O dólar subiu mais de 2 por
cento ante o real nesta quarta-feira, com investidores aproveitando para
comprar divisas após três dias de queda, depois de o Banco Central
anunciar que não renovará o programa de intervenções diárias no câmbio e
diante da alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados
Unidos.
Operadores
ressaltaram, contudo, que a decisão do BC não deve gerar mais grandes
impactos sobre o dólar no curto prazo, uma vez que o mercado já havia se
antecipado, em grande parte, ao fim do programa de swaps.
O
dólar avançou 2,43 por cento, a 3,2034 reais na venda, após chegar a
cair 0,36 por cento pela manhã. Nas últimas três sessões, a divisa tinha
acumulado queda de 5,13 por cento.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,4 bilhão de dólares.
O
BC anunciou na noite de terça-feira que deixará de ofertar diariamente
swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, a partir de
abril. Mas assegurou que vai rolar integralmente os contratos que vencem
a partir de 1º de maio, "levando em consideração a demanda pelo
instrumento e as condições de mercado".
"São
2 bilhões de dólares que o BC deixa de injetar no mercado por mês,
então nós vamos ter de contar com fluxo positivo para ver um alívio no
câmbio", disse o especialista em câmbio da corretora Icap, Italo
Abucater. "Isso vai ser sentido na tendência do dólar nas próximas
semanas, mas a decisão em si já era mais ou menos esperada."
Autoridades
do BC já vinham afirmando que o atual estoque de swaps cambiais,
correspondente a cerca de 115 bilhões de dólares, já atende à demanda
por proteção da economia brasileira. Esse discurso foi repetido na
véspera pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, em audiência na
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
De
maneira geral, agentes financeiros receberam bem a decisão do BC. Tanto
o Goldman Sachs quanto o BNP Paribas elogiaram a estratégia e
salientaram que o atual estoque de swaps tem gerado crescentes custos
fiscais ao BC.
"Nos moldes
que assumiu nos últimos meses, a eficácia da intervenção claramente se
dissipou. O impacto marginal de um leilão diário de 100 milhões de
dólares em swap era quase inócuo quando ajustado para o tamanho do
mercado de câmbio brasileiro", escreveram os estrategistas do BNP
Paribas Gabriel Gersztein e Thiago Alday em nota a clientes.
A
perspectiva de rolagens integrais e a afirmação, da parte do BC, de que
a autoridade monetária poderá realizar operações adicionais "por meio
dos instrumentos cambiais ao seu alcance" também deve contribuir para
limitar a pressão cambial.
CENA EXTERNA
Nos
mercados internacionais, o dólar chegou a mostrar queda firme contra
outras moedas importantes, após as encomendas de bens duráveis nos EUA
inesperadamente recuarem em fevereiro. Investidores vêm monitorando de
perto indicadores econômicos da maior economia do mundo para avaliar se o
Federal Reserve terá margem para elevar os juros em junho ou se deixará
o início do aperto monetário para o segundo semestre.
"Estamos
vendo por aqui principalmente vendas (de dólares) por estrangeiros, na
esteira desse número. O investidor local segue cauteloso", afirmou
Abucater, mais cedo.
Mas os
rendimentos dos Treasuries devolveram a queda vista após a divulgação do
dado econômico, tirando fôlego da entrada de dólares no Brasil e
novamente elevando as cotações da divisa norte-americana.
A
alta dos juros norte-americanos acelerou durante a tarde, após um
leilão de notas de cinco anos nos EUA mostrar resultado fraco. O aumento
das taxas nos EUA tende a atrair para lá recursos atualmente aplicados
aqui, e investidores aproveitaram essa oportunidade para voltar a
comprar dólares após três dias de queda aqui.
"A
percepção vívida no mercado é que a queda do dólar não ia durar muito.
Não tem fundamento para isso", disse o superintendente de câmbio de uma
gestora de recursos nacional. "Quando surgiu a oportunidade, o
investidor correu para comprar (dólares)".
Nesta
manhã, o BC brasileiro deu continuidade às intervenções diárias
vendendo a oferta total de até 2 mil swaps, com volume equivalente a 98
milhões de dólares. Foram vendidos 1.400 contratos para 1º de dezembro
de 2015 e 600 para 1º de março de 2016.
O
BC também vendeu a oferta total de até 7,4 mil swaps cambiais na
rolagem dos contratos que vencem em 1º de abril. Ao todo, a autoridade
monetária já rolou o equivalente a 6,389 bilhões de dólares, ou cerca de
64 por cento do lote total, correspondente a 9,964 bilhões de dólares.
http://www.msn.com/pt-br/dinheiro/economiaenegocios/bc-corrobora-alta-de-2percent-do-d%C3%B3lar-ante-real-ap%C3%B3s-tr%C3%AAs-dias-de-queda/ar-AAa09Ca
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