Iniciada
em março de 2014 com a Operação Lava Jato, a novela da Petrobras teve
esta semana um capítulo destoante do script da desesperança com a
divulgação de seu balanço. Contabilizados os prejuízos com a política de
contenção do preço da gasolina, de corrupção e investimentos mal
planejados nas (tão necessárias) refinarias de Abreu e Lima e Comperj, a
principal estatal brasileira parece sinalizar que o barco segue
adiante.
Do ponto de vista da corrupção, a contabilização dos
prejuízos e a expectativa futura de ressarcimento, via Justiça, aos
cofres públicos, é uma boa notícia. Tira a corrupção do eterno e
infindável campo do espetáculo – aonde o que interessa é atingir
adversários políticos – e o coloca de certa forma em um terreno mais
racional. Mais operável. Corrupção não é doença ou câncer ou cancro, mas
um fato objetivo que acontece e é corrigível ou ao menos mitigado.
Dinheiro que saiu e agora deve voltar.
No Brasil a cultura da
anti-corrupção é, desde há muito tempo, centrada na moral. Grita-se,
brada-se, acusa-se! Frequentemente homens brancos e engravatados
avermelhando-se diante de câmeras de TV. O teatro da indignação, no mais
das vezes, serve apenas para atingir o adversário político, sem uma
intenção real de corrigir os rumos. Grupos de interesse se digladiam,
cada qual a seu turno empunhando a bandeira dos bons costumes (alguém
ainda acredita nisso?).
Ao apontar os prejuízos com a corrupção –
em R$ 6 bilhões – o balanço da Petrobras tem o mérito de contabilizar o
problema. De colocá-lo em um plano no qual o desvio pode ser trazido
para a terra e de alguma forma enfrentado, remendado.
Talvez quem
sabe agora as refinarias saiam do noticiário policial para o que de fato
interessa: são investimentos estratégicos para o país. O Brasil extrai
petróleo, mas importa sua gasolina. Este é um entrave sério,
particularmente desde o aumento da frota de automóveis em circulação nos
últimos anos, por conta de subsídios às indústrias automotivas e à
facilidade de crédito nos anos Lula e Dilma I.
Esta
é uma questão central de longo prazo para a qual eventuais problemas de
corrupção não devem ser obstáculos ETERNOS, mas problemas
circunstanciais a serem logo tirados do caminho. Menos espetáculo, mais
ressarcimento.
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/rogerio-jordao/corrupcao-menos-espetaculo-mais-ressarcimento-015142471.html
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