Como toda relação de negócios, o franchising tem seus problemas; confira os conflitos mais frequentes nas franquias
É consenso que abrir uma franquia é
um procedimento menos trabalhoso do que começar o próprio negócio de
maneira convencional. Por mais que seja necessário o acompanhamento de
perto pelo franqueado, aspectos como contratos com fornecedores e até
detalhes de divulgação já estão previamente definidos no padrão da
marca.
"Abrir uma franquia não é garantia de sucesso", afirma a consultora de franquias Anna Vecchi
No entanto, isso não significa que os franqueados
sigam sem problemas no decorrer do trabalho. Pelo contrário, dizem
especialistas, muitos deles se frustram logo após a abertura da
franquia.
A seguir, seguem listados – e comentados – os principais problemas observados no mercado de franchising.
1 - Fundos de publicidade
Um
dos principais conflitos entre franqueados e franqueadoras pode ser em
torno do marketing. A maioria das empresas trabalha com um fundo de
publicidade, no qual todo mês é depositado uma quantia dos franqueados
para ações gerais da rede.
No entanto, seja na divulgação de
abertura da nova franquia ou meses depois, o franqueado acha que as
ações publicitárias são insuficientes e cobra da franqueadora por mais
atenção local. Segundo Diego Simioni, consultor de franquias da GoAkira,
esse comportamento é muito comum, mas de nada adianta.
“O
marketing gera muita expectativa e é um gargalo muito forte. No caso de
até 100 lojas franqueadas, o fundo de publicidade é muito pequeno. [O
franqueado] não pode esperar que a marca esteja na TV toda hora”,
explica, acrescentando que esse montante é direcionado para ações
institucionais. “Outro ponto que gera descontentamento é quando a
franqueadora faz uma ação que beneficia apenas uma região. O franqueado
de outra área vai se sentir prejudicado, então tem que ser tudo bem
estruturado”.
2 - Treinamento (a falta de)
Alguns
negócios têm em sua natureza processos logísticos mais complexos, o que
demanda um forte e criterioso treinamento de gerência e corpo de
funcionários. Com alguma frequência essa parte é negligenciada pelas
franqueadoras e, posteriormente, isso pode se transformar em uma grande
dor de cabeça.
“Cinco dias de treinamento para uma operação de
Fast Food ou varejo, por exemplo, não adiantam, não ensinam nada. O
tempo é fundamental para inaugurar já levantando voo, não batendo
cabeça. Se isso acontecer, vai ter problema”, afirma Ana Vecchi,
diretora da consultoria de inteligência estratégica Vecchi Ancona.
3 - Exclusividade ou Preferência?
Outro
motivo que pode causar confusão entre as partes costuma ficar esquecido
– ou mesmo escondido – no contrato: a cláusula que trata de
exclusividade da área da franquia. De acordo com Simioni, a maioria dos
contratos prevê um acordo somente de preferência, mas não de
exclusividade.
“Na caso da preferência, se a franqueadora recebe
uma proposta de abertura numa área onde já há um franqueado, ela oferece
[ao franqueado] a opção de abrir outra loja. Caso contrário, ela vende
para o outro interessado”, explica o especialista, acrescentando que é
importante ficar atento e se informar sobre o potencial de crescimento
da marca no local.
4 - Distanciamento pós-abertura
Este
ponto gira em torno da falta de comunicação frequente entre muitas
franqueadoras e seus franqueados de acordo com o passar do tempo. Após
toda a euforia e esforço para colocar tudo em ordem em uma nova loja,
naturalmente a franqueadora tira um pouco a mão da massa e volta ao
posto original de gerenciamento.
No entanto, muitos franqueados se
sentem “sem chão” com essa mudança. “Há um certo nível de frustração.
Costumo dizer que o franqueado tem fases que vão desde a empolgação
inicial até aquela em que acha que todo o mérito do trabalho é fruto do
esforço dele”, afirma o especialista da GoAkira.
Equívocos são
observados de ambas as partes: franqueados que esperam suporte excessivo
e franqueadoras que deixam seus parceiros a ver navios. Por conta
disso, Simioni alerta que é preciso “discutir a relação”. “Tem de haver
conversa, pois não se pode esquecer que o relacionamento no franchising é
de ganha-ganha”.
5 - Expectativa x Realidade
Talvez
o ponto que crie a maior tensão em uma relação de franquias seja a
diferença entre o que é projetado e o que, de fato, os números mostram
na realidade. Apesar de o franchising ter um índice de falência oito
vezes menor que o de negócios próprios – cerca de 3% após um ano de
abertura –, a decepção com os resultados é bastante corrente.
Segundo
Anna Vecchi, é bastante comum ocorrer de o dito pelas franqueadoras
não se refletir na prática, mas ela alerta para a parcela de culpa que
também pode vir do novo empresário. “Em contrapartida, o franqueado
precisa estar comprometido com o negócio. Abrir uma franquia não é
garantia de sucesso”, pondera.
http://economia.ig.com.br/financas/seunegocio/2015-07-31/os-cinco-conflitos-mais-comuns-entre-franqueados-e-franqueadoras.html
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