A força-tarefa responsável pelas investigações da Operação Lava Jato
identificou, dentro da estrutura organizacional da empreiteira
Odebrecht, um setor inteiramente destinado ao pagamento de propinas, com
funcionários dedicados e um sistema eletrônico desenvolvido
especificamente para este fim, disseram delegados da Polícia Federal e
procuradores da República em entrevista nesta terça-feira (22), na sede
da Polícia Federal, em Curitiba

Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
Em planilhas apreendidas ainda na 23ª fase da Lava Jata, chamada
Acarajé, foram identificados pagamentos em espécie a centenas de
recebedores. O dinheiro, de acordo com as investigações, seria fornecido
por meio de até oito contas mantidas por doleiros em favor da
Odebrecht. Em apenas uma das contas, foram identificados R$ 66 milhões
disponíveis para o pagamento de propinas.
Segundo avaliação dos procuradores do Ministério Público Federal, os
pagamentos foram aprovados por diretores responsáveis pela supervisão de
obras como as da Arena Corinthians, em São Paulo, uma das sedes da Copa
do Mundo de 2014; de metrôs no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul e
do aeroporto de Goiânia.
Nas tabelas, constavam valores, endereços e codinomes de recebedores de
propina e dos executivos de alto escalão da Odebrecht que autorizavam
os pagamentos, entre eles a sigla MBO, que segundo a equipe responsável
pela investigação, corresponde a Marcelo Bahia Odebrecht,
presidente-executivo da companhia.
“A sigla MBO surge em diversas planilhas”, disse a procuradora da
República Luana Gonçalves. “A nosso ver não há qualquer dúvida da
participação pessoal de Marcelo Bahia Odebrecht, não só no sentido de
ter conhecimento, mas também de pessoalmente agir para pedir o pagamento
a terceiros.”
A 26ª fase da Lava Jato é chamada Operação Xepa e envolveu cerca de 380
policiais federais, no cumprimento de 110 ordens judiciais nos estados
de São Paulo, Rio de janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia,
Piauí, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco. Estão sendo
cumpridos 67 mandados de busca e apreensão, 28 mandados de condução
coercitiva, 11 mandados de prisão temporária e 4 mandados de prisão
preventiva.
O procurador da República Carlos Fernando Lima afirmou que não há
agentes política alvos de mandados nesta fase da Lava Jato. Foram presos
temporariamente ou preventivamente diversos executivos da Odebrecht e
operadores financeiros do esquema na empresa.
http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/lava-jato/odebrecht-mantinha-setor-dedicado-somente-ao-pagamento-de-propinas-diz-pf,7c3f8dc0e1a9978350c1c663405531a2bjz0htu4.html
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