Responsável por nove das delações premiadas de investigados por desvios na Petrobras afirma que deixou clientes por temer pela segurança de sua família; ela diz estar sendo perseguida
Em entrevista à edição desta quinta-feira (30) do
"Jornal Nacional", a advogada Beatriz Catta Preta afirmou que passou a
ser perseguida e intimidada por integrantes da Comissão Parlamentar de
Inquérito da Petrobras. Ela tem como clientes nove nomes que acertaram
processo de delação premiada com a Justiça – responsáveis por passar
detalhes de como funcionava o esquema de corrupção entre empreiteiras e a
estatal – e se tornou foco dos noticiários após deixar o Brasil por
mais de um mês, levantando rumores de que teria fugido devido às
supostas ameaças.
"Depois
de tudo o que aconteceu, e por zelar pela segurança dos meus filhos e
da minha familia, decidi encerrar minha carreira na advocacia", disse
Beatriz ao telejornal. A advogada afirmou ter começado a se sentir
intimidada após o depoimento do consultor Júlio Camargo em 16 de julho,
quando ele o conteúdo de depoimentos anteriores e acusou o presidente da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de receber propina de US$ 5
milhões.
Após a acusação, Beatriz foi convocada a prestar
depoimento na CPI, medida derrubada pelo Supremo Tribunal Federal, nesta
quinta-feira, com base no fato de seu depoimento quebrar o direito
à inviolabilidade do sigilo profissional. Ela diz que, caso tenha de ir à
comissão, não revelará nenhum dado sob sigilo.
"Ele [Júlio
Camargo] não falou antes [sobre a propina a Cunha] por receio, tinha
medo de chegar ao presidente da Câmara", explicou a advogada. "[Ele fez
isso só agora devido à] colaboração, à fidelidade... O fato de o
colaborador não poder mentir fatos o levou a assumir o risco que ele
temia e levar tudo à Procuradoria Geral da República [...] Todos os
depoimentos vieram respaldados, com informações, dados, documentos.
Nunca houve [nas delações que negociou] o dizer por dizer."
Na
entrevista, Beatriz ainda negou ter fugido do País – garantiu que
viajou a Miami a lazer, "como faço sempre durante as férias escolares
dos meus filhos" – e rechaçou ter recebido R$ 20 milhões em contas no
exterior de seus clientes na Lava Jato, como foi acusada.
"Este
número é absurdo, não chega nem à metade disso", garantiu. "E o dinheiro
foi todo recebido via transferência bancária, mediante nota fiscal,
impostos incluídos... A vida financeira do meu escritório é
absolutamente correta. E nunca recebi nada fora do Brasil."
http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-07-30/principal-advogada-da-lava-jato-decidi-encerrar-minha-carreira-na-advocacia.html
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