Barbosa descarta possibilidade de Câmara dar asilo a deputados condenados
Presidente do STF diz que político não define local da prisão
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e relator do processo do
mensalão, ministro Joaquim Barbosa, afirmou nesta quinta-feira (20),
que não há possibilidade do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS),
conceder abrigo aos deputados condenados no processo. Segundo ele, uma
autoridade política não pode definir quem e onde fica preso.
— Não existe essa possibilidade. Quem tem a prerrogativa da jurisdição no Brasil é o poder Judiciário.
As declarações foram dadas durante entrevista coletiva concedida a
jornalistas, no STF, em Brasília. O ministro rebateu o argumento do
presidente da Câmara que afirmou, nesta quinta-feira, não descartar a
possibilidade de “abrigar” os parlamentares condenados, se Joaquim
Barbosa determinar a prisão imediata.
Como a Polícia Federal não tem autorização para entrar no Parlamento,
os parlamentares estariam "a salvo" da prisão. Apesar de não negar esta
hipótese, Maia disse que não acredita que Barbosa acate o pedido do
Procurador-Geral da República de prender imediatamente os parlamentares
já condenados no processo do mensalão.
— É uma suposição tão vaga que nem acredito que isso possa acontecer. [E se acontecer], aí teremos que pensar no que fazer.
De acordo com Barbosa, é o STF que vai definir quem vai preso e onde se dará a prisão.
O pedido para que os condenados sigam imediatamente para cadeia foi
feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. O relator do
mensalão afirmou que amanhã anunciará sua decisão a respeito da petição.
Marco Maia volta a afirmar que tarefa de cassar deputados é da Câmara
Presidente da Casa defende decisão por voto direto em plenário
O presidente da Câmara, Marco Maia, voltou a dizer nesta quinta-feira
(20) que a prerrogativa constitucional de cassação de deputados federais
pertence à Câmara e não pode ser retirada pelo STF (Supremo Tribunal
Federal).
A declaração é um recado ao STf, que cassou os mandatos de três
deputados condenados no mensalão. Maia reafirmou que a Constituição é
clara ao estabelecer que a decisão sobre a cassação se dará pela Câmara,
depois de instalado o processo pela Mesa Diretora ou por partido.
— Quem toma essa decisão é o Plenário, por voto secreto. Não se trata
de discutir as penas imputadas, e sim as prerrogativas de cada um dos
poderes da República.
Segundo Maia, a Constituição é clara ao instituir a harmonia e
complementaridade entre os poderes da República e ao definir seus
respectivos papéis.
— Sempre é razoável que um poder evite o máximo possível entrar em prerrogativas que são de outro poder.
De acordo com o presidente da Câmara, a cassação de mandatos deve ser
sempre muito bem discutida e precisa passar pelo crivo do próprio
Parlamento.
— Só quem pode cassar mandatos de quem foi legitimamente eleito pelo
povo são outros parlamentares legitimamente eleitos pelo povo.
Para ele, essa ideia é uma das bases de um regime democrático. Sobre
eventual demora nos processos de cassação, Maia disse que os processos
têm que seguir o rito estabelecido pela legislação.
Ele considera natural ainda que uma decisão tomada por 513 deputados
seja mais lenta do que uma tomada por um colegiado de 11 membros, como é
o caso do STF.
http://noticias.r7.com/brasil/barbosa-afasta-possibilidade-de-camara-abrigar-deputados-condenados-20122012
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