A maioria esmagadora da população brasileira acha que o país não está
no caminho certo, mas essa percepção já foi pior. É o que sugere uma
pesquisa feita pela consultoria Ipsos.
De acordo com o levantamento, em agosto, 87% dos entrevistados disseram
que o Brasil está no rumo errado, apenas dois pontos percentuais abaixo
do registrado no mês anterior. No entanto, esse número chegou a 94% em
março deste ano.
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A pesquisa foi feita com 1.200 pessoas em 72 municípios, entre os dias
30 de julho e 9 de agosto. A margem de erro é de três pontos
percentuais.
Para o diretor da Ipsos Public Affairs, Danilo Cersosimo, apesar de a
opinião dos brasileiros permanecer muito negativa, há uma tendência de
mudança "extremamente lenta". Ele avalia que o viés de melhora não está
relacionado a uma boa avaliação de Michel Temer, e sim com o fim do
processo de impeachment de Dilma Rousseff.
"Só o fato de ter ido a julgamento é uma espécie de resposta à
instabilidade. A opinião pública de modo geral se sente aliviada pela
instabilidade política estar sendo resolvida pelo processo de
impeachment. É uma espécie de ponto final àquela crise", diz.
"Minha leitura é que pode ser um início de uma tímida e gradativa
retomada de um rumo mais positivo. Está no insconsciente das pessoas que
este ano está perdido, mas 2017 pode ser melhor."
Cersosismo acredita, porém, que se Dilma voltar ao cargo a
instabilidade política regressará e o viés de otimismo comedido no país
poderá ser revertido.
Para diretor da Ipsos, Temer ainda não conseguiu convencer brasileiros
Falta de impacto
A combinação das crises política e econômica com a falta de medidas marcantes do governo interino é a chave para entender o pessimismo sobre o rumo do país, afirma Cersosimo.
Segundo o diretor da Ipsos, Temer não deu um "choque de gestão" ou
deixou uma "mensagem impactante" capaz de convencer os brasileiros. Os
escândalos de corrupção em que se envolveram seus ministros no começo do
mandato também afetaram a opinião dos brasileiros. Um dos homens mais
fortes do governo interino, Romero Jucá deixou o Ministério do
Planejamento em maio, horas após o jornal Folha de S. Paulo divulgar uma
gravação em que ele sugere uma articulação para conter a Operação Lava
Jato.
"(O governo dele) ficou sem cara. E tem o aspecto político, que pesa. É
a sua transparência, o quanto ele está no meio do balaio dos outros
corruptos. Temer não conseguiu se distanciar do principal problema (do
governo) de Dilma, no entendimento do povo: a corrupção."
A reprovação ao presidente interino se manteve em 68% em agosto.
Ainda segundo a pesquisa, a reprovação a Temer cresce quando o assunto é
economia. De julho a agosto, a porcentagem de pessoas que desaprovam a
atuação de Temer no combate à inflação passou de 56% para 61%. Sobre a
reforma da previdência, 64% desaprovam a forma como o tema está sendo
tratado - em julho, eram 54%.
Na área econômica, diz o diretor do Ipsos, "a mensagem do governo de colocar a casa em ordem não chegou à população".
"O mercado desde o início viu com bons olhos, mas as pessoas não
perceberam isso de cara. Todas as ações que demandam médio e longo prazo
tem que ser muitíssimo bem explicadas - e não foi o caso."

O governo federal manteve uma avalição estável. A parcela de pessoas
que o consideram ruim ou péssimo ficou em 49%, contra 48% em julho; 8% o
consideram bom ou ótimo.
'Resistência'
A avaliação de Dilma Rousseff, que presta depoimento nesta
segunda-feira no Senado, não mudou muito. Afastada da Presidência desde
maio, Dilma manteve os mesmos 71% de reprovação registrados em julho.
Sua aprovação caiu dois pontos, de 25% para 23%.
O diretor da Ipsos explica que a estabilidade é natural, já que a
petista está fora do poder. Longe do cargo, ela não recebe os ônus nem
bônus das ações do governo.
Para ele, os 20% de aprovação da presidente afastada devem se manter,
porque representariam um grupo mais à esquerda, ligado ao PT ou
contrário ao processo de impeachment.
"Esse percentual reside nos núcleos onde PT, Lula e Dilma atuaram bem:
pessoas de classes e escolaridade mais baixa, do Nordeste, ou aqueles
que não apoiam o impeachment. O não apoio ao impeachment ao longo dos
últimos meses se manteve em torno de 20% a 25%. É uma espécie de
resistência. "
https://noticias.terra.com.br/brasil/para-87-pais-esta-no-rumo-errado-mas-pessimismo-diminui-diz-pesquisa,3a130eeba8415f33225a563b05a8303byucq14dp.html
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