Médicos explicam que bebida pode provocar alterações cardíacas em quem tem predisposição
Gustavo e MC Gui dividiam o mesmo quarto e eram próximos demais
Eduardo Enomoto/R7
Após a morte do irmão de MC Gui, Gustavo Castanheira, 17 anos de idade,
o pai dos adolescentes, Rogério da Silva Alves, afirmou que o filho
bebeu energético em excesso antes de passar mal. De acordo com laudo do
IML (Instituto Médico Legal), o adolescente sofreu arritmia cardíaca e
parada cardiorrespiratória. Segundo os especialistas ouvidos pelo R7, a bebida pode levar à morte pessoas com predisposição ou doenças cardíacas.
O cardiologista do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas
da FMUSP) Sérgio Timerman explicou que o energético possui substâncias,
especialmente a cafeína, que aceleram os batimentos cardíacos. Quem tem
o coração estruturalmente normal dificilmente poderá ter problemas de
saúde por causa da bebida.
— Em uma pessoa que tem doença do coração, a bebida provoca a alteração
do ritmo cardíaco e pode ser fatal. A arritmia cardíaca pode provocar
um caos elétrico no coração, ou seja, o coração bate, mas não funciona
como uma bomba e, consequentemente, é possível sofrer parada cardíaca.
Cada minuto após a parada significa 10% de chance de morte.
De acordo com o cardiologista Fernando Augusto Alves da Costa, do
hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, muitas vezes, a doença
pode ser “silenciosa”. E, portanto, sem saber, quem abusar dos
energéticos pode se colocar em uma situação de “alto estresse”.
— Não é uma simples consulta com o médico que vai mostrar se a pessoa
tem o coração estruturalmente normal, mas exames subsidiários.
O especialista ainda alerta que pessoas predispostas não deveriam tomar
bebidas como energético. Caso desejem, deve ficar atentas à quantidade
ingerida, já que cada latinha pode ter de 100 mg a 500 mg de cafeína,
dependendo da marca do energético.
— Quem quer ingerir uma bebida desta, deve usar no máximo duas latinhas
de vez em quando. A dose recomendada de cafeína por dia é de 3 mg a 6
mg por quilo de peso. O problema é que a substância tem período de
metabolismo de quatro horas no corpo.
Abuso e misturas
Nos últimos 10 a 15 anos, aumentou a entrada nos hospitais de jovens
com arritmia e pressão alta, de acordo com Timerman. Segundo o
cardiologista, isso é decorrente do novo estilo de vida.
— O problema que o jovem não utiliza apenas o energético, mas ele come
mal, dorme pouco e ainda mistura o energético com outro estimulante,
como o álcool, o café, ou até mesmo outra droga.
Um dos hábitos mais comuns entre os jovens, a mistura entre energético e
álcool pode ser considerada uma "bomba relógio", já que pode levar o
cérebro a entrar em choque, explica o presidente da SBC (Sociedade
Brasileira de Cardiologia), Nabil Ghorayeb.
— O destilado pode deixar a pessoa depressiva e o energético é
estimulante, ou seja, a mistura pode provocar um choque no cérebro.
De acordo com Costa, nestes casos, geralmente, se a pessoa sofrer arritmia cardíaca, será fatal.
— Muitas vezes, o indivíduo não é socorrido a tempo, especialmente em
festas fechadas em que dificilmente há médicos por perto para
atendimento.
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