sábado, 17 de maio de 2014

Menino tentou defender irmã com faca antes de morrer queimado, diz suspeito O rapaz relatou que o garoto lutou pela vida até o fim

O artesão Rômulo Sebastião Nascimento, preso na Polícia Civil (Bruno Peres/CB/D.A Press)
O artesão Rômulo Sebastião Nascimento, preso na Polícia Civil

Em cinco horas de depoimento, o artesão Rômulo Sebastião Nascimento de Souza, de 21 anos, que confessou ter matado João Guilherme da Silva, 9, e Drielly da Silva, 13, na casa da família em Ceilândia, revelou atos de crueldade. À polícia, o suspeito confirmou que João tentou defender a irmã com uma faca de mesa e lutou até o fim para salvar a família. A ação ocorreu quando Rômulo - com quem o irmão da criança tinha dívida de R$ 140 - pegava os eletrônicos na residência da família e João Guilherme tentou impedir.

Segundo o relatório, ao ficar sob a mira de uma faca de cozinha, Rômulo deu um tapa da criança e o objeto caiu. O artesão relatou que a garota chorava o tempo todo; houve um momento em que o homem segurou as duas crianças de uma vez, para evitar uma possível fuga. A confissão foi feita no último 12 de maio, data da prisão do rapaz. Rômulo também confessou ter amordaçado a menina para que ela ficasse em silêncio, mas disse que retirou um pedaço de pano da boca de Drielly ao perceber que ela não conseguia respirar.

Ao sair da cena do crime, Rômulo encontrou a mãe das crianças na rua e, de cabeça baixa, cumprimentou a mulher. Quando chegou à casa da namorada, foi questionado sobre o cheiro de fumaça e para justificar a situação, ele respondeu que estava em um ônibus que pegou fogo. Rômulo acrescentou que tomou banho e colocou a mala com os objetos roubados na cama da companheira.

Drielly e João Guilherme: sonhos interrompidos
Drielly e João Guilherme: sonhos interrompidos

Casa incendiada
Rômulo amarrou as crianças em quartos separados, pegou o álcool na cozinha e jogou no lençol da cama, em seguida ateou fogo ao local. A motivação do crime teria sido uma dívida de R$ 140 pela venda de peças de artesanato ao irmão mais velho das vítimas, Marcos Paulo Silva Santos.

O jovem contou à polícia que foi ao local mais cedo para receber R$ 100 da dívida de Marcos. Depois que Marcos foi para o trabalho, Rômulo voltou até a casa, onde estavam as duas crianças. O menino atendeu a porta e o artesão disse que havia esquecido alguma coisa e que queria buscar. O garoto, então, o deixou entrar.

Dentro da casa, Rômulo afirmou que iria levar um notebook para saldar o restante da dívida. Com medo, as duas crianças começaram a gritar e tentaram conter o artesão. Ele levou a menina para um quarto e amarrou as mãos dela com o fio de um carregador de celular. Depois, conduziu o menino para o outro quarto e o amarrou com um pedaço de lençol rasgado.

Quando Rômulo voltou para a sala para levar os objetos, percebeu que a menina tinha conseguido se soltar. O homem voltou para o quarto, amarrou as mãos com os fios junto ao pescoço da criança e colocou fogo no colchão. Fechou a porta por fora e escorou com a cadeira. No outro quarto, amarrou as mãos de João com uma sacola, que continha uma câmera fotográfica e um carregador. Rômulo furtou os objetos, ateou fogo no lençol, saiu, também bloqueou a saída com uma cadeira e colocou o sofá para prender as duas portas. Pegou um vidro de álcool na cozinha e incendiou o local.

Rômulo foi preso em flagrante no dia do crime. Segundo a polícia, o artesão foi bastante frio durante o depoimento e não demonstrou arrependimento. Rômulo também desenhou em um papel o esboço da planta da casa para explicar como fez para bloquear a saída dos quartos onde as crianças estavam amarradas. O artesão nega qualquer intenção de matar as duas crianças.




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