sábado, 2 de fevereiro de 2013

Negócios Mesmo com estímulos Indústria nacional fecha ano com queda de 2,7%

Segundo o IBGE, todas as categorias de uso tiveram retração no ano passado, com destaque para bens de capital
No acumulado de 2012, os dados do IBGE mostram que houve retração de 1,7% na produção de bens intermediários, na comparação anual, e de 1% na de bens de consumo FOTO: JOSÉ LEOMAR

Rio A produção industrial brasileira fechou 2012 com queda de 2,7%, a primeira retração desde 2009 (-7,4%). O destaque foi para o fraco desempenho do setor de bens de capital, informou, ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dezembro, a produção ficou estável ante novembro, acrescentou o órgão, que também revisou fortemente o resultado mensal de novembro, de queda de 0,6% para recuo de 1,3%, o pior desempenho desde janeiro de 2011 (-2,1%).

Na comparação com dezembro de 2011, informou o IBGE, a produção caiu 3,6%. O resultado é melhor do que a expectativa do mercado, que aguardava uma queda de 4,7% para o último mês do ano passado. Neste caso, as projeções variaram de queda de 5,80% a 1,80%.

" O cenário de crise internacional atravessa a produção de 2012. E justifica, e muito, o comportamento da produção industrial no ano passado", explica André Macedo, gerente da coordenação da indústria do IBGE.

"O ano de 2012 ficou marcado, inicialmente, com setores importantes da indústria operando com níveis de estoque acima do padrão normal. Foi o caso, por exemplo, do setor de automóveis. Mas apenas o estoque não justifica a queda na produção no ano passado", acrescenta.

Renda comprometida

O gerente do IBGE destaca ainda que alguns comportamentos negativos de 2012 passam por fatores como o maior comprometimento da renda das famílias, a inadimplência elevada, a lenta recuperação da confiança dos empresários e a maior entrada de produtos importados no mercado doméstico.

O resultado da indústria retrata ainda o freio nos investimentos. "Em movimento mais recente, o que se observa é o segmento de máquinas e equipamentos com estoque acima do normal", afirma André Macedo.

O gerente acrescenta ainda que a demanda não absorveu a produção, o que gerou estoques indesejados em vários setores industriais. "Houve um descompasso entre produção e demanda. Havia uma expectativa que a demanda ia atuar de forma mais intensa, e isso não ocorreu", diz.

Categorias

De acordo com o IBGE, todas as categorias de uso mostraram retração no ano passado, com forte destaque para a produção de bens de capital - ligado aos investimentos -, que despencou 11,8% na comparação com 2011. Em dezembro sobre novembro, o segmento caiu 0,8%.

Também houve queda de 1,7% na produção de bens intermediários, na comparação anual, e de 1% na de bens de consumo. Segundo o IBGE, neste último segmento, a atividade de duráveis caiu 3,4% na comparação com 2011, enquanto que a de semiduráveis e não duráveis recuou 0,3%.

Estímulos

O mau desempenho da indústria brasileira veio mesmo com a série de medidas de estímulos do governo em 2012, que foram desde desonerações fiscais para consumo e produção à queda da Selic para a mínima histórica de 7,25% ao ano.

A indústria brasileira foi duramente afetada pela crise externa, que acabou atrapalhando também os investimentos. O resultado de 2012, por outro lado, contrasta com a confiança que tem sido vista no setor. O índice divulgado pela Fundação Getúlio Vargas atingiu em janeiro o maior nível desde junho de 2011, sugerindo a possibilidade de uma melhora em 2013. Analistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central veem crescimento de 3,10% na produção industrial neste ano.

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1229608

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