Mesmo com avanço na última década, formação educacional no Brasil ainda é inferior à de países desenvolvidos
Apesar dos recentes avanços na educação, o Brasil está longe de ter
seus trabalhadores com o mesmo nível de escolaridade dos países
desenvolvidos. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)
mostra que 19,2 milhões de pessoas (11,5% da população nessa faixa
etária) com mais de dez anos não têm nenhuma instrução ou estudaram
menos de um ano.
Um reflexo do lento avanço, nos últimos dois anos, da escolaridade:
em média, os brasileiros tinham 7,3 anos de estudo em 2011, ante 7,2
anos em 2009. E os reflexos disso aparecem no mercado de trabalho.
"Nos EUA, já em 1960, mais de 60% dos trabalhadores tinham pelo menos
ensino médio completo e, hoje em dia, quase 90% da população está nessa
situação", diz Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de
Políticas Públicas do Insper.
No Brasil, o cenário é bem diferente. A mão de obra ocupada tem, em
média, apenas 8,4 anos de estudo, somente 12,5% dos trabalhadores têm
ensino superior completo, e o ensino médio só foi concluído por 46,8%
dos trabalhadores. Apenas 6,6 milhões de brasileiros estão cursando uma
universidade e 73,2% deles estão na rede privada.
A educação ganha importância quando se observa que 53,6% dos
desempregados não têm nível médio. E os mais jovens (33,9% tinham entre
18 e 24 anos de idade) e sem experiência (33,9% nunca trabalharam)
formam essa população. "Mesmo com a desocupação tendo recuado quase 20%
em dois anos, o mercado de trabalho impõe barreiras. A má formação
deixou muitos jovens para trás", diz Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa
Mensal de Emprego (PME), do IBGE.
Informalidade. A qualidade maior dos empregos
aparece no grau da informalidade. Os trabalhadores sem carteira assinada
e os por conta própria, que eram 55,1% dos ocupados em 2001, agora
representam 45,4%. A proporção de trabalhadores com baixa qualificação
(agricultores, domésticos, ocupados no transporte e na segurança) caiu
de 38%, em 2002, para 31,8%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), em estudo com os números da Pnad.
Já os de média qualificação (escriturários, atividades de atendimento
ao público e vendedores) aumentaram sua participação de 42,8% para
47,2%. "O grupo com 11 anos de estudo ou mais cresceu 22 milhões de 2001
a 2011", afirma Miguel Foguel, do Ipea, coordenador do estudo.
Jessica Gomes, de 21 anos, ainda não concluiu o ensino médio, mas já
fez curso de fotografia digital e básico de informática em busca de uma
colocação, em Pernambuco. Ela nunca trabalhou, deixou currículos em
empresas, mas não recebeu propostas. Seu irmão de 17 anos, porém, já
trabalha. "Homem tem mais facilidade para arranjar emprego."
Mulheres. Amiga de Jessica, Érica Gomes Santana, também de 21
anos, concluiu o ensino médio, não fez vestibular e espera ser chamada,
pois enviou currículos a várias empresas de Recife. "Já trabalhei
informalmente na distribuição de panfletos. Também estou sem emprego."
As mulheres realmente sofrem mais com o desemprego. A taxa para elas era
de 9,1% em 2011, ante 4,9% dos homens.
A taxa de analfabetismo
elevada anuncia um futuro incerto a milhões de brasileiros. O País tem
12,9 milhões de pessoas que não sabem ler nem escrever, uma taxa de 8,6%
em 2011. Mas já foi pior: em 2009, era de 9,7%.
As estatísticas também revelam o chamado analfabetismo funcional,
representado por 20,4% das pessoas com 15 anos ou mais, com menos de
quatro anos de estudo completos.
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