um cemitério em São Paulo e me contou que um cemitério
estava à venda", conta o empresário.
A mudança foi radical.
"Durante cinco anos eu dizia que ia embora no fim do ano", diz. Adissi
afirma que nunca imaginou que empreenderia na área.
Pagar pelo empreendimento também não foi fácil. Segundo Adissi, foram várias parcelas e notas promissórias.
Hoje,
o empresário fatura em torno de R$ 20 milhões por ano com o Grupo
Primaveras, que possui dois cemitérios-parque, um crematório, duas
funerárias e um plano de assistência funeral, em Guarulhos, além de
lanchonetes e floriculturas nos locais.
"Fomos aprendendo e
acrescentando as coisas com o tempo. No começo, pensava que meu negócio
era o cemitério e não queria saber de outras coisas, mas vi que uma
coisa complementa a outra. Hoje, eu atendo o cliente em todos os
aspectos, desde que acontece o falecimento", diz Adissi.
As
vendas porta a porta foram importantes para o crescimento do negócio. "A
gente percebe que o principal, principalmente em relação ao plano de
assistência funeral, não é o valor, mas a comodidade de não ter que
pensar na burocracia quando o pior acontece. Pessoas mal intencionadas
podem se aproveitar do momento", explica.
A empresa é familiar. A
mulher do empresário e seus três filhos trabalham no empreendimento.
Eles empregam cerca de 250 pessoas. "Todo o pessoal passa por
treinamento com psicólogos duas vezes por ano, da
faxineira ao sepultador. Todos têm, de alguma forma, contato com a
morte, e precisam saber o que falar e o que não falar, por exemplo."
Empreendimentos têm diferenciais
Os
dois cemitérios têm capacidade para 25 mil jazigos. Os valores variam
entre R$ 6 mil e R$ 30 mil. A atendimento da funerária pode chegar a R$ 8
mil. O plano de assistência funeral, que atende cerca de 60 mil vidas,
tem planos a partir de R$ 35.
"Tenho
parcerias com hospitais. Quando um segurado morre, são psicólogos da
minha empresa que dão a notícia aos familiares", afirma. O
empresário percebeu a necessidade do atendimento mais humanizado quando
passou por uma situação de perda na família. "Quando minha mãe faleceu,
me deram a notícia de uma forma horrível. Preciso atender bem o meu
cliente porque, quando ele me procura, está no pior momento da sua
vida".
O Grupo Primaveras também realiza semanalmente um
Grupo de Apoio ao Enlutado, gratuito e aberto à comunidade. Os
cemitérios têm violinista ao vivo para velórios e sepultamentos e
realizam, desde 2007, o "Finados Noturno", na noite de 1º de novembro,
inspirado em tradições mexicanas.
Adissi tem planos de expandir
os negócios, mas deve continuar na cidade de Guarulhos. "A cidade é
grande. Quando eu cheguei, tinha 200 mil habitantes, hoje, tem mais de
um milhão. E não quero empreender em outro ramo, não", afirma.
A
experiência de longa data no setor fez com que Adissi se tornasse um
dos fundadores do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do
Brasil (Sincep), que presidiu durante 15 anos.
Ele também é autor
do livro "Quem Quer Comprar um Túmulo?", lançado em 2010 pela Matrix
Editora, em que fala sobre sua trajetória empreendedora.
MAIS: Veja imagens da trajetória do Grupo Primaveras
Cemitério
do Grupo Primaveras, em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo.
Cemitérios têm violinista ao vivo para velórios e sepultamentos. Foto:
Divulgação
http://economia.ig.com.br/financas/seunegocio/2015-01-07/ex-dono-de-restaurante-fatura-r-20-milhoes-como-o-rei-dos-cemiterios.html
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