segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

'Não adianta ameaçar, fazer reunião, quem manda são os PMs', diz policial.





PMs espalham cartazes pelo DF para discutir paralisação de 24 horas

GDF se reúne com cúpula da segurança para discutir operação tartaruga.
 

Cartaz afixado em parada de ônibus na área central de Brasília (Foto: Raquel Morais/G1 DF)Cartaz afixado em parada de ônibus na área central de Brasília (Foto: Raquel Morais/G1 DF)
A Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares do Distrito Federal (Aspra-DF) afixou na manhã desta sexta-feira (31) cartazes em paradas de ônibus e postes da capital convocando policiais e bombeiros militares para debater uma paralisação de 24 horas em fevereiro. Segundo a categoria, foram confeccionados 30 mil cartazes.

O G1 encontrou os cartazes nas paradas do Pátio Brasil, do Setor de Indústrias Gráficas (SIG), na sede do comando-geral da Polícia Militar, em frente ao Palácio do Buriti e ao Ministério Público do Distrito Federal.

Sem reajuste salarial, PMs do DF deflagraram em outubro uma operação tartaruga, para cobrar reajuste salarial, reestruturação da carreira e pagamento de benefícios aos que estão em atividade e reformados. Eles dizem que só encerram o movimento quando o GDF negociar com a categoria.

Parada de ônibus com cartazes afixados por policiais militares (Foto: Raquel Morais/G1 DF)Parada de ônibus com cartazes afixados por policiais
militares (Foto: Raquel Morais/G1 DF)
 
Nos cartazes, a polícia atribui a culpa pela onda de violência que atinge diversas regiões no Distrito Federal ao governador Agnelo Queiroz, que, segundo a PM, não cumpriu 13 promessas de campanha, entre elas a de reajustar o salário dos policiais militares.

“São 30 mil cartazes. Em cada região tem um representante da Aspra distribuindo. É tartarugão na cabeça, não mudamos, não adianta ameaçar no jornal, fazer reunião, quem manda são os policiais”, disse o presidente em exercício da Aspra-DF, sargento Sansão Barbosa.

O cabo Eliomar Rodrigues disse que o movimento é uma ação descentralizada e que os PMs de cada batalhão estão se cotizando e fazendo a própria arte para colocar nos panfleto. Por isso, os cartazes podem ser diferentes.

Rodrigues disse que eles estão agindo dessa forma porque parte da imprensa deturpou o movimento e eles querem deixar claro que não estão fora da lei.

"Queremos passar para a sociedade o real sentido da operação que a PM está fazendo. Não somos inimigos da sociedade, nem do governo”, disse. "Vamos aguardar para ver qual vai ser o procedimento do GDF [em relação ao resultado da reunião]. Estamos tranquilos porque estamos agindo sempre dentro da lei."
 
O sargento Sansão diz que os policiais são contra a violência, mas que a população não deve se virar contra os PMs, mas contra o governador.

"Somos contra a violência, mas a operação tartaruga é por tempo indeterminado. A população tem que se virar é contra o Agnelo", disse.

Segundo a associação, a única possibilidade dos PMs darem fim à operação será no caso do governador cumprir com pelo menos duas promessas de campanha – a de reestruturar a carreira dos policiais e a de pagar os benefícios prometidos.

“Na operação tartaruga, o policial só está andando na velocidade da via. Agora, vai andar na metade do limite da velocidade”, disse o sargento. Segundo Barbosa, os policiais ganham de salário inicial R$ 3,8 mil líquidos por mês.

Reuniões
Nesta sexta (31), o governador Agnelo Queiroz se reúne com a cúpula de segurança pública do DF para discutir soluções para conter o aumento na criminalidade do último mês.

O governador já havia se reunido nesta quinta à noite, no Palácio do Buriti, com o secretário de Segurança, Sandro Avelar, integrantes do alto escalão da PM e do Corpo de Bombeiros. Com Avelar, Agnelo conversou por cerca de duas horas em um dos gabinetes do primeiro andar do palácio.

Aumento da violência
A um dia do fim do mês de janeiro, o número de homicídios no DF subiu 38,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, 68 homicídios haviam sido registrados no DF entre o dia 1º e a manhã desta quinta-feira (30), 19 a mais que nos 31 dias do mesmo mês de 2013.

Sem reajuste salarial, PMs do DF deflagraram em outubro uma operação tartaruga, para cobrar reajuste salarial, reestruturação da carreira e pagamento de benefícios aos que estão em atividade e reformados. Eles dizem que só encerram o movimento quando o GDF negociar com a categoria.

'Refém do medo'
Na manhã desta quinta, o governador do DF criticou a postura dos PM que aderiram à operação tartaruga. "A Polícia Militar tem todo o direito de reivindicar, o que eles não têm direito é de colocar em risco a vida da população. O GDF vai tomar todas as medidas necessárias para que Brasília não se torne refém do medo", disse Agnelo.

A declaração do governador foi feita durante a inauguração da duplicação de 1,5 quilômetro da DF-451. De acordo com o secretário de Comunicação, André Duda, as recentes notícias de violência, incluindo a morte de um homem em frente ao prédio dele, em Águas Claras, em uma tentativa de assalto, motivaram o comentário.

Leonardo Almeida Monteiro, de 29 anos, voltava da academia e estacionava o carro na porta quando foi abordado por três homens. Testemunhas afirmam que crianças que brincavam no prédio viram a cena e gritaram, para alertá-lo. A vítima tentou correr, mas foi atingida no pescoço.

http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2014/01/pms-espalham-cartazes-pelo-df-para-debater-possivel-paralisacao-de-24-hrs.html

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