sábado, 26 de abril de 2014

Doleiro e deputado petista se tratavam como “irmão” e se despediam com “beijo”

 

André Vargas chegou a fazer conexão de voo para entregar óculos a Alberto Youssef, diz PF
PF: André Vargas e Alberto Youssef mantinham relação próxima
 
O relatório da PF (Polícia Federal) sobre a Operação Lava-Jato, que prendeu o doleiro Alberto Youssef e outros envolvidos em um suposto esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, indica que a relação entre ele e o deputado federal André Vargas (PT-SP) era íntima.
 
Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo desta sexta-feira (25) informa que a investigação da PF monitorou 270 mensagens trocadas entre os dois entre 19 de setembro de 2013 e 12 de março de 2014 pelo aplicativo Black Berry Messenger. As interceptações mostram que eles se tratavam por “irmão” e se despediam com “beijo”. Para a PF, “a relação não era superficial”.
 
A proximidade entre Vargas e Youssef era tamanha, segundo a PF, que, certa vez, o deputado petista fez uma parada em São Paulo e pegou uma conexão só para atender a um pedido do doleiro.
 
Em 12 de março de 2014, Youssef diz ter esquecido os óculos de grau na casa dele. Vargas pergunta onde ele está, e Youssef diz que está em “São Paulo”. Para atender ao amigo, Vargas, em trânsito segundo O Estado de S.Paulo, pousa na capital paulista e entrega o óculos ao doleiro.
 
O diário traz também a informação veiculada ontem, de que o ex-ministro da Saúde e possível candidato ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, teria indicado o nome do executivo Marcus Cezar Ferreira de Moura para comandar o Labogen Química Fina e Biotecnologia.
 
Escuta da PF mostra que Vargas se referia a Padilha como “PAD”. Em contato no dia 26 de novembro de 2013, Vargas pede a Youssef para reservar uma suíte em um hotel da rede de hotel Blue Tree — unidade que pertence a Youssef, segundo a PF. Vargas afirma que “ele [Padilha] vai marcar um a agenda comigo”. O doleiro, segundo a PF, responde: “ótimo”. Youssef comemora a atitude do deputado petista: “precisamos estar presentes”.
 
A PF acredita que o laboratório pertença a Alberto Youssef e André Vargas tenha participação no Labogen — o que ainda não foi constatado. Com a ajuda de Vargas, Youssef tentou fechar um acordo de R$ 31 milhões para o laboratório fornecer medicamentos para o Ministério da Saúde. A pasta, porém, não fechou o convênio.
 
Ontem, o ex-ministro Alexandre Padilha se defendeu da suposta ligação com o doleiro. A assessoria do petista divulgou uma nota, afirma que Padilha “repudia o envolvimento do seu nome e esclarece que não indicou nenhuma pessoa para a Labogen”.
 
Depois, o comunicado informa que o ex-ministro criou “filtros e mecanismos de controle” para combater fraudes e informa que a “prova maior” de que nunca houve ligação com o doleiro é o não fechamento do contrato do ministério com o Labogen
 
Outros envolvidos
A PF suspeita ainda que outros políticos petistas mantinham relacionamento com o doleiro Alberto Youssef. Segundo a PF, o doleiro pode ter se encontrado com Vargas no apartamento funcional do ex-líder do governo na Câmara, Vicente Cândido (SP).
 
Um grampo da PF indica ainda que o doleiro mantinha remações com o deputado federal Cândido Vacarezza (PT-SP). Em 25 de setembro de 2013, o doleiro alerta a Vargas que chegou em Brasília e diz: “achei que você estivesse aqui na casa do Vacarezza”.
 
As ligações entre os deputados petistas Cândido Vacarezza e Vicente Cândido com o doleiro, porém, ainda estão em fase de apuração pela PF e são somente suposições
 

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