Quem é Fachin, um ministro entre o impeachment e Dilma?
Quando a presidente Dilma Rousseff indicou o jurista gaúcho Luiz Edson
Fachin para o STF, em meados do ano passado, foi aplaudida pela esquerda
por escolher alguém “progressista”. Também foi severamente criticada
pela oposição, que enxergou em Fachin muito mais um militante do PT,
ligado à CUT e ao MST e eleitor declarado de Dilma, do que um magistrado
capaz de tomar decisões isentas. Menos de um ano depois, Fachin é
odiado pelos petistas e cortejado pelos opositores devido a suas
posições sobre o impeachment.
O humor do governo e do PT em relação a Fachin azedou, quando o agora
ministro do STF foi sorteado para ser o relator da ação em que o PCdoB,
partido aliado a Dilma, questionava o rito proposto pelo presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, para a tramitação do pedido de impeachment
protocolado pelos juristas Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale
Júnior.
Fachin surpreendeu os governistas ao contrariar os principais pontos da
consulta dos comunistas: para ele, a eleição de uma chapa de oposição
para a comissão especial da Câmara era legítima; os deputados poderiam
escolhê-la pelo voto secreto; e o Senado tinha a obrigação de acatar a
decisão da Câmara e dar prosseguimento aos trabalhos. Foi o bastante
para que seus antigos admiradores o vissem como um novo Joaquim Barbosa
(de quem, aliás, herdou a vaga). Indicado pelo então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e festejado como o primeiro ministro negro da
corte, Barbosa foi o algoz dos petistas no mensalão.
É verdade que a maioria dos ministros do STF não seguiu seu voto, e o
PCdoB conseguiu uma vitória significativa, ao zerar o processo e obrigar
Cunha a aceitar apenas uma chapa, indicada pelos líderes partidários; a
promover uma votação aberta; e a dar liberdade para o Senado decidir,
por maioria simples, acata o pedido encaminhado pelos deputados ou não.
Tira-teima
Agora, Fachin partirá para o tira-teima: por sorteio eletrônico, foi
escolhido para analisar o mandado de segurança apresentado pelo governo,
com o objetivo de anular todo o processo de impeachment. Elaborado pela
Advocacia Geral da União (AGU), comandada pelo ex-ministro da Justiça
José Eduardo Cardozo, o documento alega que o processo inteiro foi
viciado, servindo apenas para satisfazer o desejo de vingança de Cunha,
que culpa Dilma por cair nas garras da Lava Jato.
Seu parecer será a referência para seus colegas de corte decidam o
futuro do impeachment e, por tabela, o de Dilma. Se se posicionar contra
o mandado de segurança, será visto para sempre como um traidor pelos
petistas, mesmo que o restante do STF o contrarie e enterre o processo.
Se votar a favor da anulação, será visto como o homem que traiu os
interesses da maioria dos brasileiros (até onde as pesquisas mostram),
que defendem a queda da presidente. Por qual dos lados, Fachin preferirá
ser chamado de Judas?
http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/quem-e-fachin-um-ministro-entre-o-impeachment-e-a-presidente-dilma,de3bb11dfcbae186aa7e6426095c3daa70octenx.html
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