sábado, 9 de março de 2013

Ex-mulher de Bruno viaja após ser absolvida em julgamento


 Dayanne Rodrigues é julgada no Fórum de Contagem

Dayanne Rodrigues foi inocentada do crime de sequestro do filho do goleiro com Eliza


Dayanne Rodrigues, absolvida na madrugada desta sexta-feira (8) pelo crime de sequestro ou cárcere do garoto Bruno, filho de Eliza Samudio e Bruno Fernandes, viajou para o interior de Minas Gerais nas primeiras horas após o anúncio da sentença da juíza Marixa Fabiane. Ela deve comemorar com parentes o resultado julgamento, que culminou com a condenação do seu ex-marido a 22 anos e 3 meses pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e também pelo sequestro ou cárcere privado do filho Bruninho.

"Ela viajou para ficar com a família. Foi para um sítio. Esse é o momento dela. Ela está feliz em poder mostrar o rosto de uma pessoa inocente para a sociedade”, disse Francisco Simim, advogado. O prazo da viagem, segundo ele, não foi informado por Dayanne, mas ele acredita que deva demorar pelo menos uma semana.

“A Dayanne está tranquila, feliz, aliviada com o resultado do julgamento”, disse o advogado Tiago Lenoir, que também participou da defesa da ex-mulher de Bruno.

Os dois defensores de Dayanne aproveitaram para minimizar o fato de o promotor Henry Wagner ter pedido a absolvição de Dayanne aos jurados. “Mesmo que tenha sido uma decisão apertada, a votação de 4 a 3 mostra a eficiência do nosso trabalho de defesa”, disse Lenoir. “A absolvição indicou que faltou provas para condenar Dayanne. O promotor não fez nenhum favor em pedir a absolvição dela. Ele apenas entendeu o que a defesa mostrou no julgamento”, afirmou Simim.

O preço da morte
O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro disse que a Promotoria já tem indícios de que Bruno pagou R$ 70 mil para o réu Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, matar Eliza. O goleiro foi condenado a 22 anos e três meses de prisão pela morte da jovem. Bola será julgado em abril.

“A Promotoria de Justiça já encontra elementos de que o pagamento foi mensurado em R$ 70 mil. A Promotoria está a pesquisar todas as movimentações bancárias e, oportunamente, apresentará formalmente à Justiça estes dados de provas", explicou ao G1.

De acordo com o promotor, outras pessoas envolvidas no caso, próximas a Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, estão sendo investigadas por ligação com a morte de Eliza Samudio.

Henry Wagner também disse que não tem esperanças de que o corpo de Eliza Samudio seja encontrado. “O corpo de Eliza não foi ocultado simplesmente, ele foi destruído, dissipado. Não entende a Promotoria de Justiça que haja possibilidade de se alcançarem vestígios, resquícios deste organismo”, encerrou.

O júri popular formado por cinco mulheres e dois homens condenou no início da madrugada desta sexta-feira (23), no Fórum de Contagem, em Minas Gerais, o réu Bruno Fernandes de Souza a 22 anos e 3 meses pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e também pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Dayanne Rodrigues, ex-mulher do jogador, foi absolvida da acusação de sequestro e cárcere privado do bebê.

Recurso da sentença
Em entrevista ao MGTV 1ª Edição, Wagner afirmou que “a Promotoria de Justiça tem a expectativa que ele tenha que ficar ainda mais cinco anos em regime fechado". De acordo com ele, a Promotoria vai recorrer da condenação na segunda-feira (11) e tem a intenção de afastar a atenuação das penas e pedir o agravamento. Ele ressaltou que considera que os trabalhos não estão encerrados porque ele “vai buscar pena justa”.

 Durante a entrevista, Wagner criticou a legislação brasileira. “Nossa legislação, de fato, é extremamente generosa com o criminoso, não obstante a gravidade de seus delitos”, disse. Ele afirmou que a sentença assumiu “contornos bastante maternais” porque considera que Bruno não confessou. “Ele não deveria ter recebido o benefício da redução”, acrescentou.

A ex-mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues, foi absolvida da acusação de sequestro e cárcere do filho de Eliza. O promotor assegurou que não houve acordo para a absolvição de Dayanne. Segundo ele, a ex-mulher de Bruno agiu “constrangida pelo Zezé [policial investigado em novo inquérito]” e mostrou “sinceridade” durante o júri.

Condenação
O goleiro Bruno Fernandes das Dores de Souza foi condenado, nesta sexta-feira (8), a 17 anos e 6 meses em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima), a outros 3 anos e 3 meses em regime aberto por sequestro e cárcere privado e ainda a mais 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver. A pena foi aumentada porque o goleiro foi considerado o mandante do crime, e reduzida pela confissão do jogador. Ele deve cumprir a pena em regime fechado até meados de 2017, quando pode requerer o direito ao benefício do semiaberto.

Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.

O advogado Lúcio Adolfo, que representa o atleta, disse que recorrerá da condenação. O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro afirmou que esperava pena de 28 a 30 anos de prisão para o réu e anunciou que vai recorrer para aumentar a punição.

A sentença da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues foi lida em 19 minutos. Em sua decisão, ela disse que a personalidade de Bruno "é desvirtuada e foge dos padrões mínimos de normalidade" e destacou que "o réu tem incutido na sua personalidade uma total incompreensão dos valores".

A magistrada afirmou ainda que "a execução do homicídio foi meticulosamente calculada" e que "Bruno acreditou que, ao sumir com o corpo, a impunidade seria certa".

Por fim, ela lembrou que, assassinada, "a vítima [Eliza Samudio] deixou órfão uma criança de apenas quatro meses de vida".

Para a Justiça, a ex-amante do jogador foi morta em 10 junho de 2010, em Vespasiano (MG), após ter sido levada à força do Rio de Janeiro para o sítio do goleiro em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. A certidão de óbito foi emitida por determinação judicial. A criança, que foi achada com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG), hoje vive com a avó em Mato Grosso do Sul. Um exame de DNA comprovou a paternidade.

A Promotoria afirma que, além de Bruno e Dayanne, mais sete pessoas participaram dos crimes. Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta,foram condenados no júri popular realizado em novembro de 2012.

No dia 22 de abril, Bola será julgado. Em 15 de maio, enfrentarão júri Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio, e Wemerson Marques de Souza, amigo do goleiro. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto de 2012. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido.

Jorge Luiz Rosa, outro primo do goleiro, que era menor de idade na época da morte, cumpriu medida socioeducativa por crimes similares a homicídio e sequestro. Atualmente tem 19 anos e é considerado testemunha-chave do caso.

 http://www.tribunahoje.com/noticia/57268/brasil/2013/03/08/ex-mulher-de-bruno-viaja-apos-ser-absolvida-em-julgamento.html

 

Nenhum comentário: