segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Apple tem desafio de atrair consumidores e comerciantes para o Apple Pay

Serviço pode enfrentar resistência em países com pouca cobertura de leitores

Usuários vão poder cadastrar cartões de crédito no Apple Pay Reprodução/Apple
O Apple Pay foi anunciado nesta terça-feira (9) e já é considerado por alguns um dos maiores diferenciais dos novos aparelhos da Apple. A plataforma de pagamento foi apresentada junto dos novos iPhone 6, iPhone 6 Plus e Apple Watch e estará disponível nos três dispositivos.
A plataforma, que deve ser disponibilizada apenas nos Estados Unidos a partir de outubro, vai usar o Touch ID dos smartphones da marca, a tecnologia de NFC, que permite o envio e recebimento de arquivos de diversos tipos, ainda que com tamanho limitado, por meio da proximidade de celulares e sensores nas lojas. Além disso, a segurança do processo será garantida por um serviço de tokenização que será gerenciado por empresas como Visa e MasterCard.
Conforme foi apresentado pela Apple no evento de lançamento, o Apple Pay serve para evitar que os usuários saiam de casa com uma carteira cheia de cartões e possam concentrar todos os seus métodos de pagamento de maneira segura no smartphone.
Para o especialista em produtos da Zoom Paulo Guedes, a nova plataforma de pagamento é o grande diferencial dos novos aparelhos da Apple. A plataforma, entretanto, ainda não tem previsão de vir para o Brasil.
— Ele tem algumas diferenciações, mas o principal é realmente a parte do pagamento, que na realidade ainda é um pouco distante da gente. Aqui no Brasil nós temos alguns sistemas do tipo, mas que são muito baseados na internet. E a gente sabe que esse é um ponto em que a gente precisa evoluir bastante.
Como funciona
Para usar o Apple Pay, o usuário deve cadastrar um cartão de crédito ou de débito, que pode ser adicionado da própria conta do iTunes, no Passbook. Para adicionar o cartão e o código no iPhone é possível tirar uma foto dele com a câmera iSight ou digitar manualmente.
Para efetuar o pagamento, basta aproximar o iPhone do leitor com o dedo posicionado no Touch
O primeiro cartão cadastrado se torna automaticamente seu modo de pagamento, mas, a qualquer momento, é possível mudar as configurações.

Para pagar usando o Apple Pay não é necessário abrir nenhum aplicativo. A opção aparece automaticamente enquanto o usuário faz compras na App Store ou dentro dos apps. Nas lojas físicas, basta aproximar o smartphone do leitor com o dedo posicionado no Touch ID do iPhone. Não é necessário desbloquear o dispositivo.

No Apple Watch, que não tem leitor de impressões digitais, é necessário apertar duas vezes o botão abaixo da chamada “Digital Crown”, que funciona como o botão home do relógio inteligente, e segurar o dispositivo próximo do leitor.

Nos Estados Unidos, o Apple Pay será aceito por estabelecimentos famosos como McDonalds, Macy’s, Subway e Starbucks.

Será que vai colar?
Durante a apresentação do Apple Pay, o CEO da Apple, Tim Cook, disse que a Apple havia acabado de criar um processo de pagamentos inteiramente novo.

Talvez não seja inteiramente novo. A Samsung já oferece uma opção bem semelhante ao Apple Pay com seu smartphone Galaxy S5. Em uma parceria com o PayPal, o aparelho pode ser usado para realizar pagamentos usando apenas a digital do usuário. Para usar, basta ter uma conta PayPal.
Usuários podem cadastrar novos cartões usando a câmera do smartphone Reprodução/Apple
 
O serviço oferecido pela Samsung com o PayPal, segundo Paulo Guedes, é mais baseado na internet, não usa NFC e não necessita de senhas. Todos os dados do usuário são armazenados pelo PayPal.

— O Apple Pay é muito voltado para o NFC. O dispositivo não precisa necessariamente estar conectado na internet. O leitor vai interpretar aquela informação e emitir o pagamento.

A dificuldade, segundo Guedes, é fazer com que isso “caia no gosto das pessoas”. Para isso, a Apple divulga a plataforma como uma ideia de se livrar dos múltiplos cartões na carteira e beneficiar o usuário e o consumidor com um método de pagamento seguro.

Eddie Cue, vice-presidente sênior de software e serviços da Apple, disse durante o evento que a existem “centenas, milhares e milhões de cartões de crédito em contas no iTunes”. Isso poderia aumentar a disposição desses usuários em usar a nova plataforma de pagamento.

— Estamos trabalhando duro para levar o Apple Pay para mais países.

Dados da Gartner mostram que as transações via NFC nos Estados Unidos são as menos usadas entre as transações mobile como SMS, internet mobile e USSD. Elas também foram as que movimentaram menos dinheiro, cerca de US$ 4,8 bilhões.

As transações via USSD (Unstructured Supplementary Service Data) movimentaram, por outro lado, US$ 154,4 bilhões. Pouco conhecida no Brasil, o USSD é um protocolo usado por celulares para se comunicar com servidores de computador, é uma espécie de mensagem curta, bem semelhante ao SMS, mas com a diferença de que cria uma conexão em tempo real durante uma sessão USSD.

Quem vai usar Apple Pay?
Segundo a diretora de pesquisa da Gartner, Sandy Chen, os principais usuários do Apple Pay vão ser os usuários interessados em novas tecnologias que vivem em áreas com boa cobertura de leitores de NFC.

Apesar de não usar a mesma infraestrutura do iCloud, os usuários mais conservadores podem pensar duas vezes antes de querer aderir ao novo método, mas Chen afirma que o Apple Pay não usa a mesma infraestrutura do iCloud.

Para ela, o principal desafio da Apple é provar a consumidores e comerciantes o valor de sua nova plataforma.

— O pagamento sozinho não é suficiente para fazer a troca se o pagamento por mobile não for tão conveniente quanto os pagamentos por cartão ou dinheiro são hoje.

A Apple também vai precisar construir um ecossistema de serviços NFC, que também incluam serviços de não pagamento, como cupons, identificação pessoal, transporte e controles de acesso no mesmo dispositivo, diz Chen.

A diretora de pesquisa afirma ainda que a empresa precisa mostrar que os comerciantes terão benefícios na forma de aumento de receita e tráfego de pessoas e redução de custos, ainda que eles já estejam vivendo a migração para métodos de pagamento sem contato.

— A migração está acontecendo a um ritmo próprio e não vai acelerar a menos que tenha incentivos.

http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/apple-tem-desafio-de-atrair-consumidores-e-comerciantes-para-o-apple-pay-15092014

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