Kasinski Win Elétrika prova que já dá para usar um veículo elétrico no dia-a-dia, mas há restrições
Com o recente aumento nos preços da gasolina e do diesel e a introdução de veículos menos poluentes, como o Toyota Prius,
no mercado brasileiro, surge a dúvida: com a tecnologia atual, dá pra
encarar uma moto elétrica como forma de mobilidade? Para saber mais, o iCarros avaliou
a Kasinski Win Elétrika, modelo que não cobra nem mais nem menos que
uma motocicleta de entrada para ser adquirida: R$ 4.990. Baseada na Win
110, com motor convencional a combustão, a Elétrika conta com um jogo de
bateria no lugar do propulsor e um motor elétrico montado na roda
traseira.
Em vez de tanque de combustível, um porta-trecos preenche o espaço
abaixo do assento ao lado do disjuntor de segurança e de uma tomada para
o “reabastecimento” da Elétrika. A moto vem de série com um pequeno baú
e uma haste para aumentar a capacidade de levar objetos do dia-a-dia.
No painel, um mostrador de LED mostra o nível de carga e substitui o
marcador de combustível. Emplacada e devidamente documentada, por onde
se olhar, essa Win de ligar na tomada não mostra diferenças em relação à
moto em que foi baseada. Mas ela funciona?
Polo positivo
Como a Win Elétrika foi feita a partir de uma motocicleta convencional,
sua ciclística está bem acertada para o uso urbano: garfos telescópicos
seguram bem a frente da moto enquanto amortecedores duplos trabalham na
traseira. Com rodas de 17”, o modelo absorve as imperfeições do asfalto
e permite trocas de direção com rapidez. Como a Kasinski limita a
velocidade máxima a 60 km/h para que a autonomia de até 80 km com uma
carga não seja alterada, freios a tambor na frente e na traseira param a
Win elétrica sem problemas.
O ponto alto, porém, é a operação do pequeno propulsor elétrico de
humilde 1 kW (1,4 cv). Apesar de o número de potência não animar, o
motor entrega tudo o que tem a partir de 0 rpm, como é característico em
propulsores desse tipo. A ausência de marchas torna a tarefa de
dirigi-la mais fácil. A Win Elétrika acompanha o tráfego da cidade com
um pouco de esforço, mas nada que comprometa a condução. Além disso, a
sensação de se mover sem barulho ou vibrações é única. O principal ruído
na moto é do vento contra o capacete.
Sem motor, transmissão ou correntes, quem comprar a Win Elétrika não
precisará se preocupar com muitos componentes. Não é preciso trocar
óleo, lubrificar correntes, regular cabos. Em comum com uma moto normal,
apenas as trocas de pneus e das sapatas dos freios.
Polo negativo
Apesar de não ter um motor a gasolina e o propulsor elétrico ter pouca
potência, a moto elétrica da Kasinski é 25 kg mais pesada que a Win 110,
em que é baseada. São respectivamente 115 kg e 90 kg para cada. Com
menos força e mais carga para levar, a Win Elétrika sente qualquer
alteração no relevo ou adição de peso. A moto se torna lenta na
arrancada nessas situações e tem dificuldades para manter a velocidade.
Num trajeto de 15 km com garupa e alguns aclives, o nível da bateria
saiu de meia carga para nenhuma carga e, ironicamente, a moto parou num
posto de combustível. A autonomia foi bem menor que os 80 km prometidos.
Pouco, mesmo se considerando as adversidades. Além disso, a carga
completa levou mais de dez horas para ser feita numa tomada residencial
de 110V, enquanto a montadora promete que esse trabalho leva cerca de
oito horas. Culpa das baterias de chumbo ácido, pesadas e menos
eficientes que as de íon-lítio, usadas em celulares e sistemas mais
modernos.
Para acomodar as fontes de energia, as pedaleiras foram postas mais
para os lados, assim como o pedal de comando do freio traseiro. Isso e a
chapa de metal que suporta as baterias por baixo do chassi raspam com
facilidade no asfalto, situação que se agrava com peso extra. Além
disso, para deixar a moto mais acessível, a Elétrika perdeu alguns itens
de série da Win 110, como as rodas de liga-leve e o freio a disco
dianteiro.
Diferença de potencial elétrico
Num circuito elétrico, a diferença de potencial entre os polos negativo
e positivo determinam a passagem de corrente. No caso da Kasinski Win
Elétrika, o comprador precisa pesar os pontos positivos e os negativos
antes de fechar o negócio. Caso a sua rotina inclua trajetos curtos e em
terrenos planos, a moto elétrica é uma opção barata e bem menos
complexa que uma motocicleta normal. Porém, se o seu trajeto é longo,
com aclives e você costuma levar alguém na garupa, a eletricidade
continua sendo uma tecnologia limpa de mobilidade para um futuro que
ainda não chegou.
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