A Fifa, presidida por Blatter, deu apoio à punição
A Fifa apoia a medida adotada para punir o Grêmio na Copa do Brasil,
enquanto a entidade que combate o racismo no futebol apela ao time
gaúcho a abrir mão de um recurso para evitar a exclusão da competição
nacional. "O Brasil mandou a mensagem certa", declarou Joseph Blatter,
presidente da Fifa. "Eu disse que o futebol precisa ser duro ao lidar
com os abusos racistas", insistiu.
O Grêmio deve aceitar a punição como forma de mandar uma mensagem clara
a seus torcedores e ao mundo de que não aceitará um comportamento
racista. O pedido é da principal entidade de combate ao racismo no
futebol, a Fare, com sede em Londres. Em declarações à reportagem, Piara
Powar, secretário-geral da entidade, elogiou a decisão sobre o time
gaúcho e apontou que a medida pode se transformar em exemplo no mundo.
Os atos de injúria racial sofridos pelo goleiro Aranha, do Santos,
decretaram a eliminação do Grêmio da Copa do Brasil. A decisão foi da 3ª
Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD)
em julgamento na quarta-feira. O clube pode recorrer da decisão.
Mas, para a Fare, a renúncia desse direito seria a mensagem mais forte
que o clube poderia dar. "Clubes precisam aceitar a punição. Entendo que
existem considerações no que se refere à renda e esgotar os trâmites
judiciais. Mas se a direção do Grêmio quer dar um recado, que aceite a
decisão", declarou Powar.
Para ele, países em todo o mundo vão olhar a decisão com "interesse".
"Muita gente vai ver a medida como uma mensagem de que devem copiar",
disse. "Claro que é vergonhoso que um incidente ocorra. Mas é bom lidar
com ele", insistiu. "Ações duras são necessárias e espero que essa
decisão desperte o Brasil para o problema do racismo", declarou Powar.
Na sua avaliação, existe um estereótipo feito sobre o Brasil de que, no
País, o racismo não existe e muito menos no futebol. "Existe a
percepção de que o Brasil é uma cultura multiétnica e que, no futebol,
samba e etc, não há racismo. Mas muita gente ficou surpresa ao ver o
perfil dos torcedores que foram aos jogos da Copa do Mundo", disse. "O
racismo no futebol reflete realidades sociais", completou.
Estadão Conteúdo
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