Se você ainda tinha dúvidas de que os chineses estão falando
sério em promover a colonização da Lua, escute esta: eles acabaram de
realizar um teste de 105 dias de um protótipo do sistema de suporte de
vida de sua primeira base lunar.
Três voluntários — um homem e duas mulheres — foram trancafiados
durante pouco mais de três meses num habitat de 160 metros quadrados
montado na Universidade de Pequim. O experimento foi concluído no dia 20
de maio, e agora os chineses confirmam que tudo transcorreu conforme
suas expectativas.
Pode parecer uma coisa pouco sofisticada, considerando que
astronautas e cosmonautas passam meses e meses “trancafiados” na Estação
Espacial Internacional (ISS) desde 2000. Mas este caso é bem diferente.
O sistema chinês, apropriadamente batizado de Lunar Palace 1 (acredite
se quiser, mas o Palace é um acrônimo para Permanente Astrobase
Life-support Artificial Closed Ecosystem), é fechado. O que isso quer
dizer? Em essência, que o ar e a água são reciclados por mecanismos
internos, e a “tripulação” também produz seus próprios alimentos
localmente.
Nesse sentido, é um sistema muito mais sofisticado que o da ISS, onde
ar, água e alimentos são constantemente reabastecidos a partir da Terra
para a manutenção da habitabilidade. A ideia é que o habitat chinês,
composto por três módulos, seja autossustentável.
AGORA VAI?
Em essência, a ideia se parece muito com a da Biosfera-2, imensa instalação construída no Arizona que tinha a mesma ambição, com a diferença de que no projeto americano tudo que tinha para dar errado deu. No caso chinês, pelo menos nos 105 dias de duração do experimento, aparentemente tudo correu bem.
Em essência, a ideia se parece muito com a da Biosfera-2, imensa instalação construída no Arizona que tinha a mesma ambição, com a diferença de que no projeto americano tudo que tinha para dar errado deu. No caso chinês, pelo menos nos 105 dias de duração do experimento, aparentemente tudo correu bem.
Dos três módulos, dois são dedicados ao cultivo. É dessas plantas,
iluminadas artificialmente, que veio a maior parte da alimentação dos
tripulantes. Como fonte adicional de proteína, os chineses também
cultivavam… minhocas. Yuck! Mas quem experimentou diz que elas têm gosto
de batata frita. Será? Seja qual for o sabor, dizem que elas são uma
ótima fonte de proteínas.
A produção interna respondeu por 55% do total consumido. Os 45%
restantes foram abastecidos de fora e consistiam predominantemente em
carne, segundo a CMSE, Engenharia Espacial Tripulada da China.
O oxigênio era produzido pelas próprias plantas, e a água era
inteiramente reciclada. Fezes viraram adubo. E por aí foi. Com o sucesso
inicial, a ideia é ir sofisticando o sistema para testes em ambiente
espacial — primeiro em órbita terrestre e, futuramente, na Lua.
DE OLHO NA LUA
O programa de exploração lunar chinês continua nos trilhos. O primeiro jipe robótico deles, o Yutu, chegou ao solo do nosso satélite natural em dezembro do ano passado e até agora ainda funciona — embora tenha se tornado uma espécie de “morto-vivo” após o primeiro mês de operações, quando seus sistemas móveis pifaram. Sem poder ir de um lugar a outro, acabou se tornando meio inútil para exploração. Virou basicamente um teste de resistência de seus componentes individuais.
O programa de exploração lunar chinês continua nos trilhos. O primeiro jipe robótico deles, o Yutu, chegou ao solo do nosso satélite natural em dezembro do ano passado e até agora ainda funciona — embora tenha se tornado uma espécie de “morto-vivo” após o primeiro mês de operações, quando seus sistemas móveis pifaram. Sem poder ir de um lugar a outro, acabou se tornando meio inútil para exploração. Virou basicamente um teste de resistência de seus componentes individuais.
A China já planeja um segundo jipe do mesmo tipo para o ano que vem e
a missão seguinte — Chang’e-5 — deve realizar um retorno de amostras,
antes de 2020. O Mensageiro Sideral deu uma olhada no
diagrama da espaçonave projetada para a missão e é de arrepiar — parece
um modelo em miniatura dos módulos lunares do Projeto Apollo, que
levaram os americanos à Lua entre 1969 e 1972!
Está cada vez mais claro que os chineses têm um plano consistente e
metódico para se estabelecer na Lua, possivelmente antes que vejamos o
fim da década de 2020. A essa altura é muito improvável que os primeiros
exploradores a caminhar sobre o solo lunar no século 21 não sejam mesmo
taikonautas.
http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2014/07/02/chineses-a-caminho-da-lua/
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