O PT foi o principal beneficiado pelos repasses oficiais do cartel acusado na operação
O conjunto das empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato foi
responsável, em média, pela doação de 40% dos recursos privados
canalizados para os cofres dos três principais partidos do País — PT,
PMDB e PSDB — entre 2007 e 2013. No período, as legendas, somadas,
receberam pelo menos R$ 557 milhões de 21 empresas envolvidas no
escândalo.
Em valores absolutos, o PT foi o principal beneficiado pelos repasses
oficiais do cartel acusado de superfaturar obras na Petrobras. Mas o
cerco ao grupo também ameaça as finanças do maior partido de oposição:
42% das doações privadas recebidas pelo PSDB vieram das empresas
investigadas.
É nesse contexto de crise de financiadores que o Congresso decidiu
triplicar a destinação de recursos públicos para o Fundo Partidário, que
banca parcialmente o funcionamento das legendas. Na votação do
Orçamento da União, há duas semanas, a dotação do fundo foi elevada de
R$ 290 milhões para R$ 868 milhões.
No período de sete anos analisado pelo Estadão Dados, o PT recebeu R$
321,9 milhões das empreiteiras investigadas, em valores atualizados pela
inflação. O PSDB recebeu menos da metade: R$ 137,9 milhões. Os dados se
referem somente às doações feitas aos diretórios nacionais dos
partidos.
A Operação Lava Jato, que investiga desvios e superfaturamentos de
contratos de empreiteiras com a Petrobras, desvendou a existência de um
cartel formado por quase todas as grandes empresas de construção do
País. Cinco delas — Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa,
Grupo Odebrecht e OAS — respondem por quase 77% dos repasses feitos
pelas empresas investigadas aos três partidos nos últimos anos.
Foco
As doações do chamado cartel da Lava Jato estão sob os holofotes da
Justiça por causa da suspeita de que camuflavam pagamentos de propina.
Com base em depoimentos de envolvidos no escândalo, o Ministério Público
Federal afirma que repasses oficiais feitos ao PT eram, na verdade,
pagamento em troca de benefícios em contratos firmados com a Petrobras.
Outros partidos, como o PMDB e o PP, teriam se utilizado de canais
diferentes para coletar recursos desviados.
Augusto Mendonça, diretor do grupo Setal, entregou à Justiça Federal
recibos de doações partidárias e eleitorais feitas por suas empresas
para o PT entre 2008 e 2012. Segundo ele, era dessa forma que se dava o
pagamento de propinas desviadas da Petrobras. Mendonça foi preso e
assinou um acordo de delação premiada com os promotores.
O ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, que também colabora com
as investigações em troca de redução de penas, já declarou em depoimento
que as doações aos partidos são, na verdade, "empréstimos" cobrados
posteriormente na forma de benefícios em seus negócios com o governo.
Líderes do PT negaram o envolvimento em irregularidades e acusaram os
procuradores do caso Lava Jato de tentar criminalizar doações feitas
conforme as determinações legais - com recibo e registradas no Tribunal
Superior Eleitoral. Petistas também alegaram que as empresas acusadas
financiaram diversos partidos, inclusive os de oposição.
No PT, o principal alvo dos procuradores é o tesoureiro João Vaccari
Neto. Segundo denúncia apresentada pelo Ministério Público e acolhida
pela Justiça, Vaccari participou de reuniões com Renato Duque, então
diretor de Serviços da Petrobras, nas quais teriam sido acertados
pagamentos de propinas ao PT na forma de doações legais.
Segundo o Luiz Flávio D'Urso, advogado de Vaccari, o tesoureiro "não
recebeu ou solicitou qualquer contribuição de origem ilícita destinada
ao PT". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://noticias.r7.com/brasil/alvos-da-lava-jato-bancam-40-das-doacoes-a-partidos-29032015
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