O auditor fiscal Luis Alexandre Magalhães, delator da máfia do ISS,
disse em depoimento à Promotoria que empresas de estacionamento,
segurança privada e bancos também pagavam propina ao chefe da quadrilha.
Segundo ele, além do esquema do grupo com construtoras, outros setores
tinham acertos paralelos para a redução do imposto devido aos cofres
municipais.
O delator declarou que isso envolvia outros fiscais, que abasteciam
Ronilson Bezerra Rodrigues, subsecretário da Receita da gestão Gilberto
Kassab (PSD).
Em seu depoimento, Magalhães não citou nomes de supostos corruptores nem deu detalhes do esquema.
Mas disse que, com todos os "tentáculos" de atuação, Ronilson chegou a
ganhar R$ 6 milhões em uma semana. O filé-mignon, segundo ele, eram os
recursos arrecadados do setor bancário.
O promotor Roberto Bodini diz que Magalhães não explicou quanto tempo essa arrecadação milionária durou.
A Folha apurou que a Controladoria-Geral do Município investiga
auditores de outras áreas além do setor de quitação do ISS para
liberação do Habite-se de empreendimentos imobiliários.
Parte deles está numa relação de dez nomes citados por Magalhães
anteontem como "corretores" da máfia do ISS (que levavam clientes para a
quadrilha).
Nem a Promotoria nem a Controladoria citam os nomes dos auditores para não atrapalhar as investigações.
Um dos setores em que as apurações estão avançadas é na área de
estacionamento. O envolvimento de Ronilson com esse segmento foi uma das
primeiras denúncias a chegar à prefeitura ainda no ano passado.
Ontem, Promotoria abriu um cofre apreendido em um dos apartamentos de
Ronilson na operação em que ele foi preso, em 30 de outubro.
Dentro dele, foram encontrados R$ 72,7 mil. O cofre só foi aberto ontem
porque deveria ser feito na presença de um defensor do auditor.
Os promotores já tinham encontrado anteriormente R$ 88 mil em um cofre apreendido no escritório da quadrilha, na região central.
'ABSURDO'
O advogado de Ronilson, Marcio Sayeg, diz que não teve acesso ao novo
depoimento e, por isso, não tinha conversado com seu cliente.
Disse, porém, que a acusação é falsa e que é um "absurdo" Magalhães
falar em R$ 6 milhões semanais. "Quanto daria isso desde 2007? Só ele
arrecadava imposto? A prefeitura não?"
As informações foram repassadas pelo delator ao detalhar uma planilha
encontrada em um de seus computadores apreendidos -na qual são listados
410 supostas transações de propina.
Magalhães tem um acordo de delação premiada com a Promotoria (para ajudar em troca de redução de pena).
A Folha procurou ontem entidades dos setores mencionados pelo
auditor --Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Sindepark
(sindicato de estacionamentos) e SESVSP (das empresas de segurança), que
não se manifestaram.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/12/1384972-bancos-tambem-pagavam-propina-afirma-delator-da-mafia-do-iss.shtml
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