Família da noiva era contra casamento e eles fugiram juntos em 1942.
Atualmente, eles trem três filhos, quatro netos e três bisnetos.
Aos 25 anos, Benedito Pinto Pessoa caminhava pela rua, no Recife,
quando um bonde passou na avenida. Dentro dele, havia uma bela moça.
Era Maria do Monte Andrada, aos 18. Trocaram olhares. Ele pegou o carro,
seguiu o bonde, viu onde a bela moça desceria e foi atrás dela no
portão de casa, na Avenida Rosa e Silva. Este foi o primeiro encontro
dos dois na Zona Norte do Recife, no ano de 1942. Em janeiro do ano
seguinte, eles já estariam casados - às escondidas.
Maria é de Olinda e Benedito, de João Pessoa. Quando se conheceram, os dois moravam no Recife. Ele, a trabalho. “O pai dela não queria que ela casasse, não. Ele achava que eu não tinha condições de cuidar da filha, então eu roubei” conta Benedito, com calma e um tom descontraído.
Maria é de Olinda e Benedito, de João Pessoa. Quando se conheceram, os dois moravam no Recife. Ele, a trabalho. “O pai dela não queria que ela casasse, não. Ele achava que eu não tinha condições de cuidar da filha, então eu roubei” conta Benedito, com calma e um tom descontraído.
Setenta anos depois, por volta das 12h30 neste sábado (19), Maria do
Monte Andrada, agora também Pinto Pessoa, chega em casa com cabelo e
maquiagem impecáveis para comemorar as Bodas de Vinho em um almoço
intimista na própria casa, no bairro de Piedade, em Jaboatão dos
Guararapes, com a presença dos filhos, netos e bisnetos.
Maria conta a história sentada à mesa, junto a várias mulheres que
também anseiam por ouvir tudo novamente. Vez por outra, a senhora
arrisca uma dancinha ao som da música ambiente. “O bonde passou e ele
ficou olhando pra mim. Eu pensei que ele ia esquecer e não ia mais
aparecer. Mas apareceu”, conta ela, aos 88 anos de idade. “Ele tomou o
carro dele e foi acompanhando o bonde. Desceu atrás de mim”, explica.
Naquele momento, conversaram pela primeira vez e desde então começou um
romance que dura até hoje. A história é longa e duradoura, e o Sr.
Benedito, hoje com 95 anos, alerta: “Cuidado para não fazer confusão!”
Vicentina, Eduardo e Lúcia, irmãos de Benedito (ao centro), ajudaram Maria (segunda da direta para a esquerda) a viajar até João Pessoa para realizar o casamento.
O “roubo” diz respeito à fuga que os dois combinaram em 1942. “Fugi de casa, fui casar em João Pessoa”,
conta Maria do Monte. A filha mais velha do casal, a artista plástica
Riccarda Andrada, 65 anos, explica melhor. “O pai dela, Fernando
Andrada, não queria o casamento, então os dois combinaram de fugir na
noite de Natal”, explica ela. A irmã mais nova de Benedito, Maria Lúcia,
veio buscá-la no Recife e levou-a para João Pessoa, para que eles
pudessem realizar o casamento sem problemas.
“No caminho de João Pessoa, pararam o ônibus perguntando por uma Maria.
Perguntei a Lúcia o que fazer e ela pediu que eu ficasse quieta. Eu
pensei ‘pronto, sou eu!’, mas não era. Meu coração bateu tanto que só
Deus sabe”, conta a “noiva”. Ela afirma que foi muito bem recebida pela
sogra na Paraíba, mas a tradição, no entanto, não permitia que eles
ficassem juntos ainda. “Para resguardar a reputação, Lúcia levou-a para a
casa da mãe de Benedito. Ele não dormia em casa com ela para a família
não ficar mal falada”, conta Riccarda.
Na Igreja, correu tudo bem e a celebração aconteceu no dia 9 de
janeiro. Mas como Maria era menor de idade, o casamento civil só poderia
acontecer com o consentimento dos pais. Foi aí que entrou a influência
de fora, segundo Riccarda, a filha mais velha. “No civil, eles casaram
aqui no Recife no dia 19 de janeiro de 1943. Um juiz amigo da família
disse para minha avó que se Fernando não desse autorização, ele dava,
como juiz, para que eles pudessem casar no civil”, explica. E deu certo.
Maria do Monte e Benedito com a filha mais velha, Riccarda, e uma das netas, Érica.
Só cinco anos depois da união nasceu Riccarda Andrada. Nesse meio
tempo, eles compraram um carro, uma casa e Maria do Monte também havia
começado a trabalhar como funcionária pública, como o marido, para
ajudar nas despesas. "Era um amor roxo, eles viviam saindo juntos, o
tempo inteiro para todo lugar", conta a filha do casal. Atualmente, o
casal tem três filhos, quatro netos e três bisnetos. No caminho da mesa
do almoço, Maria esquece a idade e cumprimenta os familiares arriscando
outros tímidos passinhos de dança. “Comemorar 70 anos de casada pra mim
foi uma felicidade só”, relata.
Para os filhos, a sensação também é grandiosa. “Foi surpreendente.
Nossa família sempre comemorou datas especiais e quando descobrimos que
já eram 70 anos de casados, achamos que tínhamos que comemorar, a data
não poderia passar em branco”, conta Riccarda. Nos pequenos detalhes, o
casal dava a entender que a celebração tinha motivo e os anos tinham
valido a pena: durante o almoço, era possível ver Maria e Benedito
dando-se as mãos vez por outra.
http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2013/01/casal-foge-do-recife-nos-anos-40-e-hoje-comemora-70-anos-de-uniao.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário