quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Vizinho de pai que pulou do 13º andar com o filho fala sobre o desespero da criança


“Papai, não pula, papai. Eu quero a mamãe”, pediu menino, segundo relato da testemunha


Célia também implorou para o marido soltar o filho Ivan, de 6 ano

Um vizinho que mora ao lado do apartamento de onde o pai pulou com o filho de 6 anos no colo do 13º andar testemunhou o desespero da criança minutos antes da tragédia. “Papai, não pula, papai. Eu quero a mamãe”, implorou o pequeno Ivan Pesquero de Mattos para o pai, o professor de inglês Edemir de Mattos, de 52 anos. Pai e filho morreram.


Adriano ouviu a discussão entre Edemir e a mulher, a engenheira química Célia Regina Pesquero, de 49 anos. O professor de inglês já tinha agredido a mulher, que sofreu fratura no maxilar. Adriano foi até a varanda de seu apartamento e viu a perna do professor para fora. “Ele estava sentado em um banquinho, com as pernas para fora”, disse Adriano, que no começo não sabia que o vizinho estava com o filho no colo. O vizinho tentou negociar com Edemir, que não queria conversa.

“Ele estava com o olho vermelho. Tinha um olhar parado. Olhava para o nada, sem ouvir ninguém”, afirmou Adriano. Logo depois de perceber que Edemir estava com o filho no colo, Adriano cortou a tela de proteção de sua janela e esticou seu corpo para conversar melhor com o professor e tentar convencê-lo a sair da sacada. “Saí daqui, não entra aqui”, gritou Edemir para Adriano.

O vizinho contou que ficou comovido ao ouvir a criança pedir para o pai não pular. “Foi a coisa mais impressionante do mundo. Parece que ele queria viver”, comentou Adriano. Ele também escutou Célia pedir para o marido largar o filho. “Mas ela estava com a voz muito fraca. Tinha apanhado muito. Depois da tragédia, vi a Célia passando pelo hall do prédio e percebi que o rosto dela estava desfigurado”, disse Adriano.

Casados há sete anos
Após a tragédia, testemunhas conseguiram entrar no apartamento do casal e socorrer a mulher, que segundo o boletim de ocorrência, sangrava muito e tinha hematomas no rosto. Policiais militares levaram a vítima para o hospital.

Ela contou à polícia que era casada há cerca de sete anos com Mattos e que sempre apanhava. Contou também que ele era traumatizado por não poder ver a filha que tinha de outro casamento.

A mulher está internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Municipal Antônio Giglio e de acordo com a Secretaria de Saúde de Osasco passa por avaliação médica e aguarda resultado de exames para o fechamento do diagnóstico.

O caso foi registrado como violência domestica, lesão corporal, homicídio simples e suicídio no 5º Distrito Policial e será encaminhado ao 9º DP.

Foi realizada perícia no apartamento do casal e do comerciante. Na sacada, foi encontrada uma faca, provavelmente usada por Mattos para cortar a tela de proteção. O objeto foi encaminhado para a perícia.

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