Um recorde de 30 milhões de peregrinos hindus
mergulharam nas águas sagradas do rio Ganges para celebrar o ritual de
Kumbh Mela, a maior festividade religiosa do mundo, que acontece a cada
12 anos em Allahabad, norte da Índia.
No entanto, pelo menos 22 pessoas morreram em um incidente na principal estação ferroviária que dava acesso ao gigante festival.
Um alto funcionário ferroviário, Harindra Rao, informou que 10
pessoas morreram na estação Allahabad durante o tumulto e outras 12 não
resistiram aos ferimentos no caminho para o hospital, segundo a agência
Press Trust of India (PTI) informou na manhã desta segunda-feira
(horário local).
Rao, que é um gerente de Allahabad, disse que outras 20 pessoas
estavam feridas e recebiam tratamento em dois hospitais da cidade.
Quinze delas estão em condições graves, de acordo com a PTI.
O canal de notícias NDTV mostrou uma cena da estação Allahabad, com
numerosos corpos na plataforma após o incidente que aconteceu quando os
peregrinos voltavam para casa.
Autoridades locais disseram que o acidente aconteceu quando as grades
de ferro de uma ponte da estação Allahabad cederam devido à pressão
causada pela multidão.
"As pessoas estavam descansando sobre essas grades, que não puderam
resistir à carga. As juntas quebraram", disse um porta-voz estatal Ashok
Sharma à AFP.
O ministro das Ferrovias, Pawan Kumar Bansal, negou que esta tenho
sido a causa, segundo a PTI, afirmando que a superlotação das
plataformas pode ter provocado o acidente.
Parentes da vítimas culparam os policiais por causar pânico que
provocou o acidente, enquanto outros disseram que os serviços de
emergência demoraram horas para chegar ao local e ajudar os feridos.
"Minha irmã está deitada aqui sem atendimento há duas horas. Por que
ninguém está vindo?", disse uma mulher do pobre estado de Bihar ao canal
NDTV.
O primeiro-ministro indiano Manmohan Singh disse em comunicado que
estava "profundamente abalado ao saber desse incidente infeliz",
enquanto o ministro das Ferrovias, Pawan Kumar Bansal, disse que
viajaria à Allahabad para investigar.
Os fieis começaram a entrar nas águas antes do amanhecer, conduzidos
por gurus com o corpo coberto de cinzas, para tomar um banho que,
segundo a crença, purifica seus pecados.
Algumas características astrológicas fazem do ritual este ano
especial para os fieis, e isso deve explicar a afluência maior de
pessoas.
Só na manhã deste domingo, havia mais de 40 milhões de pessoas em
Allahabad, uma cidade em que em tempos normais tem uma população de 1,2
milhões.
Cerca de 30 milhões se concentraram na imensa zona reservada aos
peregrinos, às margens do rio sagrado, informou Ashok Sharma, um dos
porta-vozes do festival.
Milhares de policiais e de voluntários encarregados de controlar a
maré humana pediam aos peregrinos que se banhassem rapidamente na água
gelada para dar lugar aos seguintes.
O "Maha Kumbh Mela", que começou em 14 de janeiro e concluirá no
início de março, é celebrado a cada 12 anos em Allahabad (Uttar Pradesh,
norte) e reúne ao longo de seus 55 dias cem milhões de hindus, o que
converte este ritual no maior do mundo.
O ritual deste ano é um evento maior porque os astrólogos afirmam que
há um alinhamento de planetas raro de acontecer, e isso torna o banho
particularmente auspicioso para alguns peregrinos.
"Essa é uma rara combinação de planetas, que pode trazer boa sorte
para alguns signos do zodíaco e efeitos adversos para outros", afirmou
Amarpal Sharma, um astrólogo local.
Mahenthanapati Bharadwajgiri, um "sadhu" ou homem santo, afirma que
"ninguém aqui hoje vai vier para ver isso de novo e é por isso que há
tantas pessoas".
Os banhos acontecem na confluência de três rios sagrados: Ganges,
Yammuna e Saraswati. Os peregrinos acreditam que banhar-se nestas água
limpa seus pecados e os liberta do ciclo das reencarnações.
A festa tem sua origem na mitologia hindu, que conta que algumas
gotas do néctar da imortalidade caíram em quatro cidades que acolhem a
celebração: Allahabad, Nasik, Ujjain e Haridwar.
Apesar de ser madrugada e da temperatura glacial da água, muito
poluída, os peregrinos dizem se sentir regenerados pela experiência.
"É algo que não é deste mundo", explica Swapna Bhatia, um decorador
de interiores procedente de Nova Délhi. "Agora me sinto totalmente
leve".
"Entrar no rio pode mudar sua vida para sempre", assegura Malti Devi, de 65 anos, que veio de Londres.
A maioria dos fieis mergulha a cabeça na água. Outros bebem um pouco ou enchem um vidro para levar para casa.
Apesar de sua importância nos ritos do hinduísmo, o Ganges padece de
uma poluição endêmica derivada da indústria e da implantação de milhões
de pessoas em suas margens, que transformam suas águas claras que nascem
no Himalaia numa corrente cheia de detritos.
http://br.noticias.yahoo.com/ritual-banho-ganges-registra-recorde-30-milh%C3%B5es-hindus-155517010.html
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