Activista paquistanesa foi ontem declarada vencedora do prémio europeu de direitos humanos
"Ela
não fez nada. Os inimigos do Islão estão a dar-lhe este prémio porque
ela abandonou a religião muçulmana para se converter à laicidade."
Foi
com estas palavras que, de local incerto pelo telefone à AFP,
Shahidullah Shahid, porta-voz do Movimento dos Talibãs do Paquistão,
reagiu ontem à entrega do prémio Sakharov para os Direitos Humanos a
Malala Yousafzai, a paquistanesa de 16 anos atingida a tiro na cabeça
por membros do grupo há um ano.
"Ela está a receber estes prémios
porque está a trabalhar contra o Islão. A sua luta contra o Islão é a
principal razão para a atribuição destes prémios", reforçou o
representante dos talibãs paquistaneses, reiterando as ameaças de morte à
jovem activista pelo direito das mulheres à educação. "Até mesmo nos
Estados Unidos ou no Reino Unido" o grupo vai voltar a tentar matá-la,
disse Shahid à agência de notícias.
Em Outubro de 2012, Malala
Yousafzai sobreviveu a um ataque de talibãs paquistaneses, que a
balearam na cabeça dentro do autocarro que a transportava e aos colegas
para a escola, no vale de Swatt. Desde 2009, aos 11 anos, que a
paquistanesa defende publicamente o direito das raparigas e mulheres
irem à escola e se educarem. Operada no Paquistão após o ataque, a jovem
foi levada para o Reino Unido para receber tratamento, onde continua
até hoje a viver e a estudar.
O Parlamento Europeu anunciou ontem
Malala como a vencedora do Prémio Sakharov 2013: "Hoje, decidimos dizer
ao mundo que a nossa esperança por um futuro melhor está em jovens como
Malala Yousafzai", disse Joseph Daul, líder do Partido Popular Europeu
(PPE, o maior grupo político do Parlamento Europeu).
Nos últimos
dias, em plena semana de entrega dos prémios Nobel pela Academia Sueca, o
nome da jovem paquistanesa tem sido apontado como possível vencedora do
Nobel da Paz.
Ontem, Malala disse à rádio paquistanesa City89 FM,
citada pela AFP, que não merece ser galardoada com esse prémio. "Penso
que ainda preciso de trabalhar muito. Na minha opinião ainda não fiz
assim tanto para ganhar o Prémio Nobel da Paz. Há mais gente que o
merece."
http://www.ionline.pt/artigos/mundo/talibas-dizem-malala-nao-fez-nada-merecer-premio-sakharov
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