quinta-feira, 22 de agosto de 2013

EUA espionaram cidadãos sem elo com terrorismo, dizem documentos

Milhares de comunicações foram espionadas ao longo de três anos.
Justiça pediu que NSA descobrisse meios de limitar coletas de dados.

A NSA, agência de segurança nacional dos EUA, espionou mais de 150 mil e-mails e outras comunicações, ao longo de três anos, de americanos sem conexão com o terrorismo, segundo três decisões judiciais secretas reveladas nesta quarta-feira (21).

Os documentos foram revelados pelo diretor da agência, James Clapper, como parte de um esforço das autoridades para explicar como a NSA detectou e corrigiu problemas técnicos que levaram à coleta inadvertida dos e-mails sem mandado judicial..

O material divulgado na quarta-feira inclui uma decisão da Corte de Vigilância da Inteligência Internacional, um tribunal secreto, em que o próprio tribunal, numa obscura nota de rodapé, cita dados da NSA segundo os quais a agência pode ter recolhido até 56 mil comunicações por email por ano entre 2008 e 2011.

Autoridades dizem que o objetivo da coleta dos e-mails de norte-americanos era localizar comunicações feitas por suspeitos de terrorismo.
A NSA relatou os problemas sobre a coleta dos dados ao tribunal e logo depois ao Congresso.
O tribunal, então, pediu que a NSA descobrisse meios de limitar as coletas de dados e o tempo pelo qual eles eram mantidos.

A NSA está no centro das atenções desde que seu ex-prestador de serviços Edward Snowden vazou documentos confidenciais que mostravam o alcance da vigilância americana a telecomunicações no país e ao redor do mundo.

O caso criou uma crise para o governo do presidente Barack Obama e gerou um debate internacional sobre a privacidade na Internet.

Três funcionários graduados da inteligência dos EUA disseram que a NSA percebeu o erro quando estava coletando comunicações da Internet, por meio de cabos de fibra óptica, com a cooperação de provedores de telecomunicações como a AT&T. Frequentemente, a agência coletava informações de americanos que não tinham nenhuma relação com os alvos das investigações.

As autoridades falaram aos jornalistas sob anonimato, pois não têm autorização de falar publicamente sob o programa.

Um funcionário disse que a vigilância indevida foi "resultado de um problema tecnológico, mais do que um excesso da NSA".

Embora a NSA tenha permissão para guardar os metadados -endereços, números de telefone e duração, mas não conteúdo, das comunicações- dos americanos por até 5 anos, o tribunal decidiu que, ao reunir grandes pacotes de informação, eles incluíam e-mails entre cidadãos americanos, o que viola a proibição constitucional contra busca e captura de informação sem autorização judicial.

Na decisão do Tribunal de Acompanhamento de Inteligência Estrangeira denunciando a prática, o juiz afirmou que a NSA havia advertido a corte de que "o volume e a natureza da informação que estava coletando era fundamentalmente diferente da que o tribunal poderia ser levado a acreditar".

 http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/08/eua-espionaram-cidadaos-sem-elo-com-terrorismo-dizem-documentos.html

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