segunda-feira, 7 de março de 2016

Oposição aproveita nova crise de Dilma e promete paralisar o Congresso

O PSDB passará a obstruir votações de projetos do governo até que rito do impeachment seja retomado na Câmara; já o PSB pode propor governo de transição

Parlamentares de oposição prometem obstruir as votações na Câmara como forma de retomar o processo de impeachment contra Dilma
Alex Ferreira/ Câmara dos Deputados - 3.12.15
Parlamentares de oposição prometem obstruir as votações na Câmara como forma de retomar o processo de impeachment contra Dilma
Depois de várias tentativas de implodir o mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), a oposição volta a se assanhar. Desta vez a estratégia não será atacar, mas cruzar os braços. A delação premiada feita pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS), divulgada na quinta-feira (3), e a convocação de Luiz Inácio Lula da Silva pela Polícia Federal na 24ª fase da Operação Lava Jato no dia seguinte reascenderam os planos de encurtar o segundo mandato da petista. Agora, a promessa é paralisar as atividades do Congresso Nacional numa nova ação para debilitar o governo.

Desde sexta-feira, dia da convocação de Lula pela PF, líderes de partidos se enfiaram em reuniões e mais reuniões com o objetivo de afinar a melhor estratégia para o momento – seja para dar sustentação política ao governo da presidente Dilma Rousseff, seja para encurtar sua permanência no Palácio do Planalto. Desta vez a missão parece ser mais fácil para os oposicionistas.

O PSDB, por exemplo, vai obstruir todas as votações na Câmara dos Deputados. Com isso, temas importantes para o governo, principalmente os da pauta econômica, ficam em banho-maria. Os tucanos esperam com isso forçar o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a retomar os trabalhos da Comissão do Impeachment que julgará o pedido de afastamento da presidente DIlma. Apesar das diferenças entre os regimentos e de ter menos representantes, o partido pretende colocar em prática no Senado uma reação semelhante.

Cunha Lima, do PSDB, diz que o governo está contaminado pela
Jane de Araújo/Agência Senado - 6/10/15
Cunha Lima, do PSDB, diz que o governo está contaminado pela "super-bactéria da corrupção"

Com uma estratégia de discurso menos partidário, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) diz: "É preciso estancar esta super-bactéria da corrupção, O País é governado por um comitê da crise, simplesmente não há mais o que governar." Para o tucano, as denúncias de Delcídio do Amaral contra Lula e outros integrantes do governo tornaram a crise ainda mais grave. Segundo Cunha Lima, a estratégia de boicotar as votações no Congresso é a forma mais adequada de pressionar para, com um novo governo, retomar os trabalhos.

Marchezan lembra que a crise não está apenas no Planalto, mas em todos os Poderes
MaryannaOliveira/Câmara dos Deputados 
Marchezan lembra que a crise não está apenas no Planalto, mas em todos os Poderes

Segundo outro tucano, o deputado Nelson Marchezan (RS), a iniciativa tucana reflete as condições precárias não só no governo. "As denúncias se espalharam por todos os Poderes. É a presidente sob investigação e risco de impeachment, são os presidentes da Câmara [Cunha] e do Senado [Renan Calheiros, do PMDB-AL] investigados na Lava Jato, é o possível envolvimento de um ministro do STJ [Superior Tribunal de Justiça] em irregularidades. Não votar os projetos no Congresso é uma forma de pressionarmos para que a situação volte a um estado de normalidade", analisa.

PSB na oposição
O PSB, que já flertou com o governo, anunciou na sexta-feira que se afastará da Presidência. Uma ala dentro do partido, no entanto, propõe que Dilma entregue o cargo. Para que isso se vialize a ideia é que a presidente forme um governo de transição até a escolha de seu substituto, que poderia ocorrer junto com as eleições de outubro para prefeito.

Delgado, do PSB, defende um pacto entre os partidos até que haja nova eleição presidencial
Nilson Bastian/Câmara dos Deputados
Delgado, do PSB, defende um pacto entre os partidos até que haja nova eleição presidencial

Um dos defensores dessa ideia é Júlio Delgado (MG). "O governo vem errando sem parar. Não é mais uma questão partidária, mas administrativa. O governo da presidente Dilma acabou. Seria melhor que ela escolhesse uma saída honrosa. Um pacto de união entre os partidos poderia ser uma saída para que o Brasil não ficasse paralisado até a realização de novas eleições", opina Delgado.

Paralelamente, PT e PCdoB, da base do governo, tentam enxergar alguma vantagem no agravamento da crise, como a mobilização dos militantes. Desde sexta-feira, quando Lula foi obrigado a depor na PF, partidários têm dado demonstrações de apoio ao PT. Difícil saber por ora, no entanto, como esse tentativa de vitimizar o ex-presidente (e Dilma, de certa forma) podem quebrar a nova investida da oposição.

http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-03-07/oposicao-aproveita-nova-crise-de-dilma-e-promete-paralisar-o-congresso.html

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