sábado, 22 de fevereiro de 2020

Reajuste de Minas desmoraliza outros governos diz federação que negocia com a PM do Ceará


Atualmente no Ceará, onde participa com um grupo de senadores das negociações entre o governo local e a PM, o militar de São Paulo acredita que o aumento proposto pelo governador Camilo Santana (PT) foi de “razoável para bom”, mas foi recusado pela categoria
porque o estado não aceitou anistiar os participantes do motim.
Ele explica que, como policial militar, é contra a anistia, mas é a favor, quando se trata de uma negociação. Miller afirma que essa prática é feita há anos e pode facilitar o fim do imbróglio, salvando vidas – entre 6h de quarta-feira (19) e 6h de quinta (20), o estado registrou 29 assassinatos.
O coronel acredita que o aumento aprovado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, proposto pelo governador Romeu Zema (Novo), dificulta um pouco mais as negociações. “À medida que um estado que está falido dá um aumento de 41%, desmoraliza todos os outros governadores”, comenta.
Questionado sobre os outros estados onde também há pressão para um reajuste salarial da categoria, o diretor da Feneme afirma que na maioria deles há “movimentos naturais de recomposição salarial” e somente três – Ceará, Paraíba e Piauí – estão “mais incisivos”. Segundo Miller, as negociações “ficaram mais difíceis” após o reajuste mineiro. “Afunilou todo mundo”, repete.
Apesar de criticar o aumento de Minas, Miller defende que a categoria muitas vezes passa por uma “exploração escravagista” e cita o caso do seu estado como exemplo. “Eu sou coronel de São Paulo e ganho menos que um tenente de Minas e de Santa Catarina”, afirma.
Segundo o diretor da Feneme, é necessário um valor no meio do caminho, entre São Paulo, que ofereceu 5% de reajuste, e Minas Gerais.
‘Postura de Cid foi inaceitável’
Miller afirma que a atitude do senador Cid Gomes (PDT-CE), que avançou com uma retroescavadeira sobre um piquete feito por policias militares em greve, e acabou sendo baleado, é “inaceitável”. “Aquilo não se faz. Não tem como passar a mão na cabeça do Cid, que isso é inaceitável”, afirma.
Ele acredita, no entanto, que o episódio colocou o conflito entre a PM e o governo estadual nos holofotes nacionais e internacionais, levando os integrantes do problema à mesa de negociações. “Inicialmente, eu acho que a atitude dele acabou dando uma visibilidade nacional e internacional, levando à negociação”, analisa.
Congresso em Foco

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