O Grupo Gay da Bahia, a mais antiga associação de defesa dos direitos
humanos dos homossexuais no Brasil, divulgou nesta quinta-feira (10), o
Relatório de Assassinato de LGBT de 2012. No ano passado, 338
homossexuais foram assassinados no país, o que significa uma morte a
cada 26 horas. Os números mostram um aumento de 21% em relação a 2011,
ano em que houve 266 mortes, e um crescimento de 177% nos últimos sete
anos.
Os homens homossexuais lideram o número de mortes, com 188 (56%),
seguidos de 128 travestis (37%), 19 lésbicas (5%) e dois bissexuais
(1%).
De acordo com o estudo, o Brasil está em primeiro lugar no ranking
mundial de assassinatos homofóbicos, concentrando 44% do total de mortes
de todo o planeta, cerca de 770. Nos Estados Unidos, país que tem cerca
de 100 milhões a mais de habitantes que o Brasil, foram registrados 15
assassinatos de travestis em 2011, enquanto no Brasil, foram executadas
128.
No país
Segundo o grupo, São Paulo é o Estado onde mais homossexuais foram
assassinados em números absolutos, 45 vítimas, e Alagoas é o Estado mais
perigoso para homossexuais em termos relativos, com um índice de 5,6
assassinatos por cada milhão de habitantes. Para toda a população
brasileira, o índice é 1,7 vítima LGBT por milhão de brasileiros.
O Acre se destacou com nenhuma morte nos últimos dois anos, seguido de
Minas Gerais, cujas 13 ocorrências representam 0,6 morte para cada
milhão de habitantes.
Segundo o coordenador do estudo e antropólogo da UFBA (Universidade
Federal da Bahia) Luiz Mott, não se observou correlação entre
desenvolvimento econômico regional, escolaridade, religião, raça,
partido político do governador e maior índice de homofobia letal.
"Esses números representam apenas a ponta de um iceberg de violência e
sangue, já que nosso banco de dados é construído a partir de notícias de
jornal, internet e informações enviadas pelas organizações LGBT, e a
realidade deve certamente ultrapassar em muito essas estimativas",
explica.
"Dos 338 casos, somente em 89 foram identificados os assassinos, sendo
que em 73% não há informação sobre a captura dos criminosos, prova do
alto índice de impunidade nesses crimes de ódio e gravíssima homofobia
institucional/policial que não investiga em profundidade esses
homicídios", afirma Mott.
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