segunda-feira, 7 de julho de 2014

Casos de corrupção em doações a campanhas na Europa se tornam recorrentes

 Detenção do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy é o caso mais recente que expõe relações impróprias entre políticos e doadores de campanha em democracias do mundo desenvolvido. Ex-premiê italiano Silvio Berlusconi já foi condenado

Sarkozy (E) recebe no Palácio do Eliseu o ditador líbio, Muamar Kadafi: contribuições para a campanha presidencial de 2007 sob investigação (Eric Feferberg/AFP - 10/12/07)

Sarkozy (E) recebe no Palácio do Eliseu o ditador líbio, Muamar Kadafi: contribuições para a campanha presidencial de 2007 sob investigação

O escândalo envolvendo o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, detido na última semana para depor sobre acusações de corrupção ativa, tráfico de influência e violação de sigilo profissional, chama a atenção para o crescente número de denúncias semelhantes no Velho Continente. De acordo com o relatório anticorrupção de 2014, divulgado em fevereiro pela Comissão Europeia (CE), 76% dos europeus acreditam que a prática é amplamente difundida e 56% pensam que o nível de corrupção no país onde vivem aumentou nos últimos três anos. A crise econômica também estimulou a pressão por governos e processos internos mais transparentes.

“Pensávamos que o mal da corrupção atingisse apenas os países que ainda estavam se estruturando como Estados democráticos, mas um episódio como esse da França mostra que isso não é exclusividade dos países em desenvolvimento”, avalia Rita do Val, coordenadora do curso de relações internacionais da Faculdade Santa Marcelina (Fasm), em São Paulo. Estimativas da CE, braço executivo da União Europeia (UE) indicam que cerca de 120 bilhões de euros são perdidos anualmente em casos de desfalque e desvios.

As duas áreas mais sensíveis são a atividade dos lobbys e o financiamento de campanha, como ocorreu no escândalo que levou a oposição de esquerda espanhola a pedir a renúncia do presidente do governo, Mariano Rajoy. No ano passado, em meio à luta contra a recessão, Rajoy se viu forçado a defender-se de acusações de que o Partido Popular (PP, direita) teria recebido doações ilegais de magnatas da construção que, em troca, teriam fechado valiosos contratos.

Na França, autoridades anticorrupção investigam seis acusações contra Sarkozy. Entre outros pontos, a Justiça busca saber se ele obteve informações sigilosas sobre uma decisão judicial que permitiu a escuta de seus telefonemas. Desde setembro do ano passado, as linhas do político foram grampeadas como parte de uma investigação sobre financiamento ilegal de sua campanha vitoriosa à Presidência, em 2007. O ex-presidente é acusado de ter recebido até 50 milhões de euros (cerca de R$ 151,14 milhões) do então ditador líbio, Muamar Kadafi, morto em 2011 por rebeldes que o derrubaram do poder. As ligações revelaram o interesse de Sarkozy em abafar investigações sobre o caso de Liliane Bettencourt, mulher mais rica da França, que teria sido explorada para doar verbas à campanha da União por um Movimento Popular (UMP, centro-direita), o partido de Sarkozy.

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