terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Restrições a compra de dólar reduz número de argentinos no litoral de SC

Turistas estrangeiros gastaram R$ 650 milhões na temporada passada no estado.

  A restrição à compra de moedas estrangeiras tem tornado mais difícil, para os argentinos, viajar para fora do país – e as consequências disso já são sentidas no litoral catarinense, onde eles representam uma parte importante das receitas do turismo local.

Segundo donos, funcionários e representantes de hospedagens ouvidos pelo iG , esta será uma temporada atípica, na qual menos argentinos serão vistos no litoral do estado. 

“A ocupação da minha pousada em janeiro costuma ter 90% de argentinos, mas, neste ano, terá 95% de brasileiros”, diz o proprietário de uma das principais hospedagens da Praia do Rosa, em Imbituba (SC), tradicional destino dos estrangeiros no estado.

"Neste Ano Novo, não tivemos nenhum argentino", afirma o funcionário da principal pousada de Canasvieiras, praia de Florianópolis que também costuma rebecer grande número de visitantes de fora. "Agora que começaram a chegar alguns, mas só os que vêm com agência de viagem; os que chegam de carro não estão vindo", afirma.

Segundo o funcionário, a ausência dos argentinos tem sido atenuada por uma ocupação maior dos brasileiros. "Apesar de com certeza ser uma temporada diferente, estamos lotados, com 100% de ocupação, talvez porque também não esteja fácil para os brasileiros viajarem para fora", diz.

A situação é parecida em Balneário Camboriú (SC), onde os turistas estrangeiros representaram mais de 40% dos visitantes de fevereiro do ano passado. Somente naquele mês, a cidade recebeu 137 mil turistas de fora do País.

"Acredito que uma eventual diminuição de argentinos em janeiro e fevereiro seria compensada por turistas brasileiros, que viajam muito nessa época", afirma Dirce Fistarol, diretora de hospedagem do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes e Bares de Balneário Camboriú. "De março em diante, já é uma incógnita", afirma.

"O problema não é econômico, os argentinos continuam tendo dinheiro para viajar, mas sim fiscal, já que eles não conseguem comprar dólares", diz Dirce, que também é proprietára de um hotel na cidade. "Vimos que eles estão usando mais o cartão de crédito, mesmo com a taxa de 15% que pagam para isso", diz.
A Secretaria de Turismo, Esporte e Cultura de Santa Catarina ainda não possui dados de ocupação da temporada atual. Segundo funcionários informaram à reportagem, o órgão irá a campo nesta semana para iniciar a coleta de informações.

Em janeiro do ano passado, turistas estrangeiros responderam por 15% das visitas a Santa Catarina, índice que subiu para 20% em fevereiro. São os visitantes que mais gastam – R$ 79,5 por dia em janeiro, contra R$ 69,6 dos nacionais – e que mais tempo ficam no destino – 10,5 dias em janeiro, contra 7,3 dos nacionais.
Os argentinos respondem por mais de 75% dos estrangeiros que visitaram o estado em fevereiro passado – não há dados para janeiro. Mas em destinos como a Praia do Rosa, Canasvieiras, Ingleses e Balneário Camboriú a importância deles para o turismo é tradicionalmente maior.

Em números absolutos, mais de 600 mil estrangeiros visitaram o litoral catarinense nos três primeiros meses do ano passado, e geraram uma receita superior a R$ 650 milhões para o turismo do estado. Os dados são da Santa Catarina Turismo (Santur).

Entenda o caso
Em 2012, o governo de Cristina Kirchner aprofundou medidas que restringiam a compra de moeda estrangeira pelos argentinos. As novas regras determinavam que eles não poderiam mais comprar dólares para poupar – uma tradição do país, para proteger as economias familiares da inflação.

Além disso, as medidas criavam restrições para a compra de moedas a fim de se fazer viagens de turismo. Essa operação passaria a depender da aprovação da Administração Federal de Ingressos Públicos.

Na prática, quem quiser comprar moeda estrangeira para viajar precisa justificar o valor com base no número de dias no destino, e pode ter a vida fiscal bisbilhotada pelo órgão público, afirmaram alguns cidadãos à reportagem.

O objetivo do governo, segundo especialistas, é forçar a população a poupar usando o desprestigiado peso, além de manter altas as reservas de dólares, importantes para se garantir a estabilidade em tempos de crise financeira internacional.

 http://economia.ig.com.br/2013-01-15/restricoes-a-compra-de-dolar-reduz-numero-de-argentinos-no-litoral-de-sc.html

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