terça-feira, 14 de outubro de 2014

Após Copa, medo volta a comunidades com UPP ao final da do governo Pezão

Moradores relatam em redes sociais o aumento da violência em favelas do Rio

Tiroteios voltaram a assustar moradores no morro do Turano, na zona norte do Rio de Janeiro Agência O Dia
 
Após o fim da Copa do Mundo, agravou-se a disputa de criminosos de facções criminosas por território com as forças de seguranças em comunidades pacificadas do Rio. Tiroteios em áreas pacificadas são cada vez mais frequentes e levam medo à população. O recrudescimento da violência nos complexos da Maré, Lins e Alemão e na Rocinha, entre outras, interrompe, inclusive, o funcionamento de escolas e creches.

No bairro do Rio Comprido, zona norte do Rio, em comunidades como Turano e São Carlos, há enfrentamentos entre o tráfico e a Polícia Militar. O R7 ouviu moradores dessas áreas sobre a rotina de tiroteios.

No Morro do 18 e no Complexo do Alemão, também na zona norte, o clima de medo já tomou conta de moradores destas áreas que possuem UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Nesta segunda-feira (13), o editor do jornal comunitário Voz da Comunidade, René Silva, desabafou sobre mortes que aconteceram perto de sua casa.

— Que triste notícia nessa madrugada, gente!
O jovem manifestou pesar sobre a morte de dois jovens assassinados na rua Dona Emília, na Fazendinha, no Complexo do Alemão. Nas redes sociais, René cobrou uma posição das autoridades sobre as mortes frequentes em sua comunidade e afirmou que tiroteios voltaram a fazer parte da rotina de moradores do Alemão.

Há cerca de um mês, René foi assaltado e teve seu celular e até o lanche roubados. Nos bastidores do debate de candidatos ao governo do Rio na TV Globo, no dia 30 de setembro, René cobrou do atual governador Luiz Fernando Pezão uma posição sobre o aumento da violência em áreas com UPPs e revindicou políticas sociais e de segurança para o Alemão. Pezão se limitou a dizer que ainda existe muito a fazer sobre a política de expansão das UPPs.

René Silva se tornou conhecido após transmitir informações em tempo real sobre a ocupação do Alemão, em novembro de 2010.

Rio Comprido sofre com retorno da violência
O som de tiros tem assombrado quem vive nas comunidades do Fallet Fogueteiro, Turano e São Carlos, no Rio Comprido, zona norte do Rio. Pacificadas há três anos, as favelas têm sido palco de disputa entre criminosos remanescentes de facções criminosas e policiais. Em entrevista ao R7, uma moradora do Morro do Turano, que não quis se identificar temendo represálias, disse que o medo voltou a ser rotina em sua comunidade.
Após implantação das UPPs, medo volta a comunidades Tasso Marcelo - Agência Estado
— Eu não posso dizer que está bom. Tenho escutado tiro sempre, voltou ser normal agora que a Copa do Mundo passou. Na porta do meu vizinho e na parede aqui de casa, já tem buraco de bala. Deus que nos guarda porque a violência voltou.

Uma moradora da comunidade do São Carlos só aceitou falar com o R7 sob a condição de não ter a identidade revelada. Segundo ela, é comum o confronto entre policiais da UPP do morro de São Carlos e traficantes. Ela afirmou que o fechamento da rua Itapiru, no Rio Comprido, devido a confrontos voltou a ser comum.

— Eu pensei que esse pesadelo tinha acabado. Agora é bandido baleado que a gente tem que fingir que não vê. Voltaram e desfilar com pistola e a vender droga sem se preocuparem com nada.

O R7 procurou a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro sobre os fatos e, até a publicação desta reportagem, não obteve retorno.

 http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/apos-copa-medo-volta-a-comunidades-com-upp-ao-final-da-do-governo-pezao-14102014

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