A ONU Mulheres lançou um relatório sobre experiências violentas vividas
por afegãs durante 30 anos, entre 1978 e 2008. Os depoimentos foram
colhidos pela agência das Nações Unidas em sete províncias, incluindo
Cabul e Kandahar.
Para a ONU Mulheres, o relatório "Como um
Pássaro com Asas Quebradas" dá voz às civis afegãs que "foram negadas a
um lugar na História". Nos depoimentos, elas relembram episódios de
violência física ou sexual e falam sobre seu trauma psicológico.
Código Penal
A agência nota que as mulheres ficaram especialmente vulneráveis
durante o regime Talebã, com medo de que seus filhos fossem
sequestrados. Muitas afegãs contaram que não acreditam em justiça para
os criminosos.
Segundo a ONU Mulheres, pelo código penal do Afeganistão, estupros são
muitas vezes tratados como adultério e tanto o responsável como a vítima
podem enfrentar sanções criminais. Em alguns casos, as mulheres são
obrigadas a se casar com o estuprador para "manter sua honra."
Medo
Outro destaque do relatório vai para os casamentos forçados. Uma mulher
conta que aos 14 anos, foi obrigada pelo próprio pai a se casar com um
homem de 65 anos. O pai tinha medo de que a filha fosse sequestrada pelo
Talebã. O marido morreu cinco anos depois, a deixando com dois filhos.
Já uma moradora de Kandahar relata que aos 13 anos, foi vendida para um
homem estranho para que seu pai pudesse saldar suas dívidas. Outra
afegã foi obrigada a se casar com um comandante do Talebã.
Recomendações
Segundo a ONU Mulheres, metade das entrevistadas tinham entre 10 e 14
anos de idade quando foram forçadas a se casar. O relatório conclui que
estupros e outras formas de violência sexual foram usados como arma de
guerra e que o conflito exacerbou os casamentos forçados.
A ONU
Mulheres pede ao governo do Afeganistão que ponha um fim imediato à
cultura da impunidade e garanta que os autores de crimes de violência
contra mulheres e meninas sejam responsabilizados por seus atos.
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/radioonu/2013/12/27/depoimentos-de-afegas-mostram-a-realidade-dos-casamentos-forcados.htm
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