Só da PM, 569 armas foram roubas ou furtadas no período de 2009 a 2011
A cada dois dias, ao menos uma arma da polícia do Estado de São Paulo vai parar nas mãos de criminosos (confira gráfico abaixo).
O levantamento, com base em números da Corregedoria da PM referentes ao
período de 2009 a 2011, considera apenas as armas pertencentes à
corporção, excluindo o armamento da Polícia Civil, que
também é alvo de ataques. Os dados desconsideram também as armas
particulares dos policiais.
Ao todo, 569 armas da PM foram roubadas ou furtadas nos 36 meses.
Na última segunda-feira (3), reportagem do Fala Brasil, da TV Record, mostrou que a Polícia Civil prendeu um policial e um informante suspeitos de desviar cerca de 80 armas — entre armas curtas, fuzis e submetralhadoras — do depósito do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos).
O R7 apurou que o policial detido é o investigador Francisco Ricardo Correa. O advogado dele não foi localizado.
Na sexta-feira da semana anterior (30), o R7 revelou que uma pistola ponto 40 furtada de dentro da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) foi a mesma arma usada para assassinar, no ano passado, o soldado Genivaldo Carvalho Ferreira. A arma custou R$ 1.901,00 do contribuinte.
Roubados na folga
Entre 2009 e 2011, quase a totalidade dos casos de furtos e roubos
(90%) ocorreu em ocasiões em que os policiais estavam de folga: 512
armas foram levadas dessa forma. Outras 57 armas (10%) foram furtadas ou
roubadas de policiais em serviço.
Além do armamento furtado ou roubado, outras 175 armas foram perdidas pela PM no período de 2009 a 2011.
Os dados da Corregedoria da PM mostram também que, em cada quatro armas
da corporação furtadas, roubadas ou extraviadas, uma é recuperada.
Ao longo deste ano, a reportagem tentou, por meio da Lei de Acesso à
Informação, obter dados mais atualizados sobre o sumiço de armas das
polícias. Mas tanto o Exército, responsável por fiscalizar o armamento
da PM, como a Polícia Civil alegaram haver sigilo sobre os novos
números.
Cem mil armas
A PM de São Paulo tem um arsenal de aproximadamente 105 mil armas — o
montante é definido pela Resolução do Exército 01-Coter/Res, de 4 de
abril de 2011, que restringe a 105% do efetivo o total de armas das
polícias militares. Os integrantes da corporação possuem, como armamento
particular, quase a mesma quantidade: cerca de 97 mil armas.
Em março do ano passado, o carregador de uma pistola,
que estava em nome do soldado A.A., foi encontrada na escada de
incêncio do Edifício Santo Antônio, nos Jardins, após o condomínio
sofrer um arrastão. Inicialmente, os investigadores
suspeitaram que o policial pudesse estar envolvido no crime.
Posteriormente, a Polícia Civil descobriu que a arma usada no assalto
havia sido roubada do soldado.
PMs de São Paulo têm autorização para levar a arma da corporação para
casa. Coordenador do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani afirma que a
chamada "arma de carga", deixada sob a responsabilidade de um único
policial, sem compartilhamento, aumenta o controle sobre o armamento.
Ele também defende a transparência sobre os números de furtos, roubos e extravios como forma de controle.
Empresas de segurança
A passagem de armas do mercado legal para o ilegal não ocorre apenas a
partir de furtos e roubos de armas das polícias, mas também a paritr de
ataques a empresas de seguraça privada. Em dezembro passado, o R7 revelou que, em três anos, 3.577 armas de empresas do setor acabaram nas mãos de criminosos.
Os dados, referentes ao período de 2011 a novembro de 2013, são da
Polícia Federal, responsável por monitorar o arsenal. As 1.621 empresas
de segurança com sede em São Paulo têm 66.573 armas.
Questionada na última quinta-feira (30), e procurada novamente na
terça-feira (4) e na sexta-feira (7), a Secretaria de Estado da
Segurança Pública não se manifestou sobre o assunto até o momento da
publicação desta reportagem.
http://noticias.r7.com/sao-paulo/a-cada-dois-dias-ao-menos-uma-arma-da-policia-de-sp-vai-parar-nas-maos-de-bandidos-10112014
Nenhum comentário:
Postar um comentário