Preso há três dias,
o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) pediu, nesta sexta-feira (27) que
levassem a ele um Big Mac com Coca-Cola Zero. Pela manhã, ele ganhou um
bolo caseiro e uma garrafa térmica de café com leite. O senador tem
rejeitado a comida oferecida pela Polícia Federal por restrições
alimentares. Ele toma remédios controlados para diabetes e para a
digestão.
Interessado por história, o petista está lendo o livro "A origem do
Estado Islâmico", de Patrick Cockburn, que mostra a conjuntura em que
surgiu o grupo terrorista e, segundo pessoas próximas a ele, não quis
ler jornais. O senador também recebeu uma Bíblia nesta sexta de sua
esposa, Maika Amaral, que o visitou pela manhã.
Por ter foro privilegiado, o senador está preso em uma sala
administrativa adaptada às pressas para recebê-lo na sede da
Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal, em Brasília.
A sala é vigiada por dois policiais federais e conta com banheiro e uma
cama de solteiro. A opção de colocar um político preso em sala está
prevista em lei, segundo a PF, e não é inédita, tendo sido adotada no
caso do ex-governador do DF José Roberto Arruda (ex-DEM), detido em 2010
por ordem do STJ (Superior Tribunal de Justiça) também por suspeitas de
obstrução à Justiça.
O senador só pode ter contato com seus advogados e há restrições para
receber visitas. Segundo pessoas próximas, familiares e alguns amigos do
Mato Grosso do Sul tem tentado se encontrar com o petista mas nenhum
senador ou outro político demonstrou interesse em visitá-lo.
Em nota, a assessoria de imprensa do senador afirmou que o depoimento
prestado por Delcídio nesta quinta (26) "é apenas parte dos
esclarecimentos a serem prestados" por ele e que, "quaisquer
considerações sobre os mesmos também ocorrerão após sua conclusão".
A assessoria informou ainda que Delcídio está "abatido, porém sereno e
concentrado, junto aos advogados na formulação da sua defesa com o firme
propósito de provar, o quanto antes, a sua inocência".
Em seu depoimento, Delcídio afirmou que o vice-presidente Michel Temer tem "relação próxima"
com Jorge Zelada, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras que é
acusado de receber propina que e teria chegado ao cargo com apoio do
PMDB de Minas Gerais. As informações são da Globonews, que teve acesso
ao depoimento. Em nota oficial, Temer negou as acusações.
O senador interrompeu seu depoimento nesta quinta e deverá prestar novos
esclarecimentos na semana que vem. Ele foi preso nesta quarta-feira
(25) na Operação Lava Jato por suspeita de tentar atrapalhar as
investigações do esquema de corrupção na Petrobras.
Em gravação feita por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da estatal Nestor Cerveró, Delcídio e o advogado Edson Ribeiro –que foi preso nesta sexta (27)
ao voltar dos Estados Unidos– discutiram uma forma de retirar Cerveró
da prisão por meio de influência política no Supremo Tribunal Federal e,
depois, retirá-lo do país pelo Paraguai.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/11/1712155-abatido-delcidio-le-livro-sobre-estado-islamico-e-pede-big-mac.shtml
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