Tradicional forma de pagamento continuará respondendo por 15% das compras no dia 27; modelo pré-pago é terceira opção
O
velho boleto bancário continuará vivo na quinta edição brasileira da
Black Friday, que ocorre daqui a exatos 20 dias e pretende faturar este
ano algo próximo a R$ 2 bilhões com os mega descontos oferecidos pelo
varejo. Mesmo com uma taxa de abandono alta, 50 a cada 100 são
descartados pelo consumidor, e sendo alvo de golpes entre grandes redes,
a modalidade continuará respondendo por 15% das compras em um universo
amplamente dominado pelo cartão de crédito.
O dado da taxa de abandono é da Associação
Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), que não prevê um crescimento
especial desse número para o dia 27. De acordo com Daniel Bento,
diretor de meio de pagamentos da associação, o varejo não em geral vai
oferecer a possibilidade de pagamento à vista, apesar de haver um
movimento em favor das compras por cartão de crédito. “O varejo não pode
ignorar o boleto, mas até mesmo o varejo médio está forçando a entrada
do cartão. Oferece também o boleto, mas incentiva a compra no crédito”,
explica.
Muito dessa mudança pode ser explicada pelos
problemas nos anos anteriores envolvendo as guias de pagamento por
código de barras. No ano passado, por exemplo, grandes redes varejistas
aplicaram golpes entre si para emitir boletos nos concorrentes na
intenção de travar o estoque. “Nada mudou para este ano, pois o boleto
emitido não significa que será pago. O consumidor pode uma oferta melhor
e simplesmente descartar o boleto emitido antes”, explica Tom
Canabarro, cofundador da Konduto, plataforma brasileira especializada em
análise de fraude.
Canabarro explica ainda que esse é um
movimento típico dos gigantes do e-commerce, que programam bots (robôs,
em português) para tentar sabotar a logística de estoque dos rivais. “O
pequeno [varejista] não sofre influência. Tem que ser grande...é uma
operação parruda”, acrescenta
Chegada do pré-pago
A
pluralidade do público que chega a Black Friday 2015 é um dos fatores
principais das mais variadas formas de pagamento. São pessoas de todas
as idades, níveis diversos de relação com bancos e que consomem de todas
as maneiras. Na opinião de Bento, isso abriu as portas para o modelo de
cartão pré-pago. “É um pagamento à vista que não trabalha com crédito,
mas sim com saldo. E esse modelo abrange mais gente porque mesmo [o
consumidor] tendo o nome sujo, ele pode comprar”, explica, ponderando
que o movimento ainda será tímido neste ano. “Está engatinhando, mas é
uma possibilidade”.
Sobre o modo mais seguro, do ponto de vista do
consumidor, Bento sugere o cartão de crédito. De acordo com ele, o
boleto reduz a possibilidade de reclamação e de garantias do comprador, o
que vem de encontro com a política das bandeiras dos cartões, que deve
ser tidos como aliados na resolução de problemas. Grande parcela disso
ocorre ainda por conta de muitos consumidores desconfiados de compras na
internet, ele explica. “Costumo dizer que o cartão foi usado na
internet, mas não clonado na internet. Isso pode acontecer em qualquer
lugar (...) o consumidor ainda não tem a percepção de que o banco está
do lado dele [sobre questões de segurança]”.
http://economia.ig.com.br/black-friday/2015-11-07/black-friday-boleto-continuara-como-opcao-em-mercado-dominado-pelo-credito.html
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