Assassino de aluna da UnB pode ter transtorno mental, dizem especialistas
Ao
avaliarem entrevista coletiva dada pelo assassino confesso de Louise
Ribeiro, especialistas afirmaram que ele apresenta características de
Transtorno de Personalidade Antissocial, como racionalidade em excesso e
insensibilidade.
Frio, calculista, debochado, insensível, psicopata. A perturbadora entrevista
coletiva concedida na sexta-feira por Vinícius Neres, 19 anos, assassino
confesso da estudante Louise Maria da Silva Ribeiro, 20, gerou uma
série de avaliações e interpretações.
Especialistas ouvidos pelo Correio
afirmam que ainda é cedo para determinar um diagnóstico, mas admitem
que há, de fato, indícios que apontam para um possível transtorno
mental.
Durante a conversa com os jornalistas, Vinícius permaneceu
aparentemente sereno e não deixou transparecer qualquer sentimento de
arrependimento. “Quem vê o comportamento do outro por fora não sabe do
vulcão que algumas pessoas têm por dentro”, pontua Gilberto Godoy, da
Clínica Brasília de Psicologia.
Na Universidade de Brasília (UnB), Vinícius é descrito pelos professores
como aluno brilhante e inteligente. Familiares e amigos deram
declarações que ressaltavam a personalidade tímida e introspectiva do
jovem. O próprio estudante, durante a entrevista, admitiu sofrer de
depressão não diagnosticada e não tratada.
O torpedo enviado por ele a
Louise, informando que se mataria, parecia, a princípio, um pedido de
ajuda: segundo Vinícius, o plano era conversar sobre a decisão dele de
tirar a própria vida. Preocupada, Louise foi ao encontro do amigo.
Um
abraço, contudo, fez com que os sentimentos reprimidos viessem à tona na
forma de um “ataque de fúria”, nas palavras do assassino. Vinícius
imobilizou Louise, a fez desmaiar com clorofórmio e a obrigou a engolir
200 ml da substância, quantidade que o jovem sabia ser mortal, graças a
meses de pesquisas na internet e a um extenso conhecimento de química.
Um
criminoso precisa passar por diversas avaliações psiquiátricas antes de
ser diagnosticado como doente mental. Nessas avaliações, os
especialistas investigam não só o ato em si, mas todo o histórico
comportamental do indivíduo, bem como relacionamentos amorosos,
familiares e profissionais.
Contudo, alguns padrões podem sinalizar
certos transtornos específicos. “É importante observar se os
comportamentos são fixos, se a pessoa reage do mesmo modo a todos os
contextos, de forma inflexível”, exemplifica a psiquiatra Helena Moura,
da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
No caso de
Vinícius, ela acredita que a indiferença emocional e afetiva do acusado é
um dos traços que mais chamam a atenção. “Ele não parece uma pessoa
deprimida. Ele aparenta sorrir em alguns momentos, não demonstra
sofrimento. Diz que destruiu as duas famílias, mas a fala está
completamente desvinculada da emoção.”
Para Helena Moura, existe a
possibilidade de ele sofrer de Transtorno de Personalidade Antissocial,
condição em que o indivíduo não tem preocupação pelo que o outro sente.
Em outras palavras: não é que o doente não sinta nada, apenas não se
importa. “A pessoa tem plena noção dos danos que pode causar e das
consequências, mas não liga”, reforça a médica.
http://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2016/03/13/interna_nacional,742962/assassino-de-aluna-da-unb-pode-ter-transtorno-mental-dizem-especialis.shtml?ref=yfp
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