O padre Osvaldo Donizeti da Silva, de Sales (SP), a 458 quilômetros de
São Paulo, foi condenado a cumprir 9 anos e 4 meses de prisão, em regime
fechado, por molestar uma criança de 11 anos durante ritual de primeira
eucaristia, na Igreja São Benedito, onde era responsável e a menina
também atuava como coroinha. A decisão é do juiz Renato Soares de Melo
Filho, da Comarca de Urupês (SP), onde o caso foi julgado. Melo Filho
também rejeitou que padre Osvaldo responda pelo crime em liberdade. Ele
está detido em prisão preventiva decretada por Melo Filho em julho. A
defesa anunciou que recorrerá e contesta a versão apresentada pela
Justiça.
De acordo com os autos, em 1º de maio, a menina foi retida numa sala
por padre Osvaldo, quando ficou a sós com ele no ritual da eucaristia.
Após a confissão, padre Osvaldo a teria abraçado, segurado nas nádegas e
beijado a boca da menina. Depois de tirar a estola religiosa, ainda
teria pedido para que a menina o acariciasse nas partes íntimas e, em
seguida, sentasse no colo. Mas uma das amigas dela, que a esperava do
lado de fora, abriu a porta da sala. A menina, então, valeu-se de um
susto do padre para fugir. Segundo o juiz, a criança ainda teve de
mentir, dizendo que o pai estava do lado de fora da sala, para se livrar
das investidas de padre Osvaldo.
A defesa do sacerdote discorda dos autos e diz que ele, que é réu
primário e tem bons antecedentes, só está preso por causa da profissão.
Conforme o advogado Ribamar de Souza Batista, o padre foi mal
interpretado no carinho demonstrado para a menina. "Não houve nenhuma
carícia que pudesse ser um ato libidinoso. É uma injustiça que cometem
com meu cliente só por ser padre", afirmou.
Na análise de Batista, a prisão preventiva do padre - que teve de
comparecer com pés e mãos algemados em audiência - também é injusta.
"Meu cliente tem bons antecedentes e estava afastado das funções desde a
divulgação do caso, não havia motivo nenhum para ser preso
preventivamente", disse. Ele também contesta a restrição imposta ao
presbítero de não recorrer em liberdade. "Como ele pode ser um risco a
alguém se ele nunca cometeu crime algum, se é primário?", questiona. Por
isso, na avaliação de Batista, além da apelação, a defesa entrará no
Tribunal de Justiça (TJ) com pedido habeas corpus requerendo que padre
Osvaldo responda em liberdade.
Estadão Conteúdo
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