É difícil pensar em uma humilhação maior na história desportiva do que o
placar de 7 a 1 da Alemanha contra Brasil, ontem. Em reportagem
publicada hoje, o jornal britânico Financial Times lembra que muitos
times de futebol perderam por 7 a 1, "mas nunca o autoproclamado 'país
do futebol', vencedor de cinco Copas do Mundo, anfitrião e favorito para
o torneio, jogando em uma semifinal".
Para o estatístico norte-americano Nate Silver, citado pelo jornal,
esse era o placar mais inesperado na história da Copa do Mundo, com base
em classificações pré-jogo das equipes.
Simbolicamente, na visão do FT, foi um final apropriado para os longos
anos de boom econômico do Brasil. Mas, em termos desportivos, foi algo
mais específico: o fim da tradição do futebol do Brasil. A frase "joga
bonito" agora pode ser abandonada junto com clichês sobre "futebol e
samba", afirma.
Segundo o período britânico, os brasileiros pararam de oferecer fintas,
dribles e belos gols há muito tempo. Eles devem agora certamente
perceber que o País precisa, mais rápido do que pensa adotar um novo um
estilo "mais europeu, mais alemão", diz o FT. O futebol brasileiro
precisa começar de novo também, idealmente, liderada por treinadores
alemães, emenda o jornal.
Para o FT, depois de os jogadores brasileiros choraram em campo, a
presidente Dilma Rousseff deve se sentir perturbada também, antes das
eleições de outubro. "Ela expressou sua tristeza pela derrota no
Twitter", lembra o jornal. "Não vamos nos deixar alquebrar
(enfraquecer). Brasil, 'levanta, sacode a poeira e dá a volta por
cima'", escreveu ela, citando a letra do conhecido samba "Volta por
cima", de Paulo Vanzolini.
No entanto, historicamente, não há correlação entre o desempenho do
Brasil em Copas do Mundo e o desempenho nas eleições no mesmo ano.
"Muitos têm mantido Dilma responsável pelo desperdício, gastos
excessivos, mas organização relativamente boa do torneio" afirma o FT.
"A responsabilidade pelo 7 a 1 reside, em primeiro lugar, nos jogadores
infelizes da Seleção e seu treinador sem imaginação Luiz Felipe Scolari,
mas, de forma mais ampla, no futebol tradicional desatualizado do
país".
Estadão Conteúdo
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