Segundo o presidente da CUT, nem tudo se resolve com política restritiva e conservadora
As medidas provisórias (MPs) 664 e 665, que alteram as regras sobre
pensão, auxílio-doença e seguro-desemprego, anunciadas pelo governo no
fim do ano passado, não poderão ser revogadas, como reivindicam as
centrais sindicais. O governo, porém, garantiu que o diálogo está aberto
para negociar o conteúdo das normas.
O assunto foi discutido
nessa segunda-feira (19) por quatro ministros e seis representantes de
centrais sindicais, reunidos em São Paulo. Após o encontro, os líderes
sindicais reafirmaram a posição de pedir a revogação das MPs, alegando
que as medidas retiram direitos dos trabalhadores.
Diante da
resistência na reunião, a alternativa encontrada pelas centrais foi
incluir os trabalhadores na elaboração dos textos das MPs. “Se não vai
revogar a medida, nós queremos discutir o conteúdo, porque somos
contrários à forma como estão apresentadas”, disse o presidente da
Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas. “Então, é óbvio
que se o governo aceita o processo de negociação, tem que estar aberto
para fazer modificação nas medidas, atendendo às propostas que vamos
fazer, porque senão fica sem eficácia essa reunião”, acrescentou.
Freitas
argumentou que o Brasil passou por um processo de diferenciação no
mundo, que gerou crescimento no mercado interno, criou empregos, não
usando a fórmula tradicional do Fundo Monetário Internacional. Ele
discorda da “ideia de que acabou o espaço para fazer uma política de
crescimento na oferta de crédito e para fortalecer o mercado interno”.
Segundo
o presidente da CUT, nem tudo se resolve com política restritiva e
conservadora. “Nós [as centrais sindicais] não concordamos e achamos que
isso é muito prejudicial aos trabalhadores”, disse.
O ministro
Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência da República,
conversou com os jornalistas ao fim da reunião. Ele avaliou como
positivo o encontro e disse que, a partir de hoje, o diálogo está aberto
com as centrais sindicais para a negociação do conteúdo das MPs.
Rossetto apresentou algumas mudanças estruturais, que ocorreram nos
últimos anos no país, para explicar as novas medidas do governo.
De
acordo com ele, a criação de emprego, o aumento da formalização no
mercado de trabalho, a entrada de 30 milhões no sistema previdenciário, o
aumento da renda e do salário mínimo, além do crescimento da
expectativa de vida, são fatores que mostram a necessidade dessas
mudanças e exigem ajustes para garantir a sustentação do sistema de
proteção social.
Miguel Rossetto disse ainda que as medidas têm a
finalidade de manter os benefícios dos trabalhadores, sem comprometer a
Previdência e o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). “[As medidas são]
para que possamos preservar o conjunto de direitos dos trabalhadores, o
sistema de proteção social, a sustentação dos fundos a médio e longo
prazos”, completou.
Também participaram da reunião os ministros
Carlos Gabas (Previdência Social), Nelson Barbosa (Planejamento) e
Manoel Dias (Trabalho e Emprego).
Representando
as centrais, estavam presentes os seis presidentes das entidades
reconhecidas formalmente: Vagner Freitas (CUT), Miguel Torres (Força
Sindical), Ricardo Patah (União Geral dos Trabalhadores), Antônio Neto
(Central dos Sindicatos Brasileiros), Adilson Araújo (Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e José Calixto (Nova Central).
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2015/01/20/internas_economia,467189/governo-abre-dialogo-com-centrais-sindicais-sobre-medidas-trabalhistas.shtml
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