segunda-feira, 24 de junho de 2013

Alta de alimentos e do dólar pressiona inflação

Economistas dizem que aumentou o risco de fechar o ano com índice de 6%

O governo, que contava com a continuidade do forte recuo dos preços dos alimentos e a estabilidade do câmbio para segurar a inflação deste ano, está perdendo aliados. Os preços no atacado dos produtos agropecuários voltaram a subir este mês, apesar da supersafra. E o dólar disparou: o câmbio fechou a semana cotado a R$ 2,24, com alta de 10% em 30 dias.

Ainda é cedo para saber qual será o impacto dessas pressões na inflação ao consumidor.

Embora ainda não tenham revisado para cima as projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a medida oficial da inflação, economistas dizem que aumentou o risco de fechar o ano com um índice superior a 6%. No último Boletim Focus do BC (Banco Central), a expectativa do mercado para o IPCA de 2013 era de 5,83%. E em 12 meses até maio, o indicador acumula alta de 6,5%.

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, comenta:

— Ninguém esperava que a alimentação fosse ficar mal comportada de novo e houvesse uma explosão do câmbio tão forte.

Segundo ele, esses dois elementos novos combinados têm efeito devastador sobre a inflação.

O economista, que já previa IPCA de 6% para este ano, acredita que essa marca possa ser superada. Ele diz achar difícil "comprar" a visão do BC de que há uma queda drástica nos preços dos alimentos e cita o feijão como o próximo vilão.

Em 12 meses até maio, o preço do feijão carioca ao consumidor subiu 44%. Na sexta-feira, o governo propôs à Camex (Câmara de Comércio Exterior) a isenção até dezembro da incidência da TEC (Tarifa Externa Comum) nas importações do produto para aumentar a oferta e aliviar a pressão na inflação. O feijão tem peso grande no cálculo da inflação (0,5%), o dobro do macarrão, por exemplo.

O superintendente adjunto de inflação da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros, explica:

— Os preços das matérias-primas, que ajudaram a alimentação no varejo a ter uma desaceleração forte em maio, trocaram de sinal este mês. Algumas podem ainda estar com variação negativa, mas todas estão em trajetória de elevação.

Na segunda prévia de junho do IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado), as matérias-primas agropecuárias voltaram a subir no atacado e tiveram alta de 1,25%, depois da deflação de 2,22% em maio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


 

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