domingo, 29 de setembro de 2013

Consultoria simulada levou R$ 52 mi de cartel, diz Polícia Federal


Empresas acusadas de fraude em licitações de trens no Estado de São Paulo pagaram R$ 52 milhões a firmas de consultoria investigadas pela Polícia Federal sob a suspeita de repassar propina a políticos e funcionários públicos desde o fim da década de 1990.

Algumas dessas consultorias foram identificadas pela primeira vez em inquérito aberto pela PF em 2008 para investigar negócios da multinacional francesa Alstom com empresas do setor elétrico e de transporte, controladas pelo governo estadual.

Neste ano, a PF ampliou o foco das investigações para empresas denunciadas pela alemã Siemens ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) como participantes de um cartel que combinou o resultado de várias concorrências do Metrô e da CPTM entre 1998 e 2008.

De acordo com a PF, que examinou a movimentação financeira de quatro consultorias sob suspeita, elas receberam repasses da Alstom e de duas outras empresas acusadas de participar do cartel, a canadense Bombardier e a brasileira Tejofran.

PROPINA
A polícia trabalha com a hipótese de que essas consultorias simulavam a prestação de serviços e eram usadas para distribuir propina a políticos e funcionários ligados ao PSDB, que governa o Estado de São Paulo desde 1995.

A Siemens também é alvo de investigações da polícia. Em 2008, um executivo da empresa apresentou anonimamente uma denúncia à direção da companhia na Alemanha e afirmou que ela também usou consultorias brasileiras para repassar propina a políticos e funcionários.

Segundo a PF, a Alstom pagou R$ 45,7 milhões à consultoria MCA, do empresário Romeu Pinto Jr. na época dos repasses.

O dinheiro foi depositado em contas controladas por ele no Brasil e na Suíça.

Em depoimentos à PF e ao Ministério Público, em 2009 e 2012, o consultor disse que não prestou os serviços indicados nos recibos entregues à Alstom e que foi usado para distribuir propina. Pinto Júnior afirmou que entregava o dinheiro a motoboys de doleiros e não sabe a quem ele foi repassado depois.

De acordo com os relatórios da PF sobre a movimentação financeira dessas empresas, a Alstom também transferiu R$ 4,8 milhões à ENV, pertencente ao consultor Geraldo Villas Boas, e à Acqua-Lux, controlada por Sabino Indelicato, ligado a Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.

Marinho foi chefe da Casa Civil no governo de Mário Covas, entre 1995 e 1997, e é investigado em outro inquérito por ter foro privilegiado.

A atual diretoria da Alstom diz desconhecer as investigações da PF. Em depoimento à polícia, Villas Boas e Indelicato negaram que o dinheiro fosse destinado a políticos.

A Bombardier e a Tejofran pagaram R$ 1,5 milhão entre 2005 e 2009 à consultoria BJG, controlada pelo ex-secretário estadual de Transportes Metropolitanos José Fagali Neto, que começou a ser investigado pela PF em 2008, quando foram descobertos depósitos da Alstom em seu nome na Suíça.

A Justiça da Suíça bloqueou US$ 6,5 milhões depositados no exterior após encontrar o nome de Fagali Neto em papéis da Alstom que faziam referência ao pagamento de propina no Brasil.

A Bombardier diz que contratou a BJG para assessorá-la em concorrências, fazendo pagamentos "absolutamente lícitos". A Tejofran diz que os valores pagos são compatíveis com as consultorias.

Como a Folha revelou no último dia 23, Fagali Neto recebia informações sobre planos do governo estadual de um alto funcionário da Secretaria de Transportes Metropolitanos, Pedro Benvenuto, que pediu demissão após a revelação.

O delegado Milton Fornazari, responsável pelas investigações da PF, indiciou Fagali Neto e os outros três consultores por suspeita de corrupção ativa. Fagali Neto diz que pode provar que suas consultorias existiram.

A PF entregou relatório sobre os negócios da Alstom em São Paulo em agosto de 2012, mas o procurador Rodrigo de Grandis considerou que a investigação era insuficiente para levar o caso à Justiça e pediu novas apurações. Ele demorou mais de um ano para chegar a essa conclusão.

OUTRO LADO
As empresas investigadas pela Polícia Federal sob a suspeita de terem usado consultorias para repassar propina negam ter pago suborno.

Em nota, a Bombardier diz que Jorge Fagali Neto prestou consultoria para projetos que incluíam a sinalização de uma estrada de ferro na Colômbia, sinalização de transporte ferroviário urbano no Brasil e modelagem para a reforma de trens da CPTM.

A companhia afirma ter todas as notas e contratos e que os pagamentos à BJG foram feitos "pelos meios oficiais, tanto que foram identificados no relatório da PF".

A Bombardier diz que "repudia qualquer conduta que fuja aos altos padrões éticos".

A Tejofran diz que não conseguiu checar se o valor dos contratos com a BJG foi de R$ 978 mil por se tratar de registros contábeis antigos. Nega ter pago propinas e diz que o valor é compatível com suas atividades na época.

A Alstom diz que "desconhece o teor das investigações" da PF. Nesse inquérito são acusados ex-executivos da Alstom e a atual diretoria não foi chamada pela PF.

Os consultores Romeu Pinto Jr. e Sabino Indelicato não quiseram se manifestar.

O advogado Belisário dos Santos Jr., que defende Jorge Fagali Neto, diz que ele "pode demonstrar que prestou todos os serviços de consultoria". Em depoimento ao Ministério Público, Fagali Neto afirmou que não tinha contas no exterior e não cometeu crimes. Na casa de Geraldo Villas Boas, a informação é de que ele estava viajando.
editoria de arte

China inaugura em Xangai a primeira zona franca do país

A China inaugurou ontem em Xangai a primeira zona franca do país, projetada como um laboratório das reformas que o governo promete para reduzir a presença do Estado na economia e torná-la mais atraente aos investidores estrangeiros.

Além da livre conversão do yuan, a moeda chinesa, a zona franca de Xangai vai testar a adoção de taxas de juros determinadas pelo mercado e não pelo Banco do Povo da China (PBOC, o banco central chinês).

O plano inclui o relaxamento de restrições ao investimento estrangeiro e ao fluxo de capitais. Será reduzido o controle sobre 18 áreas do setor de serviços, de transações financeiras ao comércio marítimo.

Outros setores até agora sob forte restrição, em que empresas estrangeiras poderão operar na nova zona franca de forma experimental, são educação, saúde, assessoria legal e engenharia.

A expansão do setor de serviços é uma das prioridades do projeto de reformas do governo chinês, que busca aumentar o consumo nos próximos anos para depender menos de investimentos e da indústria exportadora.

Na cerimônia de abertura, 36 empresas ganharam licença para operar na nova zona franca, que cobre uma área de 28,78 quilômetros quadrados na periferia de Xangai.

Por ora, só dois bancos estrangeiros terão operações na área, Citigroup e DBS, de Cingapura.

Em um sinal da expectativa gerada pela nova zona franca, a mídia estatal chegou a compará-la com a primeira Zona Econômica Especial de Shenzhen, criada em 1980, que tornou-se um símbolo da pioneira abertura econômica inaugurada pelo então presidente, Deng Xiaoping.

ÁGUA FRIA
Considerado o pai do novo projeto de reformas, o premiê Li Keqiang era esperado na cerimônia de abertura, mas não apareceu. Sua ausência foi vista por observadores como um sinal de que o governo chinês quer baixar as expectativas em relação à zona franca.

Analistas também manifestam cautela sobre os resultados a curto prazo. Numa sondagem realizada pela agência Bloomberg, 16 entre os 17 analistas consultados disseram que a zona franca terá impacto mínimo no crescimento econômico da China nos próximos anos.

China inaugura primeira zona franca

Operário trabalha na região da nova zona franca chinesa, inaugurada em Xangai
BRASILEIROS
Inicialmente a nova zona franca não deverá ter impacto significativo para empresas brasileiras, afirmaram especialistas consultados pela Folha, que pediram para não ser identificados.

Empresas financeiras brasileiras não costumam estar na vanguarda desse tipo de experimento, afirmam.

Como exemplo de oportunidade pouco explorada pelos brasileiros, um dos analistas citou a internacionalização do yuan iniciada em 2009, e a criação de serviços financeiros na moeda chinesa, como emissão de títulos.

Folha apurou que o Banco do Brasil foi convidado a operar na zona franca e está estudando a possibilidade.

Presente na China com um escritório de representação desde 2010, o BB está com quase tudo pronto para abrir uma agência em Xangai, a primeira de um banco brasileiro no país. Isso deve ocorrer em janeiro.

Entre as informações que circularam no últimos mês esteve a de que a zona franca de Xangai passaria a centralizar o comércio de alimentos, inclusive tendo papel de formação de preços.

Se confirmado, esse protagonismo poderia ter impacto na exportação de commodities agrícolas do Brasil.

Questionado pela Folha na entrevista de apresentação da zona franca, Yin Zong Hua, chefe de relações internacionais do ministério do Comércio, deu uma resposta vaga: "A meta é promover o comércio como um todo".


Novos genéricos renderão R$ 1 bi em 2014

Dez novos medicamentos de referência devem ter suas patentes vencidas até o final deste ano, aponta levantamento da PróGenéricos (associação das indústrias de medicamentos genéricos).

Esses produtos movimentaram uma receita de cerca de R$ 760 milhões nos últimos 12 meses no varejo farmacêutico brasileiro.
Editoria de Arte/Folhapress
A lista é a de maior vulto dos últimos cinco anos, segundo a entidade.

Com o vencimento das patentes, a expectativa do setor é de, pelo menos, dobrar o consumo dos remédios --o que representará uma receita de cerca de R$ 1 bilhão e uma expansão de 10% da indústria de genéricos.

Entre as moléculas que podem ganhar versões genéricas estão a tadalafila, presente no fármaco Cialis, do laboratório americano Eli Lily.

O produto, utilizado para o tratamento de disfunção erétil, custa, em média, R$ 326 (a caixa com 28 comprimidos de cinco miligramas), segundo a PróGenéricos. A versão genérica poderá custar até R$ 212,27.

O Cialis respondeu sozinho pelo faturamento de aproximadamente R$ 256 milhões no acumulado de setembro de 2012 a agosto de 2013.

"São produtos com apelo de mercado muito forte, e o setor está preparado para produzi-los", diz Telma Salles, presidente da entidade.

Outra substância de destaque é a duasterida, princípio ativo da Avodart, comercializada pela farmacêutica GlaxoSmithKline --esse poderá ser o primeiro produto genérico para tratar o aumento benigno da próstata.
Zé Carlos Barretta-26.jul.2012/Folhapress
Telma Salles, presidente da entidade
Telma Salles, presidente da entidade
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Setor têxtil deve encerrar 2013 com estagnação, diz consultoria
A indústria têxtil deve fechar 2013 com a produção estagnada. A projeção de crescimento do setor para este ano foi reduzida de 3% para 0% pela consultoria LCA.
Em julho, o segmento avançou 1,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado, mas a alta foi suficiente apenas para compensar a baixa em percentual idêntico que havia sido registrada no mês anterior.

Editoria de Arte/Folhapress
De janeiro a julho, a produção têxtil acumula recuo de 3,9% em relação aos sete meses iniciais de 2012.

As importações, que cresceram 10,3% no mesmo período, influenciaram de forma negativa o setor.

"Houve uma mudança no câmbio que, a princípio, favorece a produção industrial porque facilita a competição com o importado. Mas essa ajuda não está sendo tão forte quanto a gente havia avaliado", diz Fernando Sampaio, sócio da empresa.

No mercado interno, uma das causas é a demanda reduzida por conta do menor poder de compra da população e da taxa de endividamento das famílias.

Esse cenário deve permanecer até o final deste ano, segundo a consultoria.
A indústria de vestuários também tem índice negativo --o recuo foi de 1,9% no acumulado de janeiro a julho.
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Pacote de obras em terminais tem aporte de R$ 95 mi no DF
O governo do Distrito Federal vai investir cerca de R$ 95 milhões em um conjunto de obras que prevê a construção de novos terminais rodoviários e a reforma de estações já existentes.

O pacote inclui 12 novas estruturas em cidades-satélite como Gama, Santa Maria, Ceilândia, Samambaia, Recanto das Emas, Sobradinho e Riacho Fundo 2.

Também serão reformados terminais nessas e em outras localidades e construídos 70 quilômetros de ciclovias.

Ao menos sete dessas obras já estão com licitações em andamento.
"O objetivo é melhorar a integração do transporte público", diz Genésio Vicente, subsecretário de Captação de Recursos do Distrito Federal.

De início, não há planos para repasse da gestão dos terminais ao setor privado --a administração será feita pelo próprio governo distrital.

Os recursos foram obtidos por meio de empréstimo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). O governo terá 20 anos para pagar, após cinco de carência.
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Nobres rumos
O destino preferido dos turistas brasileiros de alta renda são os Estados Unidos, indica levantamento da Premium Assistance, empresa do grupo Omint especializada em seguro para viagens de alto padrão.

Dos 10 mil vouchers emitidos entre janeiro e setembro deste ano, 34,3% eram para o país norte-americano.

Editoria de Arte/Folhapress
Em seguida, vêm França (5,8%), Itália (4,4%) e Espanha (4,2%). Argentina e Chile representam a América do Sul no ranking dos dez países mais visitados. No total, já foram emitidos tíquetes para 83 destinos.

"Uma fatia importante dos nossos clientes que viajam aos Estados Unidos, sobretudo a Miami, vão para comprar enxoval para bebês", diz o diretor-geral da companhia, André Coutinho.

Com essa informação em mãos, a firma passou a oferecer um pacote que não cobra adicional de gestantes.

Outros grupos que devem ser contemplados com planos especiais no futuro são estudantes e atletas que viajam para participar de maratonas, afirma Coutinho.

Criada em 2012, a empresa deve fechar o ano com 15 mil vouchers impressos.
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Pílulas novas
O laboratório Mundipharma, fabricante de medicamentos para dor crônica, acaba de inaugurar um escritório no Brasil.

A empresa pretende lançar, nos próximos cinco anos, 15 novos remédios no mercado brasileiro.

As drogas serão produzidas nas fábricas que a companhia possui na Carolina do Norte (Estados Unidos) e em Cambridge (Inglaterra).

Até 2018, a companhia projeta ter entre 12% e 15% do mercado, diz Raman Singh, diretor da companhia para Ásia, América Latina, Oriente Médio e norte da África.

Espionagem e armas químicas

Revela muito da psicologia dos poderosos a diferença de tratamento às armas químicas, de um lado, e à espionagem, do outro. São ambas formas de agressão, ambas contrárias à lei internacional. Os gases venenosos causam, é óbvio, dano incalculavelmente maior que os espiões. Mas não se deve somente a isso a condenação peremptória no primeiro caso e a benevolente indulgência no segundo.

Armas como as químicas ou bacteriológicas acrescentam pouco ou nada à superioridade absoluta dos grandes. Ao alcance até de países de terceira ordem como a Síria, permitem aos menores infligir perdas aos maiores numa guerra assimétrica. Foram banidas principalmente porque a Primeira Guerra Mundial mostrou que elas não ofereciam a nenhum lado uma vantagem decisiva e traziam prejuízo a todos.

Outras armas não menos hediondas, como as atômicas, as minas contra pessoas, as bombas de fragmentação e as incendiárias, continuam a fazer parte dos arsenais das grandes potências, que sabotam as tentativas de proibi-las. Nesses exemplos, existe ainda a convicção ou ilusão de que a relação custo-benefício possa ser vantajosa.

Motivo parecido explica porque ninguém leva a sério a ideia de proibir a espionagem. Da mesma forma que os mísseis intercontinentais e os porta-aviões nucleares, a espionagem tecnológica não está ao alcance de qualquer um. É atividade reservada aos "happy few", aos raros dotados de meios tecnológicos e organizacionais necessários, no fundo pouco mais que o número dos dedos de uma mão: EUA, Rússia, China, Israel, Inglaterra, França.

Convencidos de serem capazes de neutralizar os rivais, podem espionar o resto do mundo sem maiores problemas, não tendo por isso incentivo para banir a espionagem contra governos ou grandes empresas. A prova de que ela goza na prática de relativa tolerância, como um "fato da vida", é que os espiões, quando pegos, já não são executados, mas conservados para serem trocados por outros espiões.

Mais alarmante é o poder dos EUA para espionar todos os cidadãos do mundo, em uma espécie de Inquisição onipresente. É clara aqui a violação da Declaração dos Direitos Humanos e do Pacto de Direitos Civis e Políticos, que asseguram a proteção do direito de cada um à privacidade da correspondência. Se o argumento é que a defesa contra o terrorismo ou outro valor justifica suspender a privacidade, é preciso definir quem teria autoridade para tanto, as circunstâncias justificativas e a proporcionalidade e moderação dos meios. Em outras palavras, deve-se negociar uma convenção que regule o direito à privacidade e suas exceções, conforme a Alemanha propôs ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU.

Muito mais grave que a espionagem é a ausência de consenso para negociar a proibição da guerra cibernética, o uso da internet para desorganizar os sistemas vitais de outros países. Para resolver problema global como esse, não existe nenhuma alternativa fora da ONU. Infelizmente, Obama, que tanto falou sobre a volta ao multilateralismo, acomodou-se ao poder unilateral dos EUA e se tornou parte do problema, não da solução.


Casal cujo filho morreu de câncer aos 11 ajuda a criar casa de cuidado paliativo para crianças

Francesco Beira, filho do empresário Waldir Beira Júnior, 48, e da psicóloga Priscila Machado, 39, morreu em 2011, aos 11 anos, por consequência de um tumor cerebral. Na reta final, os pais decidiram cuidar dele em casa. Nesta terça (1º) será aberto em São Paulo um centro de cuidados paliativos para crianças, com a ajuda de recursos doados pela família.

Eduardo Anizelli/Folhapress
O empresário Waldir Beira Junior e a psicóloga Priscila Machado Beira no quarto do filho Francesco, que morreu aos 11 anos
O empresário Waldir Beira Junior e a psicóloga Priscila Machado Beira no quarto do filho Francesco, que morreu aos 11 anos
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O Francesco nasceu uma criança normal, saudável. Quando tinha um ano e cinco meses, acordou um dia com o pescoço torto. Levamos ao pediatra e ele achou que podia ser torcicolo.

Dias depois, apresentou vômitos em jatos, levamos de novo ao médico e descobrimos um tumor que ocupava um quarto do seu cérebro.

O primeiro neurocirurgião não deu esperança. Aconselhou-nos a voltar para casa e esperar o fim. Inconformados, consultamos outro neuro, que indicou a cirurgia.

Após 14 horas de intervenção, foi possível remover toda a massa tumoral. Ele ficou com sequelas, precisou de traqueostomia para respirar e sonda para se alimentar. Também não falava e não movimentava o braço direito.

Iniciamos uma série de terapias, ele melhorou bastante, mas três meses depois uma nova ressonância apontou que o tumor tinha voltado quase do mesmo tamanho. Outra cirurgia foi feita.

Ao todo, foram sete recidivas do câncer, seguidas de cirurgias, químio por nove anos e 30 sessões de radioterapia.

ATIVIDADES
Mesmo assim, Francesco era uma criança feliz. Com muita físio e outras terapias, conseguiu desenvolver bem a coordenação motora. Nadava, pintava, ia para a escola. Viajou com a gente para a Europa, para a Disney.

Arrastava um pouco a perna, tinha a boquinha um pouco torta, mas brincava como qualquer criança.

Em 2009, ele teve a recidiva no lugar mais nobre do cérebro, no tronco cerebral.

Continuamos a químio, mas não havia mais nada a fazer. Foi necessário colocar uma válvula intracraniana.

Ele começou a apresentar uma decadência física grande, não andava, não fazia xixi, cocô.
O neuro decidiu fazer uma cirurgia para melhorar a qualidade de vida, tirando um pouco da massa tumoral. Era uma cirurgia arriscada, sabíamos que o caso era incurável, mas confiávamos que ele teria mais qualidade de vida.

E, dentro daquela situação, ele teve. Já na UTI recuperou alguns dos estímulos.
Intensificamos as terapias [além do oncologista e de uma clínica-geral, fisioterapeutas, fonouaudióloga, terapeuta ocupacional e psicóloga cuidavam do menino], ele teve uma melhora visível.

Mas a saúde dele piorou em abril de 2010. Teve um sangramento no cérebro. Passou a usar cadeira de rodas, não falava, respirava graças a uma traqueostomia.

Intensificamos as sessões de reabilitação, mas ele não respondia. Para não estressá-lo, decidimos manter só as terapias necessárias para a qualidade de vida. Dispensamos uma fonoaudióloga. Meu filho não iria mais falar. Mantivemos a fisioterapeuta. Não queríamos vê-lo atrofiar.

PASSEIOS
Decidimos que ele teria mais prazer. Bloqueávamos um dia da semana para passear. Na cadeira de rodas, com o aparelho de respiração, enfermeira, íamos a museus, parques.

Ele foi ficando pior. Para a comunicação, usávamos uma folhinha com as letras, e ele ia apontado para cada uma com o dedo da mão esquerda até formar as palavras.

Tinha dificuldade para dormir e a gente não descobria por quê. Até que ele disse que tinha medo de passar mais um Natal no hospital. Já tinha passado três internado. Prometemos que ele passaria aquele Natal em casa.

No dia 17 de dezembro, ele entrou em coma e tivemos que interná-lo às pressas. Ele saiu do coma, só mexia os olhos. Conseguimos levá-lo para casa na manhã do dia 25. Cumprimos a promessa, ele passou o Natal em família. Mas, no dia 27, o aniversário dele, já tinha voltado para a UTI do hospital.

CONFORTO
No início de janeiro de 2011, cientes de que a medicina não podia fazer mais nada por ele, o trouxemos para casa. Ele precisava dormir bem, longe do barulho incessante, da luz forte e das manipulações [exames, medição de pressão, aspiração] da UTI. Enquanto víamos perspectiva de cura, o hospital era a tábua de salvação. Depois, passou a ser um fardo.

Queríamos que ele tivesse paz e montamos uma UTI no quarto dele. Concentrávamos as manipulações em um determinado horário e ele tinha horas de tranquilidade.

Nessa reta final, ele só mexia o olho direito, no sentido vertical. Um olhar para cima era sim, e para baixo, não.

Ele esteve lúcido o tempo todo, as irmãs [Giovanna, hoje com 15 anos, e Chiara, 5] iam brincar com ele. Ele colecionava carrinhos e, da cama, continuamos comprando brinquedos pela internet.

Montamos uma rotina para dar paz a ele até o final. Ouvíamos música. Deitávamos com ele na cama e ficávamos abraçados, beijando-o. Começamos a lembrar os bons momentos juntos.

Na semana da sua partida, numa terça-feira, ele entrou em coma. Não acordou mais. No sábado, teve morte cerebral. No domingo, acordamos com o alarme das máquinas. O monitor mostrava os batimentos cardíacos caindo. Segurei [Waldir] uma mãozinha dele e a Giovanna pegou a outra. Às 10h45, o coração parou. Era 13 de fevereiro de 2011. Ele tinha 11 anos.

Foi uma experiência intensa. Pensamos nas mães cujos filhos estão morrendo sozinhos na UTI, olhando para o teto. Sem a companha dos pais, dos irmãos, justamente no momento em que um mais precisa do outro.

Foi pensando na importância desse cuidado, do amor e carinho no fim da vida, que decidimos apoiar financeiramente a construção do hospice. Usamos os recursos da conta do Francesco.

Oferecer a uma outra criança tudo aquilo que o nosso filho teve de bom no fim da vida era o melhor que tínhamos a fazer.


Jornalista do Guardian diz que Brasil deve ter uma internet própria

O jornalista do britânico The Guardian, Gleen Greenwald, afirmou que o Brasil e a Argentina deveriam ter uma internet própria para evitar a espionagem dos Estados Unidos, em uma entrevista publicada neste domingo no jornal argentino Página 12.
"Há uma consciência real de que a Argentina e o Brasil estão construindo uma internet própria, assim como a União Europeia, algo que até agora só fez a China", afirmou Greenwald em entrevista concedida no Brasil, onde mora há vários anos.
O jornalista americano que divilgou no Guardian informações sobre a espionagem de Washington repassadas por Edward Snowden, ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA), atualmente refugiado na Rússia.
"Creio que a solução seria criar um lobby entre os países, que os países se unam para ver como construir novas pontes para a internet que não permitam que um país domine completamente as comunicações", insistiu.
Para ele, o objetivo da Casa Branca é controlar a informação para aumentar seu poder no mundo.
Depois dos atentados das Torres Gêmeas em Nova York, os americanos querem "utilizar o terrorismo mundial para que as pessoas tenham medo e possam agir com as mãos livres", afirmou. "É uma boa desculpa para torturar, sequestrar e prender", disse ainda.
Greenwald defendeu o vazamento de informação feito por Snowden e anteriormente pelo Bradley Manning (atual Chelsea Manning), recentemente condenado a 35 anos de prisão por ter entregue documentos a Julian Assange, fundador do site WikiLeaks.
Para o jornalista, Assange (refugiado desde junho de 2012 na embaixada do Equador em Londres) "é um herói pelo trabalho que fez no WikiLeaks porque foi ele que plantou a ideia de que, na era digital, era muito difícil para os governos proteger seus segredos sem destruir outra privacidade".
Depois das revelações de espionagem no Brasil, que incluiu a presidente Dilma Rousseff, a chefe de Estado brasileira suspendeu a visita de Estado que faria a Washington em 23 de outubro.
Além disso, Dilma pronunciou um discurso muito crítico sobre o tema em seu discurso na semana passada, na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York.
Em função da delicada situação, o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, reuniu-se na sexta com o secretário de Estado americano, John Kerry, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York, em um encontro solicitado pelos EUA para aplacar a grave crise desencadeada pelo escândalo de espionagem.
Depois do escândalo, os chanceleres e ministros da Defesa do Brasil e Argentina também se reuniram em Buenos e concordaram em enfrentar de maneira conjunta a questão da espionagem na região.

Polícia chinesa resgata 92 crianças sequestradas para serem vendidas

PEQUIM, 28 Set (Reuters) - A polícia chinesa resgatou 92 crianças e duas mulheres sequestradas por uma gangue que pretendia vendê-las e prendeu 301 suspeitos, disse a mídia estatal neste sábado, em uma das maiores operações do tipo em anos.

A polícia se lançou ao mesmo tempo em locais em 11 províncias recentemente, depois de seis meses de investigações, informou a agência de notícias estatal Xinhua e a Televisão Central da China, citando o Ministério de Segurança Pública.

Não foi fornecida uma data exata de quando as crianças foram resgatadas e as prisões feitas. A mídia estatal também não disse quantos meninos e quantas meninas foram sequestrados.

Uma preferência tradicional por meninos, principalmente nas áreas rurais, e uma rígida política de filho único contribuíram para um aumento no tráfico de crianças e mulheres nos últimos anos.
 
Mulheres sequestradas são vendidas em áreas remotas para homens que não conseguem encontrar esposas devido ao desequilíbrio de gênero resultante da draconiana política de filho único, que também encoraja abortos seletivos.

O governo irá impor punições mais duras sobre quem comprasse crianças sequestradas, disse a televisão estatal.

 http://br.noticias.yahoo.com/pol%C3%ADcia-chinesa-resgata-92-crian%C3%A7as-sequestradas-para-serem-132159070.html

Contas do governo federal têm pior agosto em 17 anos

Mesmo com arrecadação tributária em alta, resultado foi ruim

K-G
Justificativa. Arno Augustin disse que o maior impacto veio do 13º de aposentados e pensionistas.
 
Brasília. O aumento dos gastos de custeio (manutenção da máquina pública) fez o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrar o pior esforço fiscal da história para meses de agosto. Segundo números do Tesouro Nacional, o superávit primário – economia para pagar os juros da dívida pública – somou R$ 87 milhões no mês passado, mais baixo montante para agosto desde o início da série histórica, em 1997.
 
O resultado é o segundo pior do ano, só ficando atrás do de fevereiro, quando o Governo Central registrou déficit de R$ 6,64 bilhões. No acumulado do ano, o superávit primário soma R$ 38,474 bilhões, com queda de 28,2% em relação aos oito primeiros meses do ano passado. O montante corresponde a apenas 52% da meta ajustada de R$ 73 bilhões de superávit para este ano.

O resultado de agosto só não foi negativo porque o Tesouro recebeu R$ 4,814 bilhões de dividendos de estatais. Desse total, R$ 1,725 bilhão veio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), R$ 1,2 bilhão, da Caixa Econômica Federal, e R$ 1,135 bilhão, do Banco do Brasil. Os dividendos são a parcela do lucro que as empresas repassam aos acionistas. No caso das estatais federais, o dinheiro é transferido para o Tesouro Nacional, que é o maior acionista dessas empresas.

O fraco superávit primário em agosto ocorreu apesar da arrecadação recorde para o mês. De janeiro a agosto, as receitas líquidas cresceram 8,7% em valores nominais. As despesas, no entanto, subiram em ritmo maior: 12,5%.Apesar das receitas expressivas no mês passado, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse que o superávit fraco deveu-se a despesas que pressionam as contas públicas em agosto, como o pagamento do décimo terceiro aos aposentados e pensionistas do INSS.

Segundo o secretário, o esforço fiscal em setembro também será baixo por causa da Previdência Social. O principal fator que pressionou os gastos federais nos últimos meses foi a aceleração das despesas de custeio, que saltaram 21,8% de janeiro a agosto, contra alta de 14,2% no mesmo período do ano passado. Por causa de uma série de acordos fechados no ano passado, as despesas com o funcionalismo público também se aceleraram e cresceram 8,5%.

 http://www.otempo.com.br/contas-do-governo-federal-t%C3%AAm-pior-agosto-em-17-anos-1.720486

CPI do tráfico de pessoas vem a Minas para audiência

Parlamentares discutirão na quinta-feira esquema de tráfico de bebê em hospital do município

BETIM

Os acontecimentos envolvendo um suposto esquema de tráfico de bebê no Hospital Regional de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, levaram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas, da Câmara dos Deputados, em Brasília, a aprovar, no dia 20 deste mês, um requerimento para investigar o caso. Na próxima quinta-feira, às 9h, uma audiência pública para discutir o caso deve acontecer na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Betim, segundo o secretário da CPI Manoel Alvim.

A expectativa é que sejam convocados para a audiência os seis suspeitos de envolvimento no suposto tráfico de criança, entre eles Eliane Azzi, que ficou presa por 11 dias depois de tentar sair do hospital com o recém-nascido. Ela teria negociado a doação com a mãe do bebê, Janaína Carvalho. 

O presidente da CPI, o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), e o deputado Severino Ninho (PSB-PE) já teriam confirmado presença no evento. 

“Estamos correndo contra o tempo para tentar convocar a sociedade civil, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário para essa audiência, além dos próprios envolvidos no esquema em Betim”, afirmou Alvim.

A CPI tem até o dia 20 de dezembro para entregar o relatório de todos os casos apurados no país que, segundo o secretário, são mais de 20.

Já a polícia disse que a leitura do relatório das ligações interceptadas entres os suspeitos de envolvimento no caso não foi concluída e deverá ser entregue na segunda.

http://www.otempo.com.br/cpi-do-tr%C3%A1fico-de-pessoas-vem-a-minas-para-audi%C3%AAncia-1.720531

Bill Gates: comando Ctrl + Alt + Del foi um erro

Fundador da Microsoft diz que preferia um único botão para função

UN Malaria Gates
Segundo Bill Gates, IBM não quis mudar design do teclado
São Paulo. Bill Gates, cofundador da Microsoft, descreveu como um erro a decisão de usar o comando Ctrl + Alt + Del (ou seja, apertar a sequência dos botões Control, Alt e Delete no teclado) para desligar um computador, dele se deslogar ou bloqueá-lo.

Originalmente concebido para reiniciar uma máquina, o comando sobrevive no Windows 8 como a função de acessar a barra de ferramentas do gerenciador de tarefas e, claro, ainda continua a ser usado em versões mais antigas para fazer logon.

Durante entrevista, Gates culpou a IBM pelo atalho, dizendo que ele tinha defendido a invenção de único botão para tais tarefas. “Nós poderíamos ter tido um único botão, mas o cara que fez o design do teclado IBM não quis nos dar isso”, disse ele em evento organizado para campanha de angariação de fundos em Harvard. “Foi um erro”, continuou, entre risos.

O atalho de teclado foi inventado pelo engenheiro da IBM David Bradley. A ideia original era ter usado o Ctrl + Alt + Esc, mas os relatos dão conta de que ele achou que seria muito fácil digitar, sem querer, do lado esquerdo do teclado e reiniciar o computador acidentalmente, o que o fez mudar a opção para o famoso Ctrl + Alt + Del, algo impossível, segundo ele, de executar usando apenas uma mão.

Durante o evento que marcou o 20º aniversário da IBM, Bradley disse que ele inventou a função, enquanto Bill Gates a tornou famosa. 

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