Serviço pode enfrentar resistência em países com pouca cobertura de leitores
Usuários vão poder cadastrar cartões de crédito no Apple Pay
Reprodução/Apple
O Apple Pay foi anunciado nesta terça-feira (9) e já é considerado por
alguns um dos maiores diferenciais dos novos aparelhos da Apple. A
plataforma de pagamento foi apresentada junto dos novos iPhone 6, iPhone
6 Plus e Apple Watch e estará disponível nos três dispositivos.
A plataforma, que deve ser disponibilizada apenas nos Estados Unidos a
partir de outubro, vai usar o Touch ID dos smartphones da marca, a
tecnologia de NFC, que permite o envio e recebimento de arquivos de
diversos tipos, ainda que com tamanho limitado, por meio da proximidade
de celulares e sensores nas lojas. Além disso, a segurança do processo
será garantida por um serviço de tokenização que será gerenciado por
empresas como Visa e MasterCard.
Conforme foi apresentado pela Apple no evento de lançamento, o Apple
Pay serve para evitar que os usuários saiam de casa com uma carteira
cheia de cartões e possam concentrar todos os seus métodos de pagamento
de maneira segura no smartphone.
Para o especialista em produtos da Zoom Paulo Guedes, a nova plataforma
de pagamento é o grande diferencial dos novos aparelhos da Apple. A
plataforma, entretanto, ainda não tem previsão de vir para o Brasil.
— Ele tem algumas diferenciações, mas o principal é realmente a parte
do pagamento, que na realidade ainda é um pouco distante da gente. Aqui
no Brasil nós temos alguns sistemas do tipo, mas que são muito baseados
na internet. E a gente sabe que esse é um ponto em que a gente precisa
evoluir bastante.
Como funciona
Para usar o Apple Pay, o usuário deve cadastrar um cartão de crédito ou
de débito, que pode ser adicionado da própria conta do iTunes, no
Passbook. Para adicionar o cartão e o código no iPhone é possível tirar
uma foto dele com a câmera iSight ou digitar manualmente.
Para efetuar o pagamento, basta aproximar o iPhone do leitor com o dedo posicionado no Touch
O primeiro cartão cadastrado se torna automaticamente seu modo de
pagamento, mas, a qualquer momento, é possível mudar as configurações.
Para pagar usando o Apple Pay não é necessário abrir nenhum aplicativo.
A opção aparece automaticamente enquanto o usuário faz compras na App
Store ou dentro dos apps. Nas lojas físicas, basta aproximar o
smartphone do leitor com o dedo posicionado no Touch ID do iPhone. Não é
necessário desbloquear o dispositivo.
No Apple Watch, que não tem leitor de impressões digitais, é necessário
apertar duas vezes o botão abaixo da chamada “Digital Crown”, que
funciona como o botão home do relógio inteligente, e segurar o
dispositivo próximo do leitor.
Nos Estados Unidos, o Apple Pay será aceito por estabelecimentos famosos como McDonalds, Macy’s, Subway e Starbucks.
Será que vai colar?
Durante a apresentação do Apple Pay, o CEO da Apple, Tim Cook, disse
que a Apple havia acabado de criar um processo de pagamentos
inteiramente novo.
Talvez não seja inteiramente novo. A Samsung já oferece uma opção bem
semelhante ao Apple Pay com seu smartphone Galaxy S5. Em uma parceria
com o PayPal, o aparelho pode ser usado para realizar pagamentos usando
apenas a digital do usuário. Para usar, basta ter uma conta PayPal.
O serviço oferecido pela Samsung com o PayPal, segundo Paulo Guedes, é
mais baseado na internet, não usa NFC e não necessita de senhas. Todos
os dados do usuário são armazenados pelo PayPal.
— O Apple Pay é muito voltado para o NFC. O dispositivo não precisa
necessariamente estar conectado na internet. O leitor vai interpretar
aquela informação e emitir o pagamento.
A dificuldade, segundo Guedes, é fazer com que isso “caia no gosto das
pessoas”. Para isso, a Apple divulga a plataforma como uma ideia de se
livrar dos múltiplos cartões na carteira e beneficiar o usuário e o
consumidor com um método de pagamento seguro.
Eddie Cue, vice-presidente sênior de software e serviços da Apple,
disse durante o evento que a existem “centenas, milhares e milhões de
cartões de crédito em contas no iTunes”. Isso poderia aumentar a
disposição desses usuários em usar a nova plataforma de pagamento.
— Estamos trabalhando duro para levar o Apple Pay para mais países.
Dados da Gartner mostram que as transações via NFC nos Estados Unidos
são as menos usadas entre as transações mobile como SMS, internet mobile
e USSD. Elas também foram as que movimentaram menos dinheiro, cerca de
US$ 4,8 bilhões.
As transações via USSD (Unstructured Supplementary Service Data)
movimentaram, por outro lado, US$ 154,4 bilhões. Pouco conhecida no
Brasil, o USSD é um protocolo usado por celulares para se comunicar com
servidores de computador, é uma espécie de mensagem curta, bem
semelhante ao SMS, mas com a diferença de que cria uma conexão em tempo
real durante uma sessão USSD.
Quem vai usar Apple Pay?
Segundo a diretora de pesquisa da Gartner, Sandy Chen, os principais
usuários do Apple Pay vão ser os usuários interessados em novas
tecnologias que vivem em áreas com boa cobertura de leitores de NFC.
Apesar de não usar a mesma infraestrutura do iCloud, os usuários mais
conservadores podem pensar duas vezes antes de querer aderir ao novo
método, mas Chen afirma que o Apple Pay não usa a mesma infraestrutura
do iCloud.
Para ela, o principal desafio da Apple é provar a consumidores e comerciantes o valor de sua nova plataforma.
— O pagamento sozinho não é suficiente para fazer a troca se o
pagamento por mobile não for tão conveniente quanto os pagamentos por
cartão ou dinheiro são hoje.
A Apple também vai precisar construir um ecossistema de serviços NFC,
que também incluam serviços de não pagamento, como cupons, identificação
pessoal, transporte e controles de acesso no mesmo dispositivo, diz
Chen.
A diretora de pesquisa afirma ainda que a empresa precisa mostrar que
os comerciantes terão benefícios na forma de aumento de receita e
tráfego de pessoas e redução de custos, ainda que eles já estejam
vivendo a migração para métodos de pagamento sem contato.
— A migração está acontecendo a um ritmo próprio e não vai acelerar a menos que tenha incentivos.
http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/apple-tem-desafio-de-atrair-consumidores-e-comerciantes-para-o-apple-pay-15092014
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