A crise
da Petrobras, na proporção que vem crescendo, será a maior crise já
enfrentada por um país do continente latinoamericano da história
contemporânea.
Um país com 200 milhões de habitantes, em que a
Petrobras representa 60% dos investimentos, se a empresa vier a ter
problema de não poder investir, ou de sanções que abalem a sua vida,
isso representará a morte do país.
Não se esqueçam que o
investimento atinge todos os segmentos de mão de obra qualificada e de
mão de obra desqualificada. A atuação nas plataformas, na produção de
petroleiros, os investimentos no gás, no pré-sal, na exploração e
produção, no refino, na comercialização, no transporte, na petroquímica,
na distribuição de derivados, na energia elétrica, no gás-química e nos
biocombustíveis são os verdadeiros responsáveis pelo crescimento de
carteira assinada dos trabalhadores brasileiros. A estatal emprega nada
menos que 81 mil funcionários no Brasil e no exterior. Nos grandes
municípios e estados em que a Petrobras realiza investimentos neste
momento de crise, quase todos estão suspensos.
O desemprego já é assustador. O número de demissões pode chegar a 100 mil até março, segundo expectativa do setor.
Até
agora, a Camargo Corrêa e a Engevix já demitiram mais de 3 mil
trabalhadores. Na Iesa, as demissões atingiram mil operários. A OAS
demitiu mil operários e 60 funcionários administrativos. Já na Queiroz
Galvão, o número de demissões chega a quase 1,5 mil. A Odebrecht demitiu
380 funcionários até agora. Entre os que perderam seus empregos estão
ainda terceirizados e subcontratados.
Os verdadeiros responsáveis
pela corrupção na Petrobras não podem estar alheios à ação judicial que
os fundos de investimento estão fazendo contra a empresa. Essas
empreiteiras, bancos e outros acionistas devem ser solidários a esses
processos bilionários. O Brasil e os brasileiros não podem ficar calados
com esse assalto que querem fazer ao caixa da Petrobras. A estatal não
foi roubada por seus acionistas, mas sim saqueada e roubada por
inescrupulosos e criminosos representantes do governo - partidos e cota
pessoal de dirigentes - com a participação maior no saque dos
empreiteiros.
O estranho é que a SEC americana (Securities and
Exchange Commission), órgão equivalente à Comissão de Valores
Mobiliários no Brasil, esteja agindo apenas contra a Petrobras, e não
esteja agindo também contra bancos, empreiteiras que são os grandes
privilegiados do roubo.
Os brasileiros esperam que as autoridades
internacionais e a Justiça brasileira ajam imediatamente, já que existe
o processo da Operação Lava Jato, onde dez funcionários da Petrobras
estão presos, e quase três vezes mais empresários saqueadores estão
atrás das grades. Isso mostra para a justiça americana e para o mundo
que os processos não podem correr só contra a Petrobras, mas sim, e
principalmente, contra seus assaltantes externos.
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