sábado, 25 de outubro de 2014

Se não chover em breve, região da Baixada Santista pode sofrer com falta de água


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Nível do Rio Cubatão está abaixo da média
Os moradores da região não sentem nas torneiras a crise hídrica que afeta a Grande São Paulo e Campinas. Porém, em breve, a Baixada Santista pode ser atingida pela escassez no abastecimento caso as previsões de chuva não se confirmem ainda na primavera.
 
Assim constatam especialistas, que afirmam: a redução dos níveis dos rios locais é o primeiro alerta. A baixa no volume dos mananciais que abastecem a região foi relatada por A Tribuna, na edição de ontem (23), que mostrou a situação de dois rios: Cubatão e Pilões.
 
O primeiro – de onde se capta 42,8% da água consumida na região – é o que mais sente os reflexos da seca. As marcas na escala linimétrica (régua que verifica o nível da lâmina d'água) não deixam dúvidas: houve redução de, ao menos, dois metros na volumetria do rio.
 
A causa: a estiagem, que neste ano registra o pior histórico. “Se não chover substancialmente nos próximos meses, a região não estará livre de desabastecimento no verão”, afirma o climatologista da ONG Amigos da Água, Rodolfo Bonafim. 
 
O consultor ambiental Alessandro Azzoni também prevê o mesmo cenário. Além do aumento populacional na região durante a temporada de verão, ele aponta o desperdícios na rede como entraves a serem sanados. 
 
“Perde-se 30% de água do ponto de captação até o consumidor. Somado aos problemas de distribuição, há ainda as ligações clandestinas”, cita.
 
Para Bonafim, o sucateamento das tubulações de distribuição contribui para a perda do líquido durante o trajeto. “São encanamentos antigos, geralmente da década de 60, e que estão subdimensionados”. 
 
Outra questão a ser resolvida, segundo Azzoni, é a cultural: é preciso a realização constante e maciça de campanhas de conscientização do uso racional da água potável. 
 
“É natural que o turista, não aclimatado com as temperaturas do Litoral, use mais água. Seja em banhos demorados ou em piscinas. Há a necessidade de educação já nos pedágios”, afirma o consultor ambiental.
 
Como alternativas para suprir o possível desabastecimento, ambos defendem a utilização de lençóis freáticos e investimentos em novos pontos de captação de água nos rios da região (veja matéria nesta página). 
 
“Nosso sistema hídrico (da região) é bom, mas sofre em ocasiões especiais, como esta que enfrentamos com a falta de chuvas. E muito se perde com o desperdício”, cita Bonafim. 
 
Comum
 
Na alta temporada de verão, várias cidades da região costumavam enfrentar baixa pressão e pane no abastecimento de água. O cenário tornou-se menos grave com uma série de investimentos da Sabesp nos últimos seis anos. Entretanto, em dezembro passado, Guarujá registrou desabastecimento. Por esse motivo, a Prefeitura obteve na Justiça liminar (decisão provisória) por danos morais, contra a Sabesp, em função do problema.
 
Em janeiro, a falta de água chegou a Santos, no Morro São Bento. Bairros de São Vicente e Bertioga também sofreram com o desabastecimento.

Estudos visa novos mananciais
O Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista (CBH-BS) finaliza um inventário sobre a situação dos rios da região. O estudo, com conclusão prevista para ainda este ano, balizará os futuros investimentos para a melhora do sistema de captação local de água. 
 
Uma das alternativas estudadas sinaliza para a ampliação da capacidade produtiva local, cujo potencial é um dos mais amplos do Estado. O líquido tratado excedente teria como destino outras regiões paulistas.
 
Segundo o presidente do colegiado, o prefeito de Bertioga Mauro Orlandini (DEM), o instrumento leva em consideração o crescimento demográfico regional para os próximos anos. 
“Precisamos entender qual o volume de água necessário a nossa região. Garantida a sustentabilidade, por que não enviar (o excedente) para a Capital, por exemplo? O importante é não descobrir um santo para cobrir outro”, explica.
 
Orlandini ainda cita que o levantamento apontará toda a potencialidade hídrica da região. E servirá para criação de um plano definitivo ao alerta da Agência Nacional de Águas (ANA). 
 
Um estudo da entidade mostrou que 16 dos 29 maiores aglomerados urbanos do País precisam achar novos mananciais para garantir o abastecimento até 2015. A lista inclui 472 municípios, entre entres 56 situados em três regiões metropolitanas de São Paulo (Baixada Santista, Campinas e a Capital).
 
Campanhas
 
Outra vertente defendida é a ampliação das campanhas de economia de água. Em Bertioga, Orlandini diz finalizar leis de descontos no IPTU para os munícipes que tenham preocupações com o meio ambiente. 
 
“Não há reservatórios e nem investimentos que aguentem deixar as torneiras abertas sem necessidade”, cita. O prefeito acredita que a proposta pode ser levada às demais cidades. “Faremos aqui (Bertioga) o projeto piloto”.

Resposta
 
A Sabesp informa que, além da Capital e Interior, o abastecimento da Baixada Santista está garantido, apesar da estiagem e das altas temperaturas, que reduziram a vazão dos mananciais. Sobre o volume médio de água consumida diariamente por habitante na Baixada Santista, a empresa informa que esse índice “varia muito de município para município, assim como a vazão de água produzida para atender moradores e turistas”.

Sobre a conscientização do consumo, a Sabesp cita ter o Programa de Uso Racional da Água (Pura), que completou cinco anos na Baixada Santista. O programa desenvolve palestras, visitas técnicas para diagnóstico predial e orientações aos mais diversificados públicos. Por fim, a empresa informa que Cubatão é atendida pelo Rio Cubatão. No entanto, existe a possibilidade de complementar a vazão captada para a estação de tratamento de água da Cidade com volume da Represa Billings, quando necessário. A retirada da água da Billings não causa qualquer problema ambiental e o tratamento da água segue os parâmetros de potabilidade exigidos em lei.
 
 http://www.atribuna.com.br/cidades/se-n%C3%A3o-chover-em-breve-regi%C3%A3o-da-baixada-santista-pode-sofrer-com-falta-de-%C3%A1gua-1.411006

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