Inflação oficial pode começar o ano acima da meta estabelecida pelo governo
A economia brasileira não conquistou os resultados esperados ao longo
de 2014. A combinação entre inflação alta e crescimento baixo deve
continuar assombrando o governo durante 2015, e os reflexos do
enfraquecimento econômico do País já atingem o bolso do consumidor.
Segundo economistas, a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de
Preços ao Consumidor Amplo), pode ser de 1% já no mês de janeiro. Caso
confirmado, o resultado fará o índice romper a barreira de 7% em 12
meses, valor 0,5% maior que o teto da meta do governo.
A alta é prevista pela volta do IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre veículos, de 3% para 7%
e da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre a
gasolina, além do reajuste das passagens de ônibus e da energia
elétrica.
Além disso, há o impacto da alta recente das moedas internacionais
sobre os preços dos alimentos e de outros produtos. Também deve pesar no
bolso dos consumidores os aumentos que ocorrem em toda virada de ano,
como escolas e condomínios.
É consenso entre os economistas que um vilão do IPCA ao longo do mês de
janeiro será a tarifa de energia elétrica. A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) informou que, a partir do dia 1º de janeiro, passa a valer a bandeira vermelha em todas as regiões do País, o que significa que a tarifa de energia vai sofrer um acréscimo de R$ 3 a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos.
Nas contas de Elson Teles, economista do Itaú Unibanco, mais da metade
do reajuste de 17,5%, projetado para a alta anual da tarifa de energia,
deve ocorrer em janeiro (8%). Para Teles, a eletricidade vai responder
por um quarto da inflação de 1% que ele espera para o mês.
Segundo Adriana Molinari, economista da Tendências Consultoria
Integrada, outro foco de pressão para janeiro é a volta da Cide sobre a
gasolina, hipótese debatida pela nova equipe econômica para aumentar a
arrecadação e ajustar a economia.
— A gasolina deve subir 12,6% na bomba em 2015, sendo 9,3% só em janeiro, considerando a Cide de R$ 0,28 por litro.
As passagens de ônibus, que há muito tempo não têm reajuste no País,
também devem pressionar a inflação de janeiro. O destaque fica para a
cidade de São Paulo, que responde por mais de um terço no IPCA, e vai
ter as tarifas de ônibus 16,7% mais caras.
Alimentos
Fabio Silveira, diretor de pesquisa da GO Associados, lembra que a alta
no preços dos alimentos, que já ocorreu por causa da variação do dólar,
deve respingar nos preços ao consumidor no começo do ano.
— As cotações de soja, café e bovinos tiveram altas bem significativas
nos últimos dois meses no atacado e devem pressionar o grupo alimentação
no começo do ano.
Nas contas de Fábio, em janeiro o grupo alimentação deve voltar a exibir altas acumuladas em 12 meses na faixa de 10%.
Silveira lembra que os produtos comercializáveis, aqueles cujos preços
são afetados pelo câmbio, estão sob forte pressão desde setembro e,
mesmo com a demanda fraca, repasses para o consumidor devem ocorrer.
Teles, por sua vez, traça um cenário mais favorável para a alimentação.
Ele diz que o clima deve ajudar a ampliar a oferta de produtos, o que
pode atenuar a pressão do câmbio nos preços em reais.
— A carne está subindo 20% este ano e dificilmente isso vai se repetir em 2015. Se subir 7%, será um grande alívio.
http://noticias.r7.com/economia/energia-eletrica-transporte-e-alimentos-ficam-mais-caros-na-passagem-para-2015-02012015
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