domingo, 21 de junho de 2015

Uma faca na mão e muitas vítimas nas rua

 Instrumento é usado em 19% dos crimes no DF, que está em 13º no ranking nacional de homicídios com armas brancas

 Apesar do poder de letalidade das armas brancas, não há pena prevista na legislação para o   porte. Isso faz com que muitos criminosos recorram a elas em vez das armas de fogo, mais caras e difíceis de conseguir. Segundo o Mapa da Violência, instrumentos perfuro- cortantes são utilizados em  19% dos crimes cometidos no DF. Além disso, a unidade da Federação é a 13ª no ranking das que mais se comentem homicídios com armas brancas. 

O Mapa da Violência de 2013, último levantamento do tipo, mostra que esse tipo de artefato é utilizado em cerca de 16% dos crimes cometidos no Brasil.  

Inúmeros casos de violência com uso de arma branca assustaram os brasilienses nos últimos dias. No início do mês, um aluno do 8º ano e um estudante de Direito foram esfaqueados pelo mesmo suspeito. O primeiro a caminho da escola, na   914 Norte, e o universitário quando percorria um trajeto de 500 metros, entre a parada de ônibus,  na W3 Sul, e  a faculdade, na   709. Nos dois casos o ladrão, um adolescente, queria o celular dos rapazes. 

Além disso, um homem foi esfaqueado na Rodoviária do Gama, um casal foi morto a facadas pelo  sobrinho, no Recanto das Emas, e uma garota, de 16 anos, teria matado o irmão, de 19, com uma facada após uma briga. 
Traumas
Layse Mendes,  27 anos, é  assistente administrativa. Ela foi assaltada em fevereiro de 2014, às 14h, em Taguatinga, a cerca de 50 metros de casa. “Eu   falava ao celular com minha mãe quando fui abordada por esse marginal. Ele já chegou puxando meu cabelo, que estava solto,  de modo que eu não conseguia ver  o   rosto dele”, lembra. 
Na sequência, o assaltante colocou a faca na cintura da mulher e a empurrou com força contra o seu corpo. “Ele tomou meu celular e a bolsa. Não consegui ter outra reação que não gritar muito. A faca estava me machucando, mas não chegou a perfurar, graças a Deus. Minha mãe pensou que eu estava sendo sequestrada, ele me xingava toda hora”, conta. 
No momento do assalto, uma senhora parou o carro e  pediu socorro. “Foi quando o bandido me soltou e   correu. Nessa hora, pararam vários   carros para me ajudar e um senhor, de aproximadamente 60 anos, correu atrás do ladrão   com outro rapaz”, relata.
Foi um policial militar de folga que capturou o bandido. “Ele desceu do carro e   imobilizou o assaltante. Depois, reconheci o bandido e peguei meu celular de volta. Fomos todos para a  21ª DP. Na prisão, o delegado perguntou por que ele havia feito aquilo comigo e o bandido respondeu que 'cresceu vendo o pai fazer isso e que, quando saísse da cadeia, ia continuar cometendo crimes, pois é a única coisa que ele sabe fazer'”, diz. 

Segundo Layse, o suspeito   tinha 48 passagens pela polícia,   39 delas quando   menor. “Em todas, ele feriu a vítima. Fui a primeira a escapar. Hoje, tenho medo até da minha própria sombra”, lamenta. 
Ponto de vista
 
A advogada Suelen Souza, do escritório Rodrigues Pinheiro Advocacia, acredita que uma alteração legal não beneficiaria a população e, tampouco, diminuiria a ocorrência de crimes.
 
“Tentativas de se restringir ou tornar crime o porte de armas, sejam de fogo ou brancas, apenas aumentam a certeza de impunidade dos criminosos. A prática de crimes só vai diminuir com maior rigor às regras que punem e mantêm os criminosos presos”, afirma. 
 
Ela ainda alerta  para a impossibilidade de aplicação de tal lei. “Como serão dadas as licenças, por exemplo, para açougueiros, churrasqueiros, cabeleireiros, barbeiros que precisam de facas, navalhas e tesouras para exercer o ofício?”, questiona. “A dona de casa que precisar comprar uma faca  teria que apresentar licença de porte, emitida pela Polícia Federal?”, completa.
 
http://www.jornaldebrasilia.com.br/noticias/cidades/627325/faca-e-usada-em-19-dos-crimes-realizados-em-todo-o-distrito-federal/
 
 

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